Noticias - Em Blumenau, moradores vão às ruas para registrar enchente

Em Blumenau, moradores vão às ruas para registrar enchente

Com trégua da chuva, moradores fotografam estragos nas ruas da cidade. É bom ter lembrança das enchentes. Tenho fotos de todas, diz aposentado
Em Blumenau, moradores vão às ruas para registrar enchente

Foto: www.g1.com

Moradores de Blumenau, em Santa Catarina, saíram às ruas nesta sexta-feira (9) para registrar em fotos e vídeos a destruição provocada pela chuva na cidade, onde cerca de 280 mil pessoas foram afetadas e cerca de 15 mil estão desalojadas. Como não houve registro de mortes, pois as casas em áreas de risco foram evacuadas com antecedência, as pessoas resolveram passear pela cidade.

Entre os que fotografava as ruas cobertas pela água estava o aposentado Eloi Lopes, de 72 anos, que mora em Blumenau desde 1954. Para ele, a enchente de 1984 foi maior do que a registrada neste ano. "É bom ter uma lembrança das enchentes. Já tenho fotos de todas elas e, para mim, a maior foi a de 1984, quando o Rio Itajaí-Açu invadiu a rua inteira. Chegou água até a prefeitura", afirmou o aposentado.

Nesta manhã, o nível do Rio Itajaí-Açu estava 12,4 metros acima do normal, segundo a Defesa Civil

"A gente só sente pelas pessoas que foram atingidas, que perderam casas e pertences. Muitos foram avisados com antecedência e conseguiram deixar suas casas", diz o morador, que não sabia nesta manhã como voltar para o bairro onde mora porque todos os caminhos que tradicionalmente pega para o seu destino estavam cobertas de água.

"Rodando a cidade"
Outro que saiu nas ruas de Blumenau para fotografar os estragos foi o publicitário David José da Silva, de 25 anos, que mora há 6 anos na cidade.

"Estou rodando a cidade desde ontem (quinta-feira, 8) batendo fotos, já tenho mais de 50", contou ele, que passeava pela cidade acompanhada da namorada e do bebê do casal.

O comerciante Claudio Peruzzo Júnior, de 42 anos, perdeu 10% de tudo o que tinha em sua loja de fotografia no centro da cidade. O estabelecimento foi invadido pela água na noite de quinta-feira. Ele, então, decidiu tirar fotos do que via pelas ruas.

"Tirar foto é meu hobby, mas meu comércio está com um metro e meio de água e não tenho o que fazer", afirmou ele, com voz embargada, quase chorando.

Peruzzo Júnior lembra que é a segunda vez que tem prejuízos devido às enchentes. "Esta é mais uma. Em 2008, houve um deslizamento que levou tudo. Agora, alagou nossa loja durante a tarde e ficamos até as 21h tirando as coisas de dentro, para que os estragos não fossem maiores".

32 bairros isolados
Todas as entradas para o centro de Blumenau estão bloqueadas por inundações e 390 ruas estão alagadas, conforme a Defesa Civil. As ruas estão desertas, porque o comércio está fechado e ninguém está trabalhando nesta sexta. Algumas ruas estão com mais de 2 metros de água.

O Corpo de Bombeiros conta com o auxílio de 23 barcos para retirar pessoas de regiões alagadas. Desabrigados são levados para 20 abrigos municipais.

Pelo menos 32 bairros de Blumenau estão completamente isolados pelas águas, além das cidades de Ilhota e Gaspar. Nesta manhã de sexta-feira, subiu para 16 o número de cidades que decretaram situação de emergência em Santa Catarina devido às fortes chuvas que atingem o estado desde segunda-feira (5). Novo balanço da Defesa Civil do estado mostra que, agora, são mais de 669,4 mil o número de pessoas afetadas pelas inundações, sendo que mais de 48 mil estão fora de casa.

Duas mortes foram confirmadas até o momento. Um homem de 65 anos morreu após subir no telhado de sua casa e a estrutura desabar em Guabiruba, a 110 km de Florianópolis. Já nesta sexta, dois homens estavam em um barco no Bairro Pamplona, em Rio do Sul, quando o remo atingiu um fio de alta tensão. Um deles morreu no local e o outro foi hospitalizado, segundo o major Emerson Nerin.

Fonte:

Por: José Rubens Brumana | Imprimir