Categoria Ciência e Saúde  Noticia Atualizada em 02-09-2011

Vacina injetável deve substituir gotas na prevenção contra pólio, diz médico
Versão por gotas traz risco mínimo de efeito adverso. Países desenvolvidos já não utilizam mais as gotinhas da vacina Sabin.
Vacina injetável deve substituir gotas na prevenção contra pólio, diz médico
Foto: www.g1.com

As gotinhas usadas normalmente no Brasil para combater a paralisia infantil (poliomielite) devem ser substituídas no futuro pela versão injetável da vacina.

Conhecida como Sabin, a vacina oral contém um vírus atenuado da doença e foi responsável por erradicar a doença no país há 20 anos após campanhas de vacinação.

O motivo apresentado por médicos e pelo Ministério da Saúde são as reações adversas causadas pela Sabin, que ficou popularizada no Brasil pelo personagem Zé Gotinha. O caso de uma criança de um ano e quatro meses em Pouso Alegre, no sul de Minas Gerais, talvez tenha sido mais um exemplo. Diagnosticada pelo médico Walter Luiz Magalhães como portadora de paralisia intensa e flacidez nas pernas e no braço direito - sintomas que podem ter sido causados pelo vírus da poliomielite.

"Especialmente durante a administração das primeiras doses, o vírus pode sofrer uma mutação no intestino e retomar a habilidade de causar a doença", explica Renato Kfouri, médico e presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIM) ao G1. "A ideia de substituir vem exatamente por causa deste tipo de notificação."

A troca já foi adotada em países como Estados Unidos, Canadá, Austrália e europeus. A subtituição do uso da Sabin pela versão injetável - conhecida como Salk - é uma orientação da Organização Mundial da Saúde (OMS), mas deveria ser feita somente quando fosse constatada a erradicação total do vírus no mundo.

Apesar da ameaça, os efeitos adversos das gotinhas são raríssimos. Segundo o Ministério da Saúde, a cada 3 milhões de doses orais aplicadas em crianças em todo o mundo, somente uma irá causar poliomielite. No Brasil, foram 46 casos de paralisia infantil pós-vacina nos últimos 10 anos, de um total de 457 milhões de doses aplicadas até hoje no país. No mundo, são 500 casos por ano de paralisia após a vacina Sabin.

O último caso confirmado de contaminação pelo vírus selvagem no Brasil aconteceu na cidade de Souza, na Paraíba, em 1989. O vírus ainda é ativo em 26 países no mundo como Índia, Nigéria e Paquistão.

Caso de Pouso Alegre
Sidnéia Branco Teixeira, de 38 anos, afirma que seu filho começou a desenvolver os sintomas da doença em novembro de 2010, dias após receber a terceira vacina administrada por via oral (gotas). Segundo a mãe, Otávio teve febre uma semana após a dose e começou a perder os movimentos da perna 15 dias depois.

Casos de contaminação pela vacina devem ser comunicados obrigatoriamente ao Ministério da Saúde em até 48 horas. Segundo o órgão, no caso da criança de Pouso Alegre, a notificação apenas no dia 12 de agosto. A demora, segundo o órgão, impede ações de vigilância e dificulta saber se a doença - caso seja confirmada como poliomelite - foi causada pelo vírus atenuado da vacina ou por um vírus selvagem.

Ainda que nada pudesse ser feito para reverter a doença, o Ministério da Saúde alerta que comunicar rapidamente poderia servir como um dado de saúde pública importante. A análise das fezes da criança também poderiam ajudar na identificação das causas da paralisia, mas esse procedimento teria de ser realizado rapidamente.

Planos para substituição
O Ministério da Saúde anunciou no final de agosto que estudava substituir a vacina em gotas contra a doença pela imunização por injeção. Para o órgão, a vacina Salk - administrada dentro do músculo - é melhor que a Sabin, pois é feita com o vírus morto. O fato do micro-organismo estar inativo impediria o surgimento da poliomielite entre os vacinados.

Mesmo cogitando realizar a substituição, o Ministério da Saúde reconhece que somente a vacinação em gota poderia realizar o trabalho de erradicação da doença no país, já que a aplicação das gotas é muito mais simples e possui a vantagem de imunizar indiretamente toda a população por meio da circulação do vírus atenuado - eliminado na natureza por meio das fezes das crianças que receberam as doses.

Fonte:

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Por:  José Rubens Brumana    |      Imprimir