Categoria Geral  Noticia Atualizada em 19-01-2012

Capital federal registra maior índice de desigualdade do país, diz Ipea
Região tem melhores índices de educação, renda e acesso a internet. No DF, 2% vivem em extrema pobreza e a renda média é de R$ 2.245.
Capital federal registra maior índice de desigualdade do país, diz Ipea
Foto: g1.globo.com

Estudo divulgado nesta quinta-feira (19) pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) mostra que o Distrito Federal é a unidade da federação com melhores índices de educação, saúde, saneamento, cultura e renda do país. É a única localidade com internet em mais da metade dos domicílios e onde a população tem maior média de anos de estudo, por exemplo. Por outro lado, tem a maior desigualdade social do Brasil.

O estudo "A situação Social nos Estados" analisa dados da Pesquisa Nacional de Amostra por Domicílios (Pnad) e do Ministério da Saúde, no período de 2001 a 2009. Até o carnaval, o Ipea deve divulgar o levantamento de cada unidade da federação, exceto Roraima, Rondônia, Amapá e Acre. Nesta quinta, também foram divulgados os resultados do Espírito Santo.

Na apresentação da pesquisa, o diretor de estudos e políticas sociais do Ipea, Jorge Abrahão, chamou atenção para o fato de que índice de desigualdade do DF é de 61 e o do Brasil, 54, numa escala onde 0 representa igualdade total e 100 a desigualdade máxima. No DF, 2% vivem em extrema pobreza e a renda média de R$ 2.245 é a maior do país, cuja média é de R$ 1.116.

Estudo recente do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística mostra que o DF tem a segunda maior favela do país, o Sol Nascente, menor apenas que a Rocinha, no Rio de Janeiro

"De 2005 para frente essa desigualdade, que diminui no país inteiro, aumenta. É o maior índice de desigualdade brasileiro. Isso mostra que as políticas de salário, emprego e seguridade não estão transbordando para essa população [carente]", disse Abrahão.

O diretor da Companhia de Planejamento do Distrito Federal (Codeplan), Osvaldo Russo, explicou que, no DF, existe um "núcleo duro" de pobreza, que é difícil combater. Segundo ele, a renda alta está ligada ao serviço público, que quase sempre requer funcionários qualificados, o que exclui a população sem estudo ou qualificação.

"Há uma tendência sempre de qualificação profissional pela alta renda que está no serviço público. Há necessidade de se ampliar empregos fora do serviço público também", afirmou.
Outro dado negativo é que a taxa de homicídio masculina entre 15 e 29 anos no DF é de 120,9 mortes por cada cem mil habitantes enquanto a média nacional é de 94,3.

Russo destacou que o dado não é sinônimo de violência extrema porque o DF é uma "cidade – estado" com características de uma Região Metropolitana. "Se comparados a números de grande capitais, o índice local de homicídios não assusta", disse.

Em outras áreas, o DF tem bom desempenho, acima das médias nacionais. Confira:

Demografia

No DF, cada mulher tem, em média, 1,8 filhos, um pouco abaixo da média nacional (1,9). A razão de pessoas acima de 65 anos comparada com o total da população é pequena (10,59). No país, essa razão é de 15,3. "Este resultado se associa eminentemente à imigração de jovens e adultos, que afluem ao Distrito Federal em busca de boas condições de inserção na economia", diz a pesquisa.

Previdência

A esperança de vida aos 60 anos no DF é de 22,6 anos adicionais. "No DF você tem dois anos a mais de vida do que no resto do país. Não é pouco. O Brasil subiu dois anos em esperança de vida em 10 anos. É como se o DF estivesse 10 anos a frente do Brasil", avaliou o diretor do Ipea, Jorge Abrahão.

Apenas 65% dos idosos do DF têm cobertura da previdência. No país, são 77%. Para o Ipea, isso está relacionado ao fato do DF ter população predominantemente urbana e pouca cobertura da previdência rural.

Saúde

A capital federal tem a melhor taxa de mortalidade infantil (11 por mil nascidos vivos) do Brasil (média de 20 mortos por mil nascidos), de acordo com o estudo.

Emprego e renda

O desemprego no Distrito Federal (10,9 %) é maior do que no pais (8,1%). Em compensação, o rendimento médio é de R$ 2.245, o dobro da média nacional de R$ 1.116.

Educação

O DF tem escolaridade superior à nacional. Os moradores acima de 15 anos estudam cerca de 9,6 anos e a população nacional, 7,5 anos. O analfabetismo é 30% menor do que a média nacional e atinge 3,4 % da população. "Comparando o ritmo de avanço, o DF está quase 20 anos na frente do Brasil", disse Abrahão.

Saneamento

Mais uma vez, o DF tem recordes nacionais, com abastecimento adequado de água (97%) e energia elétrica (99%) quase universalizados.

Cultura

Cerca de 95% da população tem celular em casa e 53% tem acesso à internet no domicílio. Isso leva o DF a ter a primeira posição em acesso à comunicação. Para a presidente da Codeplan, Ivelise Longhi, essa característica pode ser usada em favor da redução da desigualdade social.

"Isso pode nos ajudar bastante no acesso a oportunidades", disse. "O que é uma cidade boa? Não é só a cidade sustentável do ponto de vista ambiental, mas uma cidade onde todos sabem o que está acontecendo nela",completou.


Fonte: g1.globo.com
 
Por:  Caroline Costa    |      Imprimir