Categoria Acidente  Noticia Atualizada em 02-03-2012

Saí para trabalhar e não para matar, diz motorista de acidente com mortes
Acidente na Zona Sul de SP matou dois na terça-feira. Jonas Silva falou ao G1 nesta sexta após sair do CDP Pinheiros.
Saí para trabalhar e não para matar, diz motorista de acidente com mortes
Foto: g1.globo.com

"Saí para trabalhar. Em momento algum eu saí na intenção de matar ninguém, entendeu?", afirmou nesta sexta-feira (2) Jonas Santana da Silva sobre o fato de o ônibus que dirigia ter arrastado um carro na Zona Sul de São Paulo, matando os dois ocupantes do veículo e ferindo duas pessoas no dia 28 de fevereiro. Ele também lamentou as mortes. O motorista falou ao G1 por telefone nesta manhã, horas depois de sair do Centro de Detenção Provisória (CDP) de Pinheiros, na Zona Oeste, onde estava preso desde o dia do acidente. Ele havia sido detido em flagrante e indiciado pela Polícia Civil por homicídio doloso, quando se tem intenção de matar. Naquela ocasião, o homem negou o crime em seu depoimento.

Jonas deixou o CDP após a Justiça determinar nesta quinta-feira (1º) que ele fosse solto para responder ao inquérito em liberdade. O pedido foi feito pelos advogados Luiz Henrique Neves e José Luiz de Oliveira Júnior. Os defensores de Jonas alegaram à juíza que seu cliente socorreu as vítimas após o acidente. "De acordo com o Código de Trânsito Brasileiro [CTB] quem presta socorro em acidentes não pode ser preso. Além disso, ele preenche outros requisitos, como nunca ter tido antecedentes criminais, ter residência fixa e emprego", afirmou o advogado Luiz Neves.

Liberdade

Jonas deixou o CDP por volta das 6h desta sexta. Em sua decisão, a juíza auxiliar Carla de Oliveira Pinto Ferrari, da 1ª Vara do Júri Central no Fórum da Barra Funda, determinou que Jonas entregue sua carteira de habilitação por tempo indeterminado. Além disso, ela também determinou que ele cumpra medida restritiva de direitos, sendo obrigado a se recolher em sua residência entre 20h e 6h.

"Graças a Deus, eu saí de manhã, assim... Eu saí para trabalhar, em momento algum eu saí na intenção de matar ninguém, entendeu? Eu saí para buscar o pão da minha família, buscar o pão de cada dia, entendeu? Eu não saí com a intenção de matar ninguém, só... Eu saí para conseguir o pão de cada dia da minha família e sinto muito pela família [das vítimas] e fiquei indignado com essa prisão. Só isso o que tenho para falar", falou Jonas.

O acidente ocorreu na terça-feira (28), no cruzamento da Avenida Vereador José Diniz com a Rua Demóstenes. O carro Mitsubishi, que seguia pela rua, foi arrastado pelo ônibus e só parou no canteiro central da avenida.

No veículo estavam o empresário Alfred Schorno, de 67 anos, e a secretária Ana Camila Nyarady, de 57, que morreram na hora. Testemunhas disseram que o ônibus seguia em alta velocidade pela avenida, no sentido bairro, quando o carro atravessou pela rua onde o semáforo estava quebrado.


O motorista falava ao celular durante o trajeto do ônibus, segundo o depoimento de uma das testemunhas ao delegado Armando Roberto Bellio, do 27º Distrito Policial, no Campo Belo, Zona Sul.

O que diz a defesa

Os advogados de Jonas contestam as informações da polícia. "Meu cliente estava numa velocidade de 48 km/h, segundo o tacógrafo. A velocidade limite é de 50 km/h. E ele não falava ao celular. Temos testemunhas dentro do mesmo ônibus que dizem isso", afirmou Luiz Neves.

Para a defesa, a Companhia de Engenharia de Tráfego deveria ser responsabilizada por não ter mantido a manutenção perfeita dos equipamentos. "O semáforo estava quebrado", afirmou.

Já a CET diz ter recebido a informação de que havia problemas no semáforo às 13h52, e às 14h uma equipe chegou ao local. O acidente, no entanto, já havia ocorrido.



Fonte: g1.globo.com
 
Por:  Caroline Costa    |      Imprimir