Categoria Geral  Noticia Atualizada em 06-09-2011

Após moradores, mototaxistas também protestam no Alemão
Grupo reclamou do rigor na cobrança de documentos na comunidade. Segundo coronel, alguns mototaxistas acabaram detidos após agitação.
Após moradores, mototaxistas também protestam no Alemão
Foto: g1

Depois da manifestação de moradores do Conjunto de Favelas do Alemão, na Zona Norte do Rio, cerca de 30 mototaxistas também fizeram um protesto na comunidade durante a noite de segunda-feira (5). De acordo com o coronel Nilson Maciel, Chefe de Estado Maior da Força de Pacificação, eles protestaram contra o rigor na cobrança de documentação.

Segundo o coronel, alguns manifestantes se exaltaram e começaram a correr e fazer manobras perigosas com as motocicletas. A agitação assustou moradores, que denunciaram o caso na sede da Força de Pacificação.

"Colocamos o policiamento reforçado e fizemos algumas detenções", explicou Maciel. Segundo ele, sete mototaxistas foram detidos no local. Na Avenida Itaoca, sacos de lixo foram incendiados em dois pontos da via.

Após o protesto, no entanto, não foram registrados outros tumultos durante a madrugada, segundo a Força de Pacificação. Nesta terça-feira (6), o patrulhamento segue normal na comunidade.

Exército e MPF vão investigar excessos
Os protestos na segunda-feira (5) aconteceram um dia após uma confusão envolvendo moradores e militares da Força de Pacificação, que terminou com três detidos e uma mulher ferida.

O Exército e o Ministério Público Federal (MPF) informaram que vão investigar se os soldados cometeram excessos.

A comunidade estendeu faixas em várias ruas do morro em protesto contra a ação do Exército. Em uma delas os moradores dizem que foram humilhados, e comparam o comando do Exército ao de uma facção criminosa. Eles dizem que os soldados foram violentos com jovens que estavam em um bar, assistindo a um jogo de futebol pela televisão.

Segundo o Exército, a confusão, no domingo (4), começou quando dez integrantes da tropa da Força de Pacificação faziam uma ronda a pé pela comunidade e um homem, que assistia a um jogo de futebol em um bar, começou a hostilizá-los. O episódio ocorreu a 50 metros da estação do teleférico Itararé e foi gravada por um morador, que postou o vídeo no You Tube.

De acordo com o coronel Maciel, os militares deram ordem de prisão a um homem por desacato a autoridade. O coronel afirmou que outras pessoas que o acompanhavam teriam se revoltado com o ato, e agrediram a tropa com garrafas e pedras. Os soldados usaram spray de pimenta e deram tiros com balas de borracha.

Comandante do Exército reconhece desgaste
A previsão inicial era de que o Exército ocupasse o Alemão por seis meses. No entanto, o prazo foi prorrogado para oito meses, e agora só deve deixar a comunidade no fim do primeiro semestre de 2012. O próprio comandante do Exército reconhece que a relação entre moradores e soldados já sofreu um desgate.

"O desgaste é natural, quanto maior a nossa permanência, maior o desgaste. Mas isso é administrável, nós temos como administrar, orientando o nosso pessoal, fazendo o rodízio das tropas que aqui estão e tratando não só das ações repressivas e policiais", disse o general César Leme Justo, da Força de Pacificação.

O Ministério Público Federal também nvestiga um outro episódio que aconteceu há mais de um mês, na Vila Cruzeiro, também na Zona Norte. Soldados usaram spray de pimenta e balas de borracha contra moradores.

Confusão na Cidade de Deus
Em outra comunidade pacificada, a Cidade de Deus, em Jacarepaguá, na Zona Oeste, também houve confusão. Na madrugada desta segunda-feira (5), um grupo de pessoas que voltava de um baile funk atacou a Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) com pedras e pedaços de pau. Um PM ficou ferido após ser atingido por uma pedrada na cabeça

As explicações para o tumulto têm versões diferentes. Os moradores acusam os policias de truculência. Já a PM diz que investiga a suspeita de que o grupo tenha agido sob o comando de traficantes. A Polícia Militar afirmou, ainda, que uma garrafa de cerveja lançada pelo grupo acabou acertando e quebrando uma vidraça nos fundos da UPP. Ninguém foi preso.

A antropóloga Alba Zaluar diz que é preciso preparar melhor os homens que cuidam das comunidades pacificadas: "Os soldados do Exército nós sabemos que não tiveram uma preparação para isso ou tiveram muito pouca preparação. O uso excessivo da força acaba com a confiança na polícia", disse ela.


Fonte:

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Por:  Wellyngton Menezes Brandão    |      Imprimir