Categoria Geral  Noticia Atualizada em 16-08-2011

Família de juíza recebe ligações com informações sobre crime
Para parentes, telefonemas podem ser uma tática para confundir investigação
Família de juíza recebe ligações  com informações sobre crime
Foto: noticias.r7.com

Familiares da juíza Patrícia Acioli, assassinada com 21 tiros na porta de casa sexta-feira (12) de madrugada, em Niterói, região metropolitana do Rio, têm recebido ligações anônimas com informações sobre o crime. Apesar de detalhes, inclusive com acusações contra policiais militares de um batalhão da região, os parentes da magistrada temem que os telefonemas sejam uma tática para confundir a investigação.

Um familiar disse que uma das ligações informava que uma das armas que os criminosos usaram para matar a juíza estaria em uma batalhão da região.

Em outro telefonema, a pessoa chegou a dizer que na noite do assassinato, os dois homens que estavam em uma moto teriam seguido a juíza desde o fórum de São Gonçalo, também na região metropolitana do Rio, até a casa dela, em Niterói.

Protesto

Em um protesto marcado por emoção e revolta, familiares, amigos e colegas de trabalho da juíza, assassinada se amordaçaram e jogaram rosas na calçada em frente à 4ª Vara Criminal de São Gonçalo, na região metropolitana do Rio, na manhã de segunda-feira (15).

Patrícia foi morta com 21 tiros na porta de casa, no bairro Piratininga, em Niterói, também na região metropolitana do Rio. Ela já teria enviado mais de 60 policiais militares e milicianos para a prisão, segundo o Tribunal de Justiça do Rio, e era responsável por julgar casos de homicídio, autos de resistência, quadrilhas de transporte alternativo, bicheiros e outras contravenções.

Com panos pretos amarrados na boca, muitos familiares e amigos choravam sentados no meio fio em frente a uma grande faixa colocada que trazia a pergunta: "Quem silenciou a voz da Justiça?".

Panos pretos foram pendurados nas janelas do prédio onde funciona a 4ª Vara. O protesto reuniu cerca de 50 pessoas, incluindo representantes da OAB-RJ (Ordem dos Advogados do Brasil) e familiares da engenheira Patrícia Amieiro, que desapareceu há cerca de três anos em circunstâncias ainda não esclarecidas.

O presidente da organização não-governamental Rio de Paz, Antônio Carlos da Costa, disse acreditar que os autores da emboscada contra a juíza tenham confiado na impunidade.

- Era uma mulher corajosa. É mais uma perda para o Estado do Rio.

Força-tarefa de juízes

Na segunda-feira (15), foi anunciada uma força-tarefa formada por três juízes criminais que vão assumir o comando da 4ª Vara Criminal de São Gonçalo. O objetivo é fazer uma varredura em todos os casos que estavam sob a responsabilidade da juíza para tentar apurar a possibilidade de alguma ligação entre os réus dos processos com o assassinato.

Policiais da DH (Delegacia de Homicídios), que investigam a morte da magistrada, fazem novas diligências nesta segunda e também irão ao fórum de São Gonçalo. Os endereços visitados por eles não foram divulgados. Por ordem da chefe de Polícia Civil, delegada Martha Rocha, a investigação está sendo tratada com muito sigilo. O agente penitenciário, com quem Patrícia teve um relacionamento amoroso, teve prestar depoimento nesta segunda na DH.

Conhecida como linha-dura, a magistrada combatia milicianos, máfia de vans e grupos de extermínio que atuavam na região. Na agenda da juíza estava marcada para esta terça-feira (16) o julgamento de quatro PMs acusados de participar de um grupo de extermínio que teria assassinado o barbeiro Douglas Cabral Fidélis, 21 anos.

A magistrada havia recebido pelo menos quatro ameaças graves nos últimos cinco anos. Quando era defensora pública na Baixada Fluminense, chegou a sofrer um atentado. Seu nome também fazia parte de uma lista de 12 pessoas supostamente marcadas para morrer. O documento foi apreendido com um integrante de um grupo de extermínio que atua em São Gonçalo. Patrícia dispensou escolta em 2007, após iniciar namoro com um policial militar, o cabo Marcelo Poubel.

Máfia das vans tramava morte

Em 2009, a Polícia Federal informou a juíza que integrantes da máfia das vans de São Gonçalo estariam tramando sua morte e as de seus familiares.

Policiais da DH investigam se o assassinato de Anderson Marinho de Oliveira, conhecido como Portuguesinho, de 36 anos, sexta-feira (12) à noite em São Gonçalo, um dia depois de Patrícia ser morta, tem relação com o assassinato da magistrada. Ele era acusado de pelo menos três homicídios e suspeito de integrar um grupo de extermínio que atua nos bairros Venda da Cruz e Tenente Jardim.

Anderson possuía uma extensa ficha criminal e foi preso mais de dez vezes. A última foi em maio, quando foi reconhecido como um foragido da Justiça pelo promotor Paulo Roberto Mello Cunha, da 4ª Vara Criminal de São Gonçalo, em uma blitz policial.

Fonte: noticias.r7.com
 
Por:  Wellyngton Menezes Brandão    |      Imprimir