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"Todo mundo é especial", diz jovem que nasceu com Síndrome de Down

Dia Internacional da Síndrome de Down é comemorado nesta quarta-feira. ONU reconheceu data oficialmente após pedido encabeçado por brasileiros.

Foto: g1.globo.com

A ideia de que as pessoas com Síndrome de Down não levam uma vida comum, há anos, já caiu por terra. Hoje, grande parte delas trabalha e tem uma agenda de atividades mais atribulada do que muita gente. Nesta quarta-feira (21), eles celebram um dia só deles e têm muito o que comemorar: a partir deste ano, a Organização das Nações Unidas (ONU) reconhece oficialmente o Dia Internacional da Síndrome de Down, após um pedido encabeçado por brasileiros.

"Todo mundo é especial", diz Bruna Santos, de 29 anos. Ela nasceu com a síndrome, mas, desde muito cedo, tem uma agenda lotada. "Trabalho, faço teatro, informática e inglês e vou para a balada com os meus amigos", enumera.

O incentivo veio dos pais, Célia e Tomás. Graças a eles, Bruna e outros jovens e crianças ganharam a oportunidade de viver normalmente - o casal é fundador da comunidade Felicidade Down, que, há sete anos, reúne famílias de várias cidades da região. "Nós percebíamos que os pais não davam liberdade para os filhos, às vezes, por excesso de cuidado, e quisemos mudar isso. A Bruna teve oportunidade de viajar com os irmãos e primos, de sair sem mim", conta Célia.

Segundo ela, a Felicidade Down nasceu naturalmente e vem ganhando cada vez mais destaque. "Fomos conhecendo outros casais com filhos com Síndrome de Down e nos juntando. Quando percebemos, já eramos uma grande família", diz. A comunidade já é tão conhecida que, em breve, fará parte de um cadastro nacional. "Estamos duplamente felizes. Neste início de ano, fomos convidados a participar de um grande projeto de Síndrome de Down no Brasil, que contará com outras entidades já bastante conhecidas", afirma.

Como em qualquer outro grupo, dentro da Felicidade Down também há aqueles que se destacam. Paulo Roberto do Amaral, de 28 anos, escolheu ser atleta - e de sucesso. Desde que começou, ele já acumulou 113 medalhas na natação em vários estados do país, para os quais viajou sozinho com a equipe. "Já disputei os campeonatos Paulista e Brasileiro e a Copa América de Natação, dentro da categoria Down. Treino quase todo dia e também jogo futsal. Gosto muito de esportes", conta.

Assim como Bruna, Paulo participa de diversas atividades. Segundo a mãe, informática é a preferida. "Ele está há três anos na escola, adora computador e ainda me corrige quando eu faço alguma coisa errada", conta Heloísa do Amaral.

A diversão também não fica de lado. No último carnaval, Paulo e outros jovens da Felicidade Down desfilaram em uma ala própria na tradicional escola de samba de Sorocaba, a 28 de Setembro. "É ele quem vai na frente e puxa todo mundo. Ele anima qualquer festa e, além de tudo, é muito atencioso", diz a mãe.

Mas tanta atenção, na vida afetiva, pode ser sinônimo de problema. "Agora estou solteiro. Terminei um namoro há pouco tempo", conta o jovem. A mãe entrega o motivo: "Ele gosta de conversar com todo mundo, de dar atenção, e a menina era muito ciumenta. Ele não aguenta ninguém no pé dele, não", diverte-se Heloísa.

Para os fundadores da comunidade, a pessoa que nasce com a síndrome não deve ser tratada de forma diferente. "Acreditamos que não existe preconceito, o que existe é falta de informação. Eles não precisam assistencialismo, mas de oportunidades, e o item mais importante para conseguir isso é a informação. Tudo o que nós queremos é a felicidade dos nossos filhos", encerra Célia Santos.

Comemorações

No último domingo, a Felicidade Down realizou uma festa com mais de 500 convidados para celebrar a data desta quarta. "Ficamos muito contentes. Mais de 100 pessoas com a síndrome participaram da comemoração", afirma Célia, a fundadora.

E ela não foi a única que ficou satisfeita. Os homenageados aproveitaram a festa do começo ao fim e se divertiram ao som do DJ. "Estava uma delícia! Nós dançamos muito e teve até escola de samba", conta Bruna Santos.

Nesta terça-feira, as pessoas com Síndrome de Down também ganharam homenagem na Câmara de Sorocaba. Os que trabalham receberam um diploma de destaque e a Felicidade Down ganhou um voto de congratulações pelo trabalho prestado à comunidade Down na cidade.

No próximo domingo (25), às 10h30, o grupo realiza um encontro matinal na pista de caminhada do Parque Campolim. O evento é aberto ao público e visa reunir pessoas com Síndrome de Down de todas as faixas etárias, além de pais, amigos, familiares e profissionais interessados no assunto.

Fonte: g1.globo.com

Por: Caroline Costa | Imprimir