Categoria Geral  Noticia Atualizada em 24-02-2012

Cresce pressão para fechar empresa que administra a linha da morte em Buenos Aires
Os organismos de controle, as ONGs e os sindicatos ferroviários exigem que o governo retire a concessão da empresa Trens de Buenos Aires, TBA, concessionária da linha ferroviária Sarmiento onde morreram 50 pessoas e 703 ficaram feridas nesta quarta-feira
Cresce pressão para fechar empresa que administra a linha da morte em Buenos Aires
Foto: www.portugues.rfi.fr

Apesar da pressão da opinião pública, Roque Cirigliano, diretor da empresa TBA e primo dos donos da empresa, não descarta uma falha humana no acidente desta quarta-feira. Segundo ele, o maquinista não teria conseguido frear a tempo. Ele também justificou o acidente pela falta de investimento na TBA. Um argumento que não convenceu a multidão que acompanhava suas declarações e reagiu aos gritos de "assassino." Cirigliano precisou refugiar-se num dos banheiros da estação sob proteção policial.

Ao longo dos últimos anos, os relatórios da Agência Reguladora de Transportes e da Auditoria Geral do Estado apontaram centenas de falhas de manutenção e falta de investimentos por parte da empresa TBA. Os relatórios recomendavam o fim da concessão ferroviária, mas o governo fez vista grossa. O ministro do Planejamento, Julio de Vido, anunciou que o Estado e os familiares das vítimas vão entrar com uma ação coletiva contra a empresa. Para o líder sindical ferroviário, Rubén Sobrero, o Estado não pode representar uma empresa que deveria controlar, e o governo argentino tem sua parte de responsabilidade na tragédia.Em 15 anos de concessão, 2 mil pessoas morreram nas linhas ferroviárias administradas pela TBA.

Desde que os Kirchner assumiram o poder em 2003, o Estado transferiu à TBA cerca de 70 bilhões de pesos, cerca de 30 bilhões de reais em subsídios. Claudio Cirigliano, dono da empresa, está sendo processado por comprar um apartamento, um avião e financiar vôos privados ao ex-secretário de Transporte, Ricardo Jaime, braço direito do ex-presidente Nestor Kirchner, falecido esposo da presidente Cristina Kirchner.

Equipes de resgate usam vaselina para retirar feridos


Segundo o chefe do serviço SAMU de Buenos Aires, Alberto Crescenti, com o violento choque, o segundo vagão entrou sete metros dentro do primeiro, onde havia mais de 140 pessoas presas. "Tivemos que buscar óleo e vaselina no hospital para fazer os corpos deslizarem-se", descreveu. O novelo de corpos só foi desfeito depois que saíram os quatro ou cinco primeiros. "A partir daí, foi um atrás do outro. Levamos duas horas e meia para conseguir desprender um corpo do outro. Não podíamos forçar porque corríamos o risco de ferir ainda mais as pessoas", relembra. Segundo ele, quase todas as vítimas fatais morreram na hora. "Aqueles que não morreram pelas feridas dos ferros morreram amassados pelos que estavam em cima depois de três horas de resgate", lamentou.

Fonte: www.portugues.rfi.fr
 
Por:  Maratimba.com    |      Imprimir