Categoria Politica  Noticia Atualizada em 30-01-2012

Raúl Castro defende partido único como proteção contra os EUA
Líder cubano havia anunciado também limite de tempo de mandato. Presidente Dilma Rousseff faz a primeira visita de seu governo a Cuba.
Raúl Castro defende partido único como proteção contra os EUA
Foto: g1.globo.com

Presidente cubano, Raúl Castro, defendeu o sistema de partido único de seu país como um baluarte contra o imperialismo dos EUA e disse que vai permanecer como está em um discurso neste domingo (29) em uma conferência do Partido Comunista.

Ele também havia anunciado anteriormente que os planos para colocar limites de mandato aos líderes do país não são totalmente oficiais, mas podem ser colocados em prática gradualmente.

A conferência deste fim de semana acontece em meio a amplas reformas que deram aos cubanos o direito de abrir pequenas empresas e de comprar e vender carros, mas que não incluíram nenhuma promessa de mudança política significativa. Castro usou essa linha em seu discurso quando protestou contra os EUA, inimigo ideológico de longa data de Cuba, e seu sistema político e disse que a ilha pretende continuar a ser um Estado de partido único.

O Partido Comunista é o único partido político legal em Cuba e, sob uma Constituição nacional em vigor desde 1976, é também a suprema força orientadora da sociedade e do Estado. "Em Cuba, com base em sua experiência na longa data na luta pela independência e soberania nacional, defendemos o sistema de partido único em vez da demagogia e comercialização de política", disse Castro.

Ele disse que permitir partidos adicionais abriria as portas para a interferência dos EUA. "Seria o equivalente a legalizar um partido imperialista em nosso solo", disse o atual líder cubano.

Enquanto o partido continuará inconteste, Castro disse que os líderes do país serão limitados a dois mandatos consecutivos de cinco anos, uma idéia que ele havia mencionado pela primeira vez em um congresso do partido em abril. Castro disse que o partido ainda estava trabalhando nas medidas legais para os limites do mandato, que exigirão uma mudança na Constituição, mas que a execução poderia começar "de forma gradual, mesmo antes da Constituição ser alterada". Ele não explicou como isso seria feito ou quando começaria.

O limite de mandato seria uma ruptura com o passado em Cuba, onde Fidel Castro governou por 49 anos após a revolução de 1959 e foi sucedido por Raul Castro, seu irmão mais novo. A medida também pode ajudar a trazer sangue novo para o governo, cujos atuais líderes são idosos e não têm substitutos óbvios.

Raul Castro tem 80, seu vice-presidente, José Ramón Machado Ventura, 81 e Fidel Castro, agora aposentado, mas ainda presente nos bastidores políticos, tem 85.

Bert Hoffmann, especialista em Cuba do Instituto Alemão de Estudos Globais, em Hamburgo, disse que a mensagem da conferência parecia ser "minimizar qualquer expectativa que as reformas económicas poderão implicar uma mudança política."

Dilma

A presidente da República, Dilma Rousseff, viaja na tarde desta segunda (30) a Cuba. Ela permanece no país até terça-feira (31). A presidente manterá encontros com o presidente de Cuba, Raúl Castro. Será a primeira visita da presidente Dilma a Cuba desde que assumiu o governo, em janeiro do ano passado.

O aprofundamento da agenda econômica entre Brasil e Cuba é o principal foco da viagem. Nos últimos anos, o comércio bilateral entre Brasil e Cuba registrou recorde em 2011, totalizando US$ 642 milhões, valor que equivale a 31% a mais que 2010, segundo o Itamaraty.



Fonte: g1.globo.com
 
Por:  Caroline Costa    |      Imprimir