Categoria Opinião  Noticia Atualizada em 02-04-2012

Verdade inconveniente
"Para psican�lise a toxicomania n�o � s� doen�a. � sintoma�, Maria Rita Kehl.
Verdade inconveniente

N�o � f�cil falar sobre drogas. Uma vez que ningu�m se interessa pelo assunto. Preferem jogar o problema para debaixo do tapete, a n�o ser �queles que sofrem de alguma maneira com o problema em sua fam�lia ou outra circunst�ncia parecida. A verdade inconveniente � que as drogas est�o dentro da casa de todo o mundo, sem exce��o.

Para aqueles que esbugalharam os olhos. Poderia escrever uma indireta. Mil iriam ler, mas voc�, que precisa realmente entender a quest�o, n�o ia dar a m�nima. Por isso venho falar um pouco sobre esse "mal" que tanto assombra o seio de muitas fam�lias.

A��o conjunta! Esta � a frase de ordem para que as coisas realmente aconte�am no que diz respeito ao combate �s drogas, sem esquecer a interven��o e, principalmente, tratamento dos dependentes qu�micos, onde muitos trabalhos devem ser revistos e reavaliados.

Os esfor�os do poder p�blico s�o louv�veis at� que esbarrem na palavra pol�tica, t�o controversa que hoje perdeu seu verdadeiro significado tornando qualquer objeto de sofrimento social um trampolim para uma pauta eleitoreira partid�ria. E n�o � isso que queremos nesse momento.

O que a opini�o p�blica e a sociedade realmente querem � uma solu��o paliativa para o "mal" do mil�nio, ou seja, o consumo doentio e abusivo de subst�ncias psicoativas que destroem n�o s� a fam�lia, mas a "p�lis", como sendo reuni�o dos cidad�os, sob mesmas leis e territ�rio, formando a cidade-estado. A comunidade. � dessa palavra (p�lis) que deriva o termo pol�tica.

Devemos recorrer a estrat�gias de enfrentamento levando em considera��o a regi�o, cultura e perfil, se urbano ou rural, para uma melhor efic�cia nessa luta que � �rdua, infinita, cansativa, mas que vale a pena quando uma vida � restaurada por a��es s�rias e precisas que v�o direto a causa do "problema", n�o apenas � superficialidade do uso em si.

Todas as a��es coletivas que n�o levarem em considera��o a individualiza��o e a subjetividade do sujeito ser�o fadadas ao fracasso. Quero dizer com isso que padr�es imut�veis de tratamento ou muros de concreto aprisionando dependentes n�o resolvem a quest�o e nunca resolver�o. O tema � mais profundo do que imagina nossa v� filosofia, por isso recorro ao pensamento de Hannah Arendt quando ela falava sobre a causa de nossa a��o.

O que nos faz agir politicamente? O interesse da fil�sofa alem� n�o � diferente do nosso, pelo menos do meu. Em suas reflex�es, origin�rias do pensamento grego, ela distingue dimens�es da atividade humana e, uma delas, em especial, me chama aten��o, a "animal laborans", que sugere um agente aprisionado pelas necessidades biol�gicas e trabalha somente para prover sua subsist�ncia. Ora! O que fazem os dependentes a n�o ser mover-se para conseguir saciar a insaci�vel compuls�o?

Penso que, como afirma a obra "A Condi��o Humana", a a��o pol�tica deve manter institui��es respons�veis pela cria��o de condi��es para receber os rec�m chegados ao mundo. Atualizando para o tema, ouso dizer que tamb�m merecem a classifica��o de renascimento, os que obtiveram �xito em um tratamento de depend�ncia qu�mica, uma vez que retornam dos mortos.

Por isso tenho que reconhecer que o poder p�blico sozinho n�o pode resolver o problema.

Toda a sociedade deve se envolver, pois a droga, em si, n�o � o foco, � mais um sintoma de um problema social que deve ser resolvido, para que o indiv�duo n�o procure esse "escape" e enfrente a vida como ela realmente �. Mas, para isso, ele, o adicto, precisa de ajuda de pessoas que n�o abusem de subst�ncias psicoativas que est�o ao alcance de qualquer um.

Enfim, os puritanos, cr�ticos e "caretas" consumidores fren�ticos de �lcool, tabaco, tranquilizante, calmante e outras drogas l�citas deveriam tomar mais cuidado para n�o acabarem entre os 10% de pessoas que n�o possuem qualquer controle sobre essas subst�ncias. Pensem nisso!

Fonte: Reda��o Maratimba.com
 
Por:  Roney Moraes    |      Imprimir