Categoria Geral  Noticia Atualizada em 23-09-2011

Paquistão alerta EUA: "sem soldados em nossas terras"
Premiê rejeitou as alegações norte-americanas de que a agência de inteligência do Paquistão ajuda ou tem relações com a Rede Haqqani, aliada do Talibã
Paquistão alerta EUA:
Foto: www.jornalacidade.com.br

O Paquistão não vai tolerar nenhuma incursão em seu território de forças norte-americanas atrás de grupos militantes, disse o ministro do Interior paquistanês nesta quinta-feira (22), pedindo que Washington forneça as informações necessárias para que Islamabad cuide deles sozinho.

Rehman Malik também rejeitou as alegações norte-americanas de que a agência de inteligência do Paquistão ajuda ou tem relações com a Rede Haqqani, aliada do Talibã, um grupo guerrilheiro poderoso que se estende pelas regiões fronteiriças e montanhosas entre o Afeganistão e o Paquistão.

"A nação paquistanesa não permitirá soldados em nosso território, nunca. Nosso governo já está cooperando com os Estados Unidos... mas eles também devem respeitar nossa soberania", disse à Reuters em uma entrevista, insistindo que Islamabad queria a inteligência norte-americana, não tropas, para combater os insurgentes dentro do Paquistão.

O almirante Mike Mullen, chefe do Estado Maior das Forças Armadas dos Estados Unidos, acusou esta semana o diretório do Serviço de Inteligência Inter do Paquistão (ISI) de usar a Rede Haqqani para lançar uma "guerra por procuração" contra a Otan e as tropas afegãs no Afeganistão.

Alguns relatos da inteligência norte-americana alegaram que o ISI instou a Rede Haqqani para lançar o ataque da semana passada contra a embaixada dos Estados Unidos e o quartel-general da OTAN em Cabul, segundo dois oficiais norte-americanos e uma fonte familiar com os contatos oficiais recentes entre EUA e Paquistão.

"Se você diz que o ISI está envolvido no ataque, eu categoricamente nego isso. Não temos essa política da atacar ou ajudar a atacar através de forças paquistanesas ou através de qualquer assistência paquistanesa", disse Malik.

A batalha de 20 horas na capital afegã provocou tensão entre Washington e Islamabad, que já está alta depois do assassinato do líder da Al Qaeda, Osama bin Laden, em uma incursão dos Seals da Marinha norte-americana no Paquistão em maio passado.

Desde então, autoridades norte-americanas, inclusive o embaixador em Islamabad e Mullen, criticaram o fracasso do Paquistão em conter o grupo Haqqani.

Os militantes mandam nas políticas de defesa e segurança no Paquistão, mas Malik é um membro proeminente do governo civil e considerado próximo ao presidente Asif Ali Zardari.

Nesta semana ele teve um encontro com o diretor do FBI (Federal Bureau of Investigation), que o questionou sobre a Rede Haqqani.

"Jogo de culpa"

Durante a entrevista para a Reuters, Malik admitiu que elementos da rede Haqqani, que analistas dizem que podem reunir entre 10.000 e 15.000 combatentes, estão em parte sediados na região tribal Pashtun no Waziristão do Norte, na fronteira afegã.

No entanto, ele disse que os norte-americanos até agora não deram ao Paquistão informações que poderiam ajudar na perseguição a eles.

"Nossa capacidade de rastreá-los naquela região é limitada. Dê-nos as informações e vamos operar", disse. "Estamos lutando contra um inimigo comum mas, infelizmente, não com uma estratégia comum. Em vez de um jogo de atribuir a culpa, temos que nos sentar. Não fazemos parte do terrorismo, fazemos parte da solução."

Fonte: www.jornalacidade.com.br
 
Por:  José Rubens Brumana    |      Imprimir