Categoria Vírus & Cia  Noticia Atualizada em 31-01-2012

O EFEITO “BORBOLETA”
“A alegria está na luta, na tentativa, no sofrimento envolvido. Não na vitória propriamente dita”, Mahatma Gandhi.
O EFEITO “BORBOLETA”

Berço cultural de inegável importância para o país, Cachoeiro de Itapemirim (ES), que se tornou a cidade da crônica, viu nascer grandes nomes da cultura nacional, como o cronista Rubem Braga. E para homenagear e manter viva a memória do aclamado "pai" da crônica moderna, o maior evento cultural do sul do Espírito Santo: a Bienal Rubem Braga novamente vem batendo suas asas, e, desde já, causando efeitos favoráveis para sua realização.
Para quem acompanhou de perto todas as edições da Bienal Rubem Braga, esta não será diferente. Enquanto que nas duas primeiras trabalhei diretamente para sua realização, com textos e assessoria de imprensa. Na última, meio que de escanteio, peguei carona na imaginação e permaneci como num casulo, mas ainda assim abastecendo o blog www.bragaebraga.blogspot.com com rasantes de informações atualizadas. Como o tema escolhido para a atual edição, digo que do escuro e do que pouco prometia é que saíram informações e contatos para alguns visitantes que até hoje conversam comigo via e-mail. Ou seja, do feio saiu a beleza.

Apresentando a "borboleta" como temática, a IV Bienal Rubem Braga já causou o seu efeito. Entusiasta que sou não poderia deixar de colaborar. Acompanhada do mascote Zig, esta Bienal será inspirada na crônica "A Borboleta Amarela" escrita em 1955.

Com o objetivo de atingir todos os segmentos da sociedade, em particular as crianças, os adolescentes e os jovens, através das instituições de ensino públicos e privados, o evento reserva aos participantes uma extensa programação cultural, colocando frente-a-frente com o público grandes nomes da arte e cultura. Toda a programação acontecerá na Praça Jerônimo Monteiro, como na edição anterior, de 15 a 20 de maio.

A bienal, em momentos anteriores, já recebeu alguns desses gigantes do universo acadêmico, da literatura, teatro, filosofia e poesia nacional como Affonso Romano de Sant Anna, Tônia Carrero, Viviane Mosé, Ferreira Gullar, Antônio Nóbrega, Elisa Lucinda, Marco Antônio de Carvalho, Isabel Lustosa, Domício Proença Filho, Antônio Carlos Secchin, Ivan Junqueira, Roberto Da Matta, Beatriz Resende, Adriano Espínola, entre outros.

Do ponto de vista simbólico

O tema simbólico: "borboleta" reflete a transformação, metamorfose, metanóia (num sentido mais profundo de mudança). O que estamos fazendo para divulgar a cultura em nosso município e assim transformar a vida de inúmeros adolescentes que sequer têm interesse pela leitura, dita popular, que para a maioria deles é erudita?
Poderíamos parar e utilizar a bienal para nos questionarmos quanto à mudança em nós mesmos. Neste momento, escrevendo este texto penso nisso. O surgimento de um novo aspecto em mim mesmo que pode melhorar a minha imagem. Então imaginemos juntos! Escritor e leitor.
Encontrar o fator primordial dessa mudança não é assim tão simples, mas já sabemos o resultado. A recompensa é grande e a contribuição para a formação de jovens pensantes apenas com um simples ato de começar a pensar no assunto ou ler uma crônica é inegável. A lagarta sofre. Toda mudança causa sofrimento, mas, a partir daí que o "milagre" acontece.

O próprio ser transformado deve quebrar as barreiras que impedem o seu resplendor. Arrebentar o casulo com as asas as torna fortes o suficiente para voar e sobreviver as tempestades que encontrará no percurso de sua vida.

De um prisma humano, diria que se tornar borboleta é buscar a resiliência (termo da física que significa a capacidade de superação, tirando proveito dos sofrimentos, inerentes às dificuldades). É disso que o povo, os adolescentes e as crianças de hoje precisam. Que esta bienal rompa as barreiras da erudição e faça os mais humildes perceberem que o texto de Rubem Braga foi, é e sempre será popular, apesar de seu sincronismo entre o cotidiano, a literatura e o viés poético.

Ela é sincrônica no sentido de que traduz uma simultaneidade, ou uma síntese não só atemporal, como espacial. A crônica não está mais ligada apenas aos fatos do cotidiano. Por exemplo, Luiz Fernando Veríssimo de repente fala do século IXX e não está mais ligado a um só espaço ou a uma cidade, mas a vários lugares.

Antes, a crônica era considerada um gênero produzido essencialmente para ser veiculado na imprensa. É claro, com raras excessões antológicas. Hoje, especialistas concordam que ela é plural porque tem várias formas, apesar de perseguir aqueles modelos estabelecidos por Machado de Assis, Rubem Braga, Carlos Drumond Andrade e outros. Por isso, sem querer deixar o Zig com água na boca, escrever crônicas, para muitos, são os ossos do ofício.

Fonte: Redação Maratimba.com
 
Por:  Robson Souza Santos    |      Imprimir