Ativistas disseram que multidão tomou parte de uma passeata em Homs. Houve também protestos em subúrbios da capital, Damasco.
Foto: www.g1.com Manifestantes sírios pediram nesta sexta-feira (9) proteção internacional contra a repressão militar aos protestos pelo fim do regime do presidente Bashar al-Assad, que já duram quase seis meses.
Ativistas disseram que uma grande multidão tomou parte de uma passeata na cidade de Homs, onde os militares e milicianos leais a Assad fizeram investidas esta semana em vários bairros, e na cidade de Deir al-Zor, que foi tomada por tanques no mês passado.
Houve também protestos em subúrbios da capital, Damasco, na região curda, situada no nordeste do país, na província de Idlib, que fica a noroeste e perto da Turquia, e na região sul, área de fronteira com a Jordânia.
Os protestos são parte da onda de levantes populares no mundo árabe contra regimes autocráticos. Assad vem reagindo às manifestações com investidas militares, as quais já causaram a morte de 2.200 pessoas, segundo as Nações Unidas.
"O povo sírio exige proteção internacional aos civis", dizia uma faixa em Idlib. Em Hajar al-Aswad, no limite sul de Damasco, manifestantes levavam uma antiga bandeira síria, do período anterior à tomada de poder cerca de meio século atrás pelo Partido Baath, de Assad.
"Depois de todas essas matanças e ataques, onde está a proteção internacional?", dizia uma faixa levada por um manifestante, que gritava: "O povo quer a execução de Assad."
Essa foi a primeira vez que a oposição síria pediu diretamente a intervenção internacional.
A Comissão Geral da Revolução Síria, entidade que agrupa grupos de ativistas, fez um apelo às potências mundiais para que enviem observadores da situação dos direitos humanos para assim ajudar a deter os ataques militares contra civis.
Na quinta-feira as forças sírias revistaram várias casas e prenderam dezenas de pessoas na cidade de Homs, depois de operações militares que mataram pelo menos 27 civis na quarta-feira.
Irã
O presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, pediu à sua aliada Síria que dialogue com a oposição, num sinal da preocupação do governo iraniano com um movimento que está exigindo o fim do regime do presidente sírio.
Em entrevista concedida na quarta-feira à emissora portuguesa RTP, Ahmadinejad disse que a repressão militar "nunca é a solução correta", segundo relato feito pela semioficial agência de notícias iraniana Fars. "Os governos têm de respeitar e reconhecer os direitos das suas nações à liberdade e à justiça (...). Os problemas precisam ser resolvidos por meio do diálogo", afirmou Ahmadinejad, de acordo com a Fars.
No mês passado, o chanceler iraniano, Ali Akbar Salehi disse que Assad precisa atender às reivindicações do seu povo, mas, ao contrário do que fizeram outros governos da região, não criticou o uso da força na repressão aos protestos. Já Ahmadinejad disse que "os países da região podem ajudar a Síria resolver o problema."
Em 2009, o Irã reprimiu com violência manifestações decorrentes da polêmica reeleição de Ahmadinejad. Os EUA e outros países acusam o Irã de agora estar ajudando Assad a reprimir as dissidências. Teerã nega essa acusação, e acusa Washington e seus aliados de instigarem os protestos na Síria, por causa do contraponto que Damasco representa a Israel.
Autoridades iranianas, por outro lado, já chegaram a descrever as rebeliões da chamada Primavera Árabe como um "despertar islâmico" que prenunciaria o fim do domínio de elites pró-EUA na região.
Porém, analistas apontam para as preocupações do Irã com os protestos na Síria. "A Síria é uma aliada estratégia do Irã, e o colapso do regime de Assad irá enfraquecer a posição de Teerã no Oriente Médio contra rivais muçulmanos sunitas como a Arábia Saudita", disse o analista Hossein Heshmati.
Na terça-feira, o secretário de Defesa dos EUA, Leon Panetta, disse que uma revolução no Irã é apenas questão de tempo, e que o movimento reformista iraniano está aprendendo as lições das revoltas na Tunísia, Egito, Líbia e Síria.
Na quarta-feira, o ex-candidato reformista à Presidência do Irã Mirhossein Mousavi disse no seu site, o Kaleme, que o movimento reformista está vivo, apesar do intenso esforço do governo para silenciá-lo.
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