Categoria Esportes  Noticia Atualizada em 25-08-2011

Cinco mil pessoas assistem os treinos do UFC Rio
Mesmo sob chuva, cinco mil pessoas comparecem às areias de Copacabana para acompanhar treinos a céu aberto do UFC Rio. Com direito à 'geral de Maracanã', os dois esportes se fundem e agradam os lutadores
Cinco mil pessoas assistem os treinos do UFC Rio
Foto: www.superesportes.com.br

Rio de Janeiro — Os lutadores de MMA (mixed martial arts, em inglês) acreditavam que, com a chegada do Ultimate Fighting Championship (UFC) ao Brasil, o esporte cairia de vez nas graças dos brasileiros. No último evento, na Filadélfia, Vitor Belfort se empolgou ao dizer que em três anos a modalidade superaria o futebol em popularidade. Mas, em vez de substituir ou mesmo comparar um ao outro, o que se viu ontem nas areias de Copacabana, no primeiro treino aberto realizado em uma praia, foi uma mistura saudável entre luta e futebol.

Nem a insistente chuva que teimou em cair no Rio de Janeiro afastou o público, disposto a ver de perto os lutadores e os golpes antes só acompanhados pela tevê. De acordo com os organizadores do evento, cinco mil pessoas estiveram no octógono adaptado para conferir Anderson Silva, Rodrigo Minotauro e Maurício Shogun em Copacabana. Em meio aos desorganizados gritos e protestos característicos do público do MMA, no Brasil os cantos ensaiados entoados pelos presentes chamaram atenção.

Influenciados pelos próprios lutadores, que fecharam contrato com equipes do esporte número um do país para o UFC Rio, eles aproveitaram a oportunidade para tirar um sarro utilizando o futebol. Principal personagem do MMA no Brasil, Anderson Silva e sua equipe chegaram ao local embrulhados em agasalhos do Corinthians. Prontamente a rivalidade do futebol falou alto e ele foi surpreendido com gritos de "Mengo" dos milhares de fãs. Após alguns sorrisos e pedidos de apoio aos brasileiros no evento, Anderson disse que gostou do clima diferente.

"Foi bem legal esse primeiro contato. Deu para sentir toda a energia do povo brasileiro. Representar o Corinthians para mim é a realização de um sonho. Quando era pequeno fiz um teste para ser lateral-esquerdo, mas não consegui passar", brincou o lutador. Ao ser questionado se havia ouvido os gritos dos torcedores rivais, Anderson abriu um largo sorriso.

Sem dúvida o mais animado por estar no card do evento no país de origem, Rodrigo Minotauro foi o único a quebrar todos os protocolos e ir cumprimentar os torcedores, que ficaram afastados por uma grade. "Eu sou assim, do povo", explicou o lutador de 35 anos, uma verdadeira lenda do octógono.

Assim como Vitor Belfort havia feito na Filadélfia, ontem foi a vez de Minotauro falar que o MMA tem tudo para se tornar grande no país. Mais contido que o companheiro, ele evitou falar em ultrapassar a preferência dos brasileiros pelo futebol. Vestido com o uniforme do Internacional, ele comemorou a curiosa fusão entre o futebol e o MMA. "Eu nunca vi coisa igual. Esse é o clima de torcida de futebol, por isso vim com a camisa do Inter. O Anderson é do Corinthians, eu, do Inter, o José Aldo, do Flamengo... O futebol é um esporte de massa e o UFC já mostrou que também é", avaliou.

Nitidamente tomado pelo calor dos brasileiros, Minotauro confessou. "Eu nunca vi uma coisa igual. O mais próximo disso ocorreu na época do Pride, no Japão. Mas nem assim chegou a isso tudo", vibrou o lutador, que depois subiu no octógono para mostrar um pouco de suas habilidades.

Nem sempre de coração
Ao contrário de Anderson Silva, que se declara corintiano roxo, Rodrigo Minotauro titubeou na hora de revelar o time de coração. Vestido com a camisa do Internacional, ele confessou que gosta de pelo menos outros dois times: "Sou Vitória na Bahia e Vasco no Rio", disse. No passado, Minotauro chegou a ser patrocinado pelo Vasco. "Foi um patrocínio muito legal e conquistamos bons títulos", recordou.

Acerto recente
A fusão entre futebol e MMA começou em agosto, com Anderson Silva. Depois que o Spider acertou com o Corinthians, no início do mês, outros clubes e lutadores seguiram o mesmo caminho. O brasiliense Paulo Thiago, que também luta no Rio, acertou com o Cruzeiro. Na sequência foi a vez de Rodrigo Minotauro fechar com o Inter.

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A geral mudou de lugar



As semelhanças entre o MMA e o futebol não ficaram restritas aos gritos e à paixão dos brasileiros. As figuras inusitadas que viraram marca registrada da geral do Maracanã estiveram presentes ontem nas areias de Copacabana. O torcedor do Botafogo, por exemplo, com certeza se recorda de Francisco de Assis, mais conhecido como Jamaica Maratonista. Grudado à grade que separava o octógono do público, ele revelou ao Correio que também é amante das artes marciais.

"Eu vim correndo do trabalho para poder chegar a tempo. Falei para o meu chefe que estava com um problema e ele me liberou. Gosto demais disso aqui. Em casa eu fico até de madrugada assistindo. Minha mulher não aguenta e vai dormir", diverte-se o botafoguense, que arrumou acessórios especiais para formar a geral do UFC.

Com meias do Botafogo nas mãos como se fossem luvas, ele incrementou o figurino. "Ficou legal, não ficou? Se vierem de graça eu desço a mão. Agora eu sou o Jamaica Pugilista", brincou Francisco. Em meio à animada aglomeração estava outra figura bem conhecida da geral do Maracanã: o anjo da paz do Flamengo, Marcelo Nuba, que chegou a lançar um livro sobre seu personagem.

Muitos jovens e mulheres também compareceram ao evento. Fiama Almeida, de 16 anos, disse que não conseguiu ingresso e achou a oportunidade perfeita para chegar perto dos ídolos. "Não tem nem comparação. Ver por aqui é muito melhor. Eu queria era um ingresso, mas não consegui comprar. Mesmo assim, não desisti", garante a torcedora.

A pressão já começou
As lutas do UFC Rio só serão no sábado, mas os estrangeiros que terão a ingrata missão de desafiar os donos da casa na capital carioca já começaram a conhecer a torcida brasileira. Ontem, o norte-americano Forrest Griffin, adversário de Maurício Shogun, contou que chegou a ser ameaçado por um torcedor mais exaltado, que teria dito em um inglês mais ou menos — segundo o próprio Griffin — que ele iria morrer. Sempre descontraído, o lutador ignorou a provocação e disse estar mais preocupado com Shogun.

Estatísticas e curiosidades
Com aproximadamente cinco mil pessoas acompanhando os treinos abertos do UFC Rio ontem, é possível fazer mais uma comparação com o futebol. E levando-se em conta os anos de tradição do esporte favorito dos brasileiros, o MMA fez bonito na capital carioca. Nos últimos dois jogos do Fluminense no Engenhão, o público foi semelhante ao de ontem na praia de Copacabana. Em 17 de agosto, o tricolor enfrentou o Figueirense e apenas 5.765 pessoas foram ao estádio. Em 4 de agosto, o duelo foi contra o forte Internacional e somente 6.399 compareceram. Vale lembrar ainda que os 14 mil ingressos para o UFC Rio foram vendidos em 74 minutos.

Cambistas cobram caro
Frequentadores assíduos dos estádios de futebol e shows no Brasil, os cambistas também estão atentos ao crescimento do MMA no país. Ontem, segundo reportagem do UOL, alguns deles foram vistos na HSBC Arena, local do evento, oferecendo ingressos para o UFC Rio. O preço? Os mais caros, em lugares próximos ao octógono, saíam pela bagatela de R$ 4 mil. Nas arquibancadas, que tinham o preço original a partir de R$ 275, não eram vendidos por menos de R$ 1.500.

O que a gente viu
Embora o som dos gritos de "Mengo" tenha sido alto na hora em que Anderson Silva subiu ao octógono, os fones de ouvido que o Spider usava acabaram abafando. A pedido do Correio, o lutador Pedro Rizzo, um dos treinadores do campeão da categoria médio, perguntou qual era o som nos ouvidos de Anderson naquele momento e ele revelou: "É o som do celular dele. Ele gosta de tudo, ouve de tudo. Mas era Michael Jackson. Esse ele adora."

Fonte: www.superesportes.com.br
 
Por:  Wellyngton Menezes Brandão    |      Imprimir