Categoria Politica  Noticia Atualizada em 22-09-2011

Em NY, Dilma pede "eliminação completa" das armas nucleares
Ela disse que é preciso fiscalizar o uso da energia nuclear. Segundo ela, compromisso do Brasil para uso pacífico é irreversível.
Em NY, Dilma pede
Foto: www.g1.com

Em um discurso de cerca de sete minutos, a presidente Dilma Rousseff defendeu, nesta quinta-feira (22) que o desarmamento nuclear é "fundamental" para a segurança mundial. Ela participou da Reunião de Alto Nível sobre Segurança Nuclear, que faz parte dos compromissos da 66ª Assembleia Geral das Nações Unidas, em Nova York.

"Todo estoque de material nuclear voltado para uso militar escapa dos mecanismos multilaterais de controle, mas o desarmamento nuclear é fundamental para a segurança", afirmou. "Seria, sem dúvida, necessário para fins de segurança fiscalizar ambos. É imperativo ter no horizonte previsível a eliminação completa e irreversível das armas nucleares. A ONU deve se preocupar com isso."

Segundo ela, um "mundo no qual armas nucleares são aceitas será sempre um mundo inseguro".

A presidente expôs preocupação sobre o uso da energia nuclear para necessidades de abastecimento e seu eventual desvio para outros fins. "Sabemos que, para muitas nações, a energia nuclear continuará a ser alternativa para atender as necessidades energéticas. (...) O compromisso do Brasil no uso pacífico é irreversível e está expresso em nossa Constituição Federal."

Dilma afirmou que, no Brasil a energia nuclear representa em torno de 2% da matriz energética. "No meu país temos reduzida presença de centrais nucleares. 82% da matriz elétrica é renovável." Afirmou também que o Brasil usa ainda átomos em produtos médicos e agrícolas e pesquisa. Ressaltou ainda que, na América Latina e no Caribe, é proibido o uso não pacífico da energia nuclear. "Somos uma das maiores áreas livres de armas nucleares."

Para ela, é necessário aposentar os arsenais nucleares no mundo. "Temos, sim, que avançar na reforma do Conselho de Segurança, que tem sido baluarte da lógica do privilégio nuclear por mais de 65 anos e legitima o acúmulo de material nas potencias nuclearmente armadas."

No discurso, afirmou que, após o desastre de Fukushima, determinou investigações para identificar fatores de risco em relação às usinas nucleares. "O Brasil compartilha a preocupação internacional com segurança nuclear e se associa a suas iniciativas."

O governo federal investe em energia nuclear para fins de abastecimento e prevê a construção de quatro novas usinas nucleares no país até 2030. Atualmente são duas em funcionamento e uma em construção - a usina Angra 3 - todas no litoral sul fluminense.

Discurso de abertura
Na quarta, a presidente fez o discurso de abertura da Assembleia Geral. Ela retorna ao Brasil na noite desta quinta após defender o Estado palestino, exaltar o papel da mulher na política internacional e encontrar-se com chefes de Estado como Barack Obama, Nicolas Sarkozy e David Cameron.

Dilma aborda o papel da energia nuclear e de novas fontes de energia, com base no episódio do vazamento radioativo na usina nuclear Fukushima Daiichi, na província de Fukushima, no Japão. O vazamento foi decorrência do grande terremoto de março deste ano. Ela deve enfatizar o papel do Brasil na produção de energia limpa e alternativa.

A presidente também vai participar da Reunião de Alto Nível do Conselho de Segurança sobre sobre Diplomacia Preventiva na parte da tarde, a partir das 16h. A premissa do encontro é delinear um sistema de intervenção e solução antecipada de conflitos internacionais.

A previsão é que Dilma embarque de Nova York na noite de quinta-feira, às 22h. Acompanharam a presidente na viagem aos EUA os ministros de Relações Exteriores, Antonio Patriota, da Saúde, Alexandre Padilha, do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Fernando Pimentel, do Esporte, Orlando Silva, da Secretaria de Comunicação Social, Helena Chagas, e da Secretaria de Direitos Humanos, Maria do Rosário.

Assembleia da ONU
Em seu discurso de abertura da Assembleia Geral da ONU, Dilma afirmou, nesta quarta-feira (21), lamentar a ausência da Palestina como Estado-membro da entidade. "O Brasil já reconhece o Estado palestino como tal, nas fronteiras de 1967, de forma consistente com as resoluções das Nações Unidas. Assim como a maioria dos países dessa assembleia, acreditamos que chega o momento de termos a Palestina aqui representada a pleno título", disse a presidente.

A presidente abriu e fechou sua fala na tribuna das Nações Unidas exaltando o papel feminino na sociedade e seu reflexo na representação política.

"Além do meu querido Brasil, sinto-me aqui hoje representando todas as mulheres do mundo: aquelas que passam fome e não podem dar de comer aos seus filhos; aquelas que sofrem violência e são discriminadas no emprego e na vida familiar; aquelas que ousaram e conquistaram espaço de poder que me permite hoje estar aqui", disse.

Dilma também defendeu reforma dos assentos no Conselho de Segurança da ONU com a inclusão do Brasil como membro permanente. "O mundo precisa de um conselho de segurança que venha refletir a sociedade contemporânea, em especial com representantes das economias em desenvolvimento", disse.

Citou também a crise mundial ao afirmar preocupação com as turbulências econômicas. Ela condenou "a manipulação do câmbio" por "políticas monetárias amplamanete expancionistas" e disse que "a reforma das instituições deve prosseguir aumentando a participação dos países emergentes", que, segundo Dilma, são "os principais responsáveis pelo crescimento da economia mundial".

Encontros
Antes de discursar na Assembleia Geral das Nações Unidas, a presidente teve uma breve audiência com o secretário-geral do organismo internacional, Ban Ki-moon. Na parte da tarde, teve encontros bilaterais com os chefes de Estado Sebastián Piñera (Chile), David Cameron (Reino Unido), Nicolas Sarkozy (França), Ollanta Humala (Peru) e Juan Manuel Santos (Colômbia).

Na parte da noite, participou de um jantar oferecido pela representante permanente do Brasil junto à ONU, a embaixadora Maria Luíza Ribeiro Viotti.

Fonte:

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Por:  José Rubens Brumana    |      Imprimir