Categoria Geral  Noticia Atualizada em 02-03-2012

Delegado de Vinhedo diz que "parque pode ter agido de má-fé"
Primeira perícia em brinquedo foi feita na cadeira errada. Adolescente morreu após cair de atração do parque Hopi Hari.
Delegado de Vinhedo diz que
Foto: g1.globo.com

O delegado de Vinhedo, Álvaro Santucci Noventa Júnior, responsável pela investigação da morte da adolescente Gabriela Yukari Nichimura, de 14 anos, após cair do brinquedo La Tour Eiffel, do parque temático Hopi Hari, em Vinhedo, interior de São Paulo, há uma semana, disse nesta sexta-feira (2) que o parque pode ter agido de má-fé ao indicar para perícia uma cadeira que não era a usada pela adolescente. Para o delegado, pode ter sido "cômodo para eles deixar a polícia continuar em uma linha, enquanto eles seguiram de outra maneira".

Segundo o delegado, a primeira perícia, feita na cadeira errada no dia do acidente, foi baseada em informações de testemunhas. Os operadores, segundo o delegado, não souberam informar qual a cadeira onde estaria a menina e ninguém do parque informou a cadeira correta. Somente na quarta-feira (29), a família entregou uma foto à polícia, que mostra que a adolescente estava na cadeira que deveria estar interditada, conforme informações do próprio parque.

O parque de diversões Hopi Hari fica fechado pelo menos até domingo (4), para que seja feita a perícia em todos os brinquedos do local. A decisão sobre o fechamento temporário do parque foi confirmada pela promotora Ana Beatriz Sampaio Silva Vieira, pelo advogado do parque, Alberto Zacharias Toron, e pelo delegado de Vinhedo.

A assessoria de imprensa do Hopi Hari informou que os clientes que tiverem comprado ingressos para o período em que o parque ficar fechado devem entrar em contato pelo e-mail [email protected] ou pelo telefone 0300-7895566.

Depoimentos

O gerente-geral do Hopi Hari e responsável pela manutenção do parque prestou pela segunda vez depoimento ao delegado Álvaro Santucci Noventa Júnior e ao MP na quinta-feira (1º) e confirmou que a cadeira que Gabriela Nichimura estava foi desativada há pelo menos 10 anos e que deve ter sido acionada de forma manual por algum funcionário, segundo o advogado do Hopi Hari, Alberto Zacharias Toron. No primeiro depoimento, na terça-feira (28), ele informou que era impossível ter havido falha mecânica no equipamento e apontou como falha humana a causa mais provável do acidente.

Trava se abriu em perícia

O Ministério Público (MP) e a Polícia Civil informaram que a perícia feita na tarde de quarta-feira (29) no brinquedo La Tour Eiffel apontou que a cadeira onde Gabriela Nichimura estava se abre no momento da descida.

Procurado pelo G1, o parque informou via assessoria de imprensa que não vai se manifestar sobre a perícia ou sobre o depoimento dos dos operadores. Em nota divulgada na noite de quarta-feira (29), o Hopi Hari reitera "veementemente a cooperação absoluta com todos os órgãos responsáveis na apuração definitiva do caso".

O delegado Noventa Júnior também confirmou que a cadeira estava com defeito. Ele falou com o perito do Instituto de Criminalística (IC), Nelson Patrocínio da Silva, que esteve no local na quarta-feira. "Quando a atração é colocada em atividade, a trava se levanta e depois dá uma "chicotada" e abaixa fortemente", explica o delegado.

Foto mostra onde garota estava

Uma foto apresentada pela tia de Gabriela mostra que a garota estava sentada em uma cadeira diferente da apontada por testemunhas. "A investigação estava sendo induzida ao erro. Antes trabalhávamos com a hipótese de que ela teria caído no momento da frenagem. Agora acreditamos que ela se agarrou no colete de proteção. A prima dela disse que ela ficou no nível dos olhos dela, como se ela tivesse "flutuado" e tentado se segurar no dispostivo de segurança. No momento da frenagem ou até um pouco antes, já sem força para se segurar, ela efetivamente caiu. Ela entrou em uma verdadeira arma. Entrou em um brinquedo fatal", completa o promotor Rogério Sanches.

A Promotoria trabalha com duas frentes de investigações, uma criminal e outra do direito do consumidor, e afirma que houve grau máximo de negligência. Tanto o MP quanto a polícia atestam que o parque sempre afirmou que a cadeira estava inoperante há anos.

Na quarta-feira, após a perícia feita na cadeira de onde a adolescente foi lançada, o delegado declarou que "a constatação muda totalmente o rumo da investigação. Fomos induzidos ao erro".






Fonte: g1.globo.com
 
Por:  Caroline Costa    |      Imprimir