Categoria Opinião  Noticia Atualizada em 05-03-2012

É só ouvir e amar?!
“O primeiro humano que xingou a seu inimigo em vez de atirar-lhe uma pedra foi o fundador da civilização”, Sigmund Freud.
É só ouvir e amar?!

Como é difícil fazer o que nos pede o Evangelho. Mateus 5, 43-48, então, nem se fala. Amar o inimigo, para alguns, é o mesmo que enxugar gelo, colocar areia na farofa, ou até mesmo renunciar algumas próprias convicções. Mas não é um mal necessário. Muito pelo contrário.

Como a psicanálise, que efetivamente afasta o sujeito da alienação, ela encontra "inimigos" visíveis e invisíveis por todo o canto, justamente por ser livre seu exercício, muitos buscam moldá-la, sem sucesso, e daí tentam a manipulação com exigências ou mesmo vê-la longe, segundo o psicanalista Evandro Limongi Marques de Abreu.

"Se querem reserva de mercado, verbas e financiamentos públicos, o lucro fácil pela desgraça alheia soterrada de pílulas, síndromes, transtornos e o mais, inventados diariamente por tais facilitadores. Nada conseguirão! Sempre que alguém falar e outro ouvir, ali ela estará"!

Hoje se tem pílula para tudo. Está com depressão tome "isso" duas vezes ao dia. Tem angústia ou aflição, basta um comprimido "daquilo" antes de dormir e pronto. Até para inimizade tem remédio manipulado. Tá de "cara feia" para alguém? Então deve tomar um coquetel de genéricos para acalmar os "nervos". É mais fácil, além de ser mais barato nas farmácias populares. Lógico que há casos em que o uso de medicamentos é necessário, mas, na maioria das vezes, o limite entre o que é remédio e o que é tóxico encontra-se numa linha tênue. Tudo isso é perdoável. Se eles não sabem o que fazem.

Amar o inimigo

Quanto ao preceito bíblico, no versículo 46, Jesus Cristo fala do resultado dessa ação ousada de amar o inimigo por parte de quem está ferido, moral ou financeiramente. "Porque, se ameis aqueles que vos amam, que recompensa tereis?"

Não é para sair por aí fazendo caridade em troca de alguma coisa, mas simplesmente seguir o caminho mais estreito e difícil para encontrar a paz. É por isso que Cristo nos pede para seguirmos esse caminho da perfeição. Se o Pai perdoa, eu também posso perdoar. Difícil? Não! Quase impossível é um camelo passar pelo buraco da agulha. Mas até isso é possível. Até um rico, ou qualquer que seja, entrar no reino dos céus!

Na reflexão sobre as leituras de hoje (Dt 26, 16-19, Sl 118, 1-2. 4-5. 7-8 (R. 1b) e Mt 5,43-48) a CNBB indica o seguinte: "um dos valores mais determinantes da nossa vida é a justiça, mas na maioria das vezes deixamos de lado a justiça de Deus para viver a justiça dos homens, fundamentada na troca de valores e não na gratuidade de quem de fato ama".

A reflexão continua dizendo que quem ama verdadeiramente reconhece que Deus é amor e tudo o que somos e temos vem dele, como prova desse amor gratuito. Assim, as nossas atitudes não podem ser determinadas pelas diferentes formas de comportamento das pessoas que nos rodeiam, mas pelo amor gratuito de Deus que deve fazer com que sejamos capazes de superar toda forma de vingança em nome da justiça e procurar dar a nossa contribuição para que o mundo seja cada vez melhor.

Enfim, diante de tudo sigo o historiador e político francês, do século XVII, Alexis de Tocqueville, que disse a célebre frase: "precisamos aprender a conviver com nossos inimigos, já que não podemos transformar todos eles em amigos". Mesmo nos esforçando para isso. Complemento.



Fonte: Redação Maratimba.com
 
Por:  Roney Moraes    |      Imprimir