Categoria Geral  Noticia Atualizada em 01-09-2011

Filme de Polanski tem boa recepção em Veneza
Um grupo de garotos brinca em um parque à beira do East River, em Nova York, até que um deles ataca outro com um galho.
Filme de Polanski tem boa recepção em Veneza
Foto: www.pernambuco.com

Um grupo de garotos brinca em um parque à beira do East River, em Nova York, até que um deles ataca outro com um galho. A sequência inicial é a única rodada ao ar livre em Carnage, o novo filme de Roman Polanski, grande atração desta quinta-feira, segundo dia de competição do Festival de Veneza. O drama cômico que se segue, durante o qual se discutem as causas e consequências do ato de violência juvenil, se passa nos limites do apartamento dos pais de um dos jovens, exatamente como descrito na peça original de Yasmina Reza (Deus da carnificina), que serviu de base para o novo longa do diretor franco-polonês, recebido com aplausos calorosos pela plateia de jornalistas.

O filme de Polanski preserva a estrutura e o tom teatral do texto da premiada escritora e dramaturga francesa, já encenado em diversas partes do mundo. Ao optar por uma adaptação mais próxima do literal, o diretor transforma o apartamento novaiorquino em palco para as deliciosas performances de seus quatro protagonistas, Kate Winslet, Jodie Foster, John C. Reilly e Christoph Waltz.

Embora ambientado no bairro americano, Carnage foi rodado em Paris, já que Polanski está impedido de entrar nos EUA e de circular livremente pela Europa, porque ainda responde à acusação de estuprar uma adolescente em Los Angeles, em 1977 — em 2009, o autor de O escritor fantasma foi preso a caminho de um festival de cinema na Suíça e aguardou a sentença sobre sua extradição em prisão domiciliar.

A sensação de assistir a uma peça filmada é confirmada por seus intérpretes, que defenderam o filme em Veneza ao lado de Yasmina e Alexandre Desplat, compositor da trilha sonora, sem a presença do diretor.

"Era exatamente como se estivéssemos fazendo uma peça. Ensaiávamos um pouco antes de fazer as cenas do dia e toda a história era filmada em ordem cronológica. Acho que nenhum de nós havia feito algo parecido antes", contou Kate, com entusiasmo. "Eu já havia assisto à peça da Yasmina na Broadway. Só fiquei preocupada se eu faria a minha personagem tão engraçada quanto a que vi."

"Nós trabalhamos juntos em diferentes aspectos dos ensaios e das filmagens, sempre mantendo o jeito de interpretação de cada um. Tudo era repassado e revisto todos os dias. Acho que poderíamos ir direto do set a um teatro", brincou Waltz.

A trama reúne duas famílias de classe média alta que revelam suas contradições e preconceitos enquanto tentam chegar a um acordo sobre a briga de seus filhos. De um lado estão o advogado Alan (Waltz) e sua mulher, Nancy (Kate), pais do agressor; do outro, a escritora liberal Penelope (Jodie) e o marido, Michael (Reilly), um vendedor de peças e engrenagens domésticas. Ao longo de quase uma hora e meia, a conversa civilizada cede lugar a acusações, revelando hipocrisias de ambas as partes. O desfecho é menos pessimista do que o descrito na peça de Yasmina.

"Roman, que trabalhou na adaptação comigo, queria um final que desse alguma esperança às gerações futuras", confirmou ela.

O outro candidato do dia, Warriors of the rainbow: Seediq Bale, de Wei Te-Sheng, foi recebido com frieza. O filme, produzido por John Woo, descreve a revolta de tribos aborígines de Taiwan contra os japoneses, que ocuparam a ilha entre 1895 e 1945. Realizado com US$ 24 milhões e alternando sequências de batalha e angústia espiritual, o filme recupera um capítulo obscuro da ex-colônia.

Com a ausência de Polanski, quem roubou mesmo as atenções foi Madonna, que exibiu W.E., seu segundo trabalho como diretora, fora de competição. Hospedada no luxuoso hotel Bauer, em Veneza, longe das multidões, a popstar parecia estar no Lido para sentir a repercussão de seu longa junto à imprensa. W.E. recria o romance entre Edward, herdeiro do trono inglês, e a divorciada Wallis Simpson, nos anos 30, aos olhos de uma jovem novaiorquina, hoje.

"Sempre tive curiosidade de descobrir a razão que levou Edward a abdicar do poder por amor. Meu filme tenta encontrar uma resposta para essa questão", elaborou Madonna nesta quinta, à imprensa estrangeira.

Por Carlos Helí de Almeida, especial para a Agência O Globo

Fonte: www.pernambuco.com
 
Por:  Wellyngton Menezes Brandão    |      Imprimir