Categoria Politica  Noticia Atualizada em 03-05-2012

Vereador citado em denúncia decide o próprio destino em Conselho de Ética
Francisco Garcez (PSDB) decidiu seguir na presidência do órgão em Curitiba. Votação sobre permanência empatou e presidente teve voto de minerva.
Vereador citado em denúncia decide o próprio destino em Conselho de Ética
Foto: g1.globo.com

O presidente do Conselho de Ética da Câmara Municipal de Curitiba, Francisco Garcez (PSDB), decidiu permanecer no cargo em reunião realizada pelo órgão nesta quinta-feira (3). Ele havia colocado o cargo à disposição na última segunda (30), mas a votação empreendida entre os demais integrantes do Conselho resultou em empate. O voto de minerva foi do próprio Garcez.

O jornal Folha do Boqueirão, de propriedade do vereador, recebeu verbas da Câmara para divulgação de publicidade do legislativo municipal nos últimos anos, de acordo com investigações da série "Negócio Fechado", da RPC TV e o do Jornal Gazeta do Povo. Apesar de argumentar que já havia se desligado do periódico quando assumiu a cadeira, ele se comprometeu a depositar R$ 31, 5 mil em juízo para ressarcir a Casa.

Depois da denúncia, Garcez disse que não se sentia mais à vontade na presidência do órgão, que é o responsável por julgar os demais vereadores em casos de quebra de decoro. Esta foi a razão argumentada para a reunião do Conselho nesta quinta.

No encontro, os vereadores Dirceu Moreira (PSL) e Noêmia Rocha (PMDB) votaram pelo afastamento, enquanto Jorge Yamawaki (PSDB) e Pastor Valdenir Soares (PRB) optaram pela permanência. Como não havia regimento previsto para caso de empate, o próprio Garcez instituiu o voto de minerva como critério de desempate e decidiu permanecer.

"Eu resolvi não me afastar, uma vez que não há ainda nenhuma acusação formal, nenhuma citação", justificou Garcez após a reunião. Ele também argumentou que existem processos em andamento que ele gostaria de encerrar antes de deixar a presidência do Conselho de Ética. Ele nega que tenha agido irregularmente. "Minha consciência sempre esteve tranquila, porque eu não sou ladrão, eu não me apropriei de dinheiro público, não causei prejuízo aos cofres públicos. Foi um erro de desligamento de prazos", disse.

Entenda o caso

Entre 2006 e 2011 a Câmara destinou quase R$ 35 milhões para publicidade. Este dinheiro foi administrado pelas empresas Oficina da Notícia e Visão Publicidade. A RPC TV e o jornal Gazeta do Povo tiveram acesso às notas fiscais e documentos que correspondem a menos de 10% desta movimentação e verificaram que 180 empresas receberam dinheiro público, como o jornal de Garcez.

Em abril de 2011, dois anos após Garcez assumir o mandato, o periódico Jornal Folha do Boqueirão emitiu três notas fiscais, em sequência e em um único dia, para a Câmara totalizando R$ 14 mil. O vereador disse que se afastou da direção do jornal assim que assumiu, porém, uma alteração no contrato da empresa mostra que ele transferiu a sociedade para outra pessoa dois meses após as primeiras denúncias de irregularidades no legislativo se tornarem públicas, em 2011.



Fonte: g1.globo.com
 
Por:  Caroline Costa    |      Imprimir