Categoria Tecnologia  Noticia Atualizada em 19-01-2012

Empresas de antivírus apontam problemas em projeto antipirataria
Kaspersky, Trend Micro e F-Secure se pronunciaram sobre o SOPA. Companhias temem interferência com recursos de segurança.
Empresas de antivírus apontam problemas em projeto antipirataria
Foto: g1.globo.com

Os projetos de lei antipirataria dos Estados Unidos que motivaram protestos na quarta-feira (18), SOPA e PIPA, também receberam comentários de companhias antivírus. A russa Kaspersky Lab foi a primeira a comentar o assunto, ainda em dezembro de 2011, mas a japonesa Trend Micro, e agora a finlandesa F-Secure, também falaram brevemente sobre a lei. As três empresas levantaram diferentes aspectos da proposta.

Kaspersky: modelos de negócios precisam mudar
A Kaspersky Lab tem a posição mais detalhada. Eugene Kaspersky, fundador da empresa, comunicou que a companhia se retirou da Business Software Alliance (BSA), a associação de fabricantes de softwares dos EUA, devido ao apoio da BSA à lei, apesar de esse apoio ser parcial. Para ele, a lei é uma imposição dos interesses norte-americanos ao mundo todo.

"Se aceitarmos a lei, centenas de milhares de advogados vão aparecer porque quase qualquer site pode ser acusado de infringir direitos autorais. Essa lei vai permitir situações de extorsão legalizada", afirmou Kaspersky. O criador de antivírus não apoia a pirataria, mas disse que os modelos de negócio dos estúdios e gravadoras – que não contemplam o download de conteúdo – precisam mudar.

"Um amigo meu resumiu bem: ‘tem um filme interessante em Torrent [recurso de download de conteúdo normalmente usado ilegalmente]. Se eu fizer o download, sou um criminoso. Se eu não fizer, sou um idiota’. Leis como o SOPA dividem o mundo entre os criminosos e os idiotas", escreveu Kaspersky, que elogiou o iTunes, a loja de músicas da Apple, e comparou o SOPA a uma proposta legislativa na Rússia que iria impor um imposto a qualquer CD ou DVD gravável devido à mera possibilidade de a mídia ser usada para copiar algum conteúdo.

"Defender um retorno às leis jurássicas de propriedade intelectual é como dar uma transfusão de sangue a um paciente já morto, arriscando a vida do doador. Governos precisam pensar em como estimular novos modelos de negócio em vez de proteger os modelos antigos", sentenciou o criador de antivírus. "Autores e consumidores não precisam mais de intermediários."

F-Secure: guerra entre governos e ativistas beneficiará criminosos
A F-Secure opinou em seu blog que a lei "quase de forma garantida" iria iniciar uma "guerra" entre o governo e os ativistas de liberdade de expressão, junto dos piratas, que tentariam burlar os filtros impostos com novas tecnologias.

Essas tecnologias de anonimato seriam adotadas pelos criminosos na tentativa de esconder suas atividades e permanecerem impunes.

"É melhor não começar essa guerra, se for possível evitá-la", afirmou o pesquisador da empresa.

Trend Micro: lei é risco para a segurança
A japonesa Trend Micro mostrou preocupação com as consequências técnicas da lei. Segundo a empresa, a adoção da lei faria com que muitos internautas procurassem utilizar serviços de Domain Name System (DNS) fora dos Estados Unidos, de modo a burlar os filtros viabilizados pelo SOPA.

O DNS é a "lista telefônica" da internet que converte os nomes como "g1.com.br" em números de endereços na rede. A lei, originalmente, permitia que autoridades solicitassem a filtragem de sites ilegais na camada do DNS. Muitos serviços de DNS ficam nos Estados Unidos , o que daria à lei um poder de influência global.

Para a Trend Micro, o resultado seria uma fragmentação do DNS e uma quebra do DNSSEC, o recurso de segurança que busca proteger o serviço. "A legislação, como proposta, poderia ameaçar a universalidade dos nomes de domínio, a funcionalidade básica e a facilidade de uso da internet", afirmou a companhia.

Na prática, isso significa que dois computadores, usando serviços de DNS distintos, não poderiam acessar os mesmos sites – gerando, portanto, uma segunda "internet".

Segundo o site Internet News, a McAfee e a Symantec – as duas maiores fabricantes de antivírus do mundo – não têm comentários a respeito da proposta de legislação.









Fonte: g1.globo.com
 
Por:  Caroline Costa    |      Imprimir