Categoria Opinião  Noticia Atualizada em 12-03-2012

Tartaruga “ninja”
“O meu pai ensinou-me a trabalhar; não me ensinou a amar o trabalho”, Abraham Lincoln.
Tartaruga “ninja”

Não sei por onde começar a crítica ao movimento dos professores da rede municipal. Talvez por um viés revolucionário ainda existente, ou, pelo fato de conhecer e ter estudado com muitos dos professores que estão a favor do movimento em Cachoeiro de Itapemirim. Mas, vamos lá. Assim caminha a humanidade... Em ritmo acelerado de campanha.

Isso mesmo. Campanha eleitoral. Nada mais. A paralisação não passa de um movimento político, ou quem sabe uma "exigência educativa" para manusear juridicamente os fantoches de giz de cera? Professor, por favor... Ensaiar greve em ano de eleição? Brincadeira.

Está certo. Lei é lei e o piso deve ser pago aos professores. Mas o caos em que se encontram várias escolas da rede nos bairros periféricos é que deveria ser tratado com maior urgência entre a categoria. Alunos que ameaçam e até cumprem as ameaças aos educadores nos colégios públicos estão virando rotina. Procurem ver o número de ocorrências registradas nos últimos anos e comprovem o aumento da violência contra o professor.

Enquanto os manifestantes fazem como a tartaruga, ou seja, "nada"... Para mudar o perfil das comunidades onde estão inseridas as escolas, as crianças perdem a pouca liberdade que têm nos momentos em que estão no ambiente escolar. Digo isso, principalmente, nos bairros mais carentes da cidade. E velozes como lobos, os agentes facilitadores da dependência química entram para ficar na sala de aula, inclusive, como a progressão continuada e o egocentrismo de alguns coordenadores do movimento (não quero generalizar). Três grandes problemas que, sem solução, vão levar a geração atual de estudantes ao ostracismo e ao inevitável mundo do "fácil", o crime.

A cultura e o conhecimento privados às crianças por puro ato de narcisismo podem prejudicar ou inflar ainda mais a situação, a meu ver, caótica nas escolas públicas. A operação tartaruga é, sem dúvida, operadora dessa situação, pois o aluno passa menos tempo na sala de aula e mais tempo em ambiente hostil.

Deram um prazo para que se cumpra a exigência do piso nacional e para a redução da carga horária. Parece que trabalhar vinte e cinco horas é muito para uns mestres. Isto é um verdadeiro sequestro à educação dos jovens, com descarado pedido de resgate, que, por motivos sociais pouco estão se importando com eles mesmos. Se nem os professores ligam para eles... Ninguém faz greve para melhorar as condições dos discentes. Para chegarem mais livros, para incluírem outros profissionais que auxiliariam os docentes na atuação psicossocial dos pais e alunos das periferias... Isso sim mereceria apoio incondicional de toda opinião pública.

Em tom de ameaça; "se nenhum acordo for fechado, os professores decretarão greve geral por um tempo indeterminado", o comando do movimento cágado (réptil da ordem testudinata: a mesma das tartarugas) está mais para uma fonte geradora de alienação do que revolucionária. Por isso, nem perco meu tempo em falar mais de operação tartaruga. Para mim é cágado. Também conhecido como "tartaruga pescoço de cobra".

Se a carapaça (achatada e de cor escura) serviu é só vesti-la, colocar uma melancia no pescoço e ir para Linha Vermelha servir de trampolim político para os que vão colocar a cabeça para fora na hora da desova eleitoreira.


Fonte: Redação Maratimba.com
 
Por:  Roney Moraes    |      Imprimir