Categoria Opinião  Noticia Atualizada em 05-03-2012

Doente e com fome poeta pede socorro em Piúma
Depois de mais de dois meses de salários atrasados, doente e com fome o poeta mineiro, Chico Rei que também é barmen pede socorro em frente ao estabelecimento que trabalhou.
Doente e com fome  poeta pede socorro em Piúma

Chico Rei. É assim que assina o poeta barman – natural de Itaobim, do Vale de Jequitinhonha, MG. Hoje ele pede socorro a justiça e a sociedade. Está faminto e doente. Vítima de hérnia na virilha a ponto de estourar, com um encaminhamento muito urgente para realização de cirurgia. Chico Rei está abandonado em um depósito de um bar em Piúma. Para conseguir sair da situação ele faz um apelo: _ Preciso de um promotor de justiça, um advogado trabalhista para que os meus direitos sejam garantidos pela justiça e eu possa receber de meu ex-patrão meus salários atrasados. Estou há cinco dias sem me alimentar e sinto muita dor. Durmo em um depósito sem janela, ventilador, água, geladeira, ou qualquer outro utensílio doméstico. Só há garrafas vazias e meus objetos pessoais - minhas poesias. As únicas coisas que não mofaram, porque foram feitas amor, sem ter nenhuma participação da minha dor".

Chico Rei produziu uma faixa em um papelão e se sentou em frente a galeteria, onde atuou como barmen por cinco meses. Nesta faixa ele escreveu: _ "Estou sem receber meus salários há mais de dois meses, estou passando fome preciso de um advogado e um promotor de justiça urgente"!

O poeta está em apuros, ele conta que, atuava como barmen para seu sustento e que nunca teve qualquer vaidade e nem usou a condição da família mineira para se beneficiar. Enquanto não lança o livro que está semipronto ele preparava os drinks no bar e declamava para segurar os clientes, mas o estabelecimento fechou antes do carnaval. "Dinheiro entrava todos os dias, agora para onde ia eu não sei".

No desabafo do poeta ele abriu o coração e chorou, mas contou tudo. "Fui convidado a trabalhar na galeteria desde o dia 26 de outubro, apesar de ter entrado antes. Ajudei a fazer a massa de cimento para construir as paredes e o balcão. Ajudei a fazer as compras em Guarapari. Ele me contratou para ser barmen e nos meses de dezembro a fevereiro ele dobraria o salário. Nos primeiros meses eu peguei alguns vales, assim que falava com ele que meu salário estava vencido, ele dizia que ia pagar do jeito dele. E eu estou até hoje, há mais de dois meses sem receber, passando fome.

Revelou Chico que não só ele ficou sem os devidos pagamentos, outros funcionários também, como a cozinheira, o esposo dela, galeteiro, garçons, vendedores, alguns fornecedores e músicos.

Um depósito pequeno e sem entrada de ar

Antes de ir morar no depósito ao lado da galeteria, o poeta morava no bairro das Areias em Piúma, sendo que ele tem uma casa em Guarapari, hoje sem alugar. "Naturalmente ele me levou para lá porque ali funcionava um depósito, e eu poderia tomar conta, já que eu não bebo poderia olhar as coisas. Tinha dias que eu virava a noite no bar. Fiquei no meio de garras e bebidas. Fiquei no meio daquilo, com um cheiro insuportável de azedo, não consigo dormir ali direito. Essa noite (03/03) eu não conseguir dormir, até porque estou com esse problema de saúde", contou.

Rei disse que mostrou a hérnia e o encaminhamento do médico ao patrão, mas ele sempre pedia que eu segurasse as pontas. Agora estou passando mal".

Chico Rei não tem parentes em Piúma e disse que até então estava aguardando a solução com serenidade, mas chegou ao limite. "mais do que nunca eu preciso que ele acerte comigo, porque ele diz que toda quinta-feira vai me pagar. Eu preciso que a Justiça me ajude, para que me dê garantia que ele vai me pagar. Ele diz que não tem dinheiro e está aguardando uma herança. Mas todos os dias ele bebe o Whisky , come o salaminho e fuma o Carton dele", disse.

Depois do patrão abandoná-lo, segundo o poeta neste depósito, e vender as coisas do bar, inclusive panelas e fogão, onde ele poderia fazer algo para comer, ficou a deriva. "Vendeu inclusive uma garrafa térmica que era da minha mãe. Como eu vou acreditar em um homem desses? Eu tenho até medo das pessoas se revoltarem e virem aqui quebrar tudo e se vingar em mim".

Tranquilo, o poeta disse que teme perder a cabeça e fazer algo que vá contra ele. "Não suporto mais. Como uma pessoa vai sobreviver dessa forma. Eu estou com meu organismo fraco, naturalmente, meu espírito também está fraco. Eu estou doente. Meu espírito já não suporta mais, essa dor da fome, da sede, de estar passando mal. As pessoas as quais eu conheço aqui são poucas, são elas que ainda me ajudam de uma certa forma", desabafou.

Poetas que morrem, vítimas de descaso

O poeta ao ser perguntado se ele sabe que grandes escritores, poetas/artistas tiveram fins trágicos pelo descaso da sociedade, a título de exemplo, Lima Barreto, Pré-modernismo, ele chorou. "Eu não quero que isso aconteça comigo. Minha mãe me ensinou que, quanto às coisas dos outros que eu fizesse vista grossa, que eu não mexesse, agora quanto as suas que forem de fato de direito, se preciso for derrame a última gota de sangue, que você vai ter meu apoio. Estou com a alma partida. Eu não quero pensar nestas coisas, eu quero pensar nas soluções, eu quero que a Promotoria de Justiça resolva isso pra mim. Para que em um momento de ira, que eu não sei quando vai ser, naquele segundo de loucura. Eu estou trabalhando para que isso não aconteça. É a última coisa que eu penso, porque a loucura maior já está sendo feita comigo. Eu tenho família. Eu tenho uma formação, esta me faz acreditar que tudo é possível. Eu fui a escória ali por um bom tempo. Ajudei em tudo. Estou sendo massacrado", chorou.

O que diz o ex-patrão

Procurado pela reportagem, o proprietário da Galeteria, cujo nome será preservado, disse que não o abandonou. Falou que vendeu as coisas do bar e que parte ele repassava ao poeta. Disse ainda que levava comida a Chico Rei, pães pela manhã e café. Questionado s

obre os salários informou que adiantava vales e que aguarda receber uma herança para fazer o pagamento, mas que até na segunda-feira fará o acerto.

Sobre essa declaração do comerciante, o poeta retrucou: "Os fatos comprovam, acabei de receber uma marmita deixada em um salão próximo ao depósito enviada pela ex-cozinheira Dona Helena, que ontem e hoje (02 e 03) me serviu comida. A marmita está aqui, a que mata a minha fome hoje", disse.









Fonte: Redação Maratimba.com
 
Por:  Luciana Maximo    |      Imprimir