Categoria Economia  Noticia Atualizada em 25-08-2011

Apple enfrenta desafio de seguir revolucionária sem Jobs
Fundador renuncia à presidência da empresa, transformando em definitivo o afastamento temporário para tratamento de saúde
Apple enfrenta desafio de seguir revolucionária sem Jobs
Foto: /economia.ig.com.br

De licença médica desde 17 de janeiro, Steve Jobs, fundador da Apple, anunciou ontem que deixará definitivamente a presidência da companhia depois de 14 anos no comando. Seu destino continuará ligado à empresa, como consultor ou possivelmente na presidência do conselho de administração. Ele será substituído por Tim Cook, diretor de operações da companhia, que exercia o posto interinamente.

A reação no mercado será observada com mais detalhes hoje, já que o anúncio ocorreu depois do fim do pregão. Ontem, em negociações após o fechamento, os papéis haviam se desvalorizado em cerca de 7%. Alguns investidores, porém, diziam ontem que uma possível saída de Jobs já havia sido precificada nas ações ao longo do último ano, e Cook seria considerado um sucessor preparado para assumir o comando de forma definitiva.

A decisão do fundador da maior empresa do mundo em valor de mercado foi dada através de uma carta enviada para os integrantes do conselho. "Eu sempre disse que, quando chegasse o dia em que não pudesse mais cumprir minhas obrigações e expectativas como CEO da Apple, vocês seriam os primeiros a saber", afirmou no texto assinado de Cupertino (Califórnia), sede da companhia.

Em seguida, Jobs indicou que poderia assumir um novo papel, caso necessário. "Eu renuncio ao cargo de CEO da Apple e gostaria de servir, caso o conselho ache necessário, como presidente do conselho, diretor e empregado da Apple", afirmou o fundador da empresa em uma nota que, na avaliação de muitos, reflete sua personalidade. Ele acrescentou que recomendava ao conselho que nomeasse Tim Cook como CEO.

Aos 55 anos, Jobs continua em tratamento médico e não há informações claras de como está a sua saúde. Neste ano, ele apareceu publicamente em março, para lançar o iPad 2, no lançamento do iCloud, em junho, e também esteve presente em um jantar organizado pelo presidente Barack Obama. Nessas ocasiões, o fundador da Apple, sempre vestido com jeans e camiseta de gola alta preta, estava bem mais magro, apesar de apresentar disposição, sem deixar transparecer algum problema.

Em 2004, Jobs foi submetido a uma cirurgia para tratamento de câncer no pâncreas. Cinco anos mais tarde, precisou realizar um transplante de fígado. Os dois procedimentos são complicadíssimos e de elevado risco para a vida do paciente. No início deste ano, ele voltou a pedir um afastamento para tratamento médico, sem fornecer detalhes sobre suas condições de saúde.

A Apple tem 35 anos e foi fundada por Jobs, então com 21 anos, e Steve Wozniak, de 25. A empresa revolucionou o mercado de tecnologia ao introduzir o Macintosh, em 1984.

Porém, Jobs deixaria a empresa em 1985, depois de perder uma disputa de poder com o executivo John Sculley, que ele mesmo havia trazido da Pepsico pouco tempo antes.

Depois de um período trabalhando em outros projetos - inclusive numa empresa nascente que acabou se transformando no estúdio de cinema Pixar, famoso por desenhos animados como Toy Story e Carros -, o fundador foi convidado a voltar à companhia em 1997. Nesta época, depois de vários lançamentos infelizes, a empresa era considerada falimentar e vivia à sombra de concorrentes como a Microsoft.

Revolução

Aos poucos, com novos lançamentos, a Apple voltou a se consolidar como uma companhia inovadora tanto em tecnologia quanto em design. O iPod revolucionou a forma de as pessoas ouvirem música. O iPhone transformou-se no mais bem sucedido aparelho celular de toda a história. E o iPad foi o último produto a transformar a vida dos consumidores, que cada vez mais deixam os PCs de lado e optam por tablets.

Nos Estados Unidos, alguns clientes da Apple veem a marca quase como uma religião, tratando Jobs como guru. Eles enfrentam filas gigantescas para comprar produtos no dia do lançamento. As lojas viraram pontos turísticos. A filial da Apple na Quinta Avenida é dos lugares mais visitados em Nova York, rivalizando com Empire State Building e Estátua da Liberdade.

Fonte: /economia.ig.com.br
 
Por:  Wellyngton Menezes Brandão    |      Imprimir