Categoria Acidente  Noticia Atualizada em 16-05-2012

Passageiros relatam pânico após colisão de trens do Metrô em SP
"Foi um pesadelo, com uma pessoa em cima da outra", disse corretor. Dois trens da Linha 3-Vermelha bateram entre as estações Penha e Carrão.
Passageiros relatam pânico após colisão de trens do Metrô em SP
Foto: g1.globo.com

Os passageiros que estavam nos trens da Linha 3-Vermelha do Metrô relataram pânico após a colisão ocorrida por volta das 9h50, na Zona Leste de São Paulo. Os bombeiros afirmam ter socorrido 33 pessoas, entre elas duas em estado grave.

Os trens bateram entre as estações Penha e Carrão. O trecho foi interditado e um esquema especial de transporte foi montado, com apoio da SPTrans.

O técnico em comunicações Cleyton Lima, de 28 anos, conta que o botão de abrir a porta não funcionou. Para sair do trem, o técnico teve que acionar o mecanismo de emergência com o pé. "Eu só fui com o pé [acionar a trava]. Ela já estava meio desatada e eu acionei. O botão de abrir a porta não funcionou. Quando bateu [o trem], já desligou a energia na hora", disse.

O analista de sistemas Fabrício dos Santos Souza, de 26 anos, estava no primeiro vagão de um dos trens do Metrô que se chocaram na manhã desta quarta-feira (16) e conta que temeu pelo pior. "Pensei que fosse morrer. O choque foi muito forte e muita gente que estava de pé foi jogada contra mim", afirma. O choque rendeu a Fabrício um ferimento na testa, sobre o olho esquerdo, que sangrava sem parar.

O analista de sistemas, que é torcedor do Palmeiras, teve de lançar mão da camisa da torcida Força Jovem do Vasco da Gama para conter o sangramento e se limpar. Ele levava a camisa para provocar colegas de trabalho e assistir ao confronto entre Corinthians e Vasco na noite desta quarta com outros colegas palmeirenses. Ele ganhou a camisa em um jogo no Rio de Janeiro – facções das torcidas de Palmeiras e Vasco são aliadas. Fabrício foi socorrido no Hospital do Tatuapé, e diz que mesmo ferido pretender trabalhar e assistir ao jogo. "Meu palpite é 3 a 1 pro Vascão", afirmou.

Sobre o choque, ele relata ainda que o momento foi de desespero. As pessoas gritavam e muitos dos passageiros caíram sobre uma criança. "Eu estava meio tonto. Num momento vi que tinham aberto a janela e saí por ali. Ele pede mais manutenção e investimentos no Metrô, pois continuará usando normalmente o serviço, já que mora no Itaim Paulista, extremo da Zona Leste, e trabalha nos Jardins.

O corretor de imóveis Fernado Gomes Pereira estava no trem da frente quando houve o impacto e disse ter vivido "um pesadelo". "Quando eu vi, estava no chão. Foi horrível. Havia uma pessoa em cima da outra, o impacto foi forte. Foi um massacre, foi traumatizante", disse.Quando ocorreu a colisão, os passageiros começaram a gritar e a chorar, segundo o corretor. "Foi um pesadelo, as pessoas estão até agora em estado de choque", disse.

Os dois não tiveram ferimentos. Cleyton disse ter sido orientado a ir até a delegacia do metropolitanio registrar uma ocorrência.

Dificuldade

As maiores dificuldades no resgate foram a energia elétrica da via e o muro separando as linhas, afirma o coronel Jair Paca de Lima, comandante da Defesa Civil Municipal. "O grande problema é a energia das redes [de Metrô]. Você precisa fazer o corte desta energia", afirmou.

O muro que divide as linhas de trem e a calçada da Radial Leste também foi um empecilho, segundo Paca de Lima. "O muro é um empecilho, mas com a colocação de escadas, houve atendimento a todos os feridos."

Por volta das 12h, a rede do Metrô já estava reenergizada, segundo o comandante da Defesa Civil. Neste horário era aguardada a chegada da Perícia, afirma Paca de Lima.

Resgate

O resgate de vítimas da colisão entre dois trens da Linha 3-Vermelha do Metrô de São Paulox já havia sido finalizado por volta das 11h30 desta quarta-feira (16). Segundo os bombeiros, 33 pessoas ficaram feridas - duas delas em estado grave com hemorragias e suspeita de traumatismo craniano.

Sessenta e oito homens da corporação atuaram no local em 23 veículos. As vítimas resgatadas eram imobilizadas e colocadas em macas. Foi preciso que as macas fossem passadas sobre o muro que separa os trilhos da Linha 3-Vermelha da Radial Leste para levar as vítimas a hospitais. Os feridos foram levados para o Hospital das Clínicas, Santa Casa e Hospital do Tatuapé.

Segundo o major Fábio Barbieri, do Corpo de Bombeiros, uma das vítimas com ferimentos leves estava grávida e passou mal após o acidente, mas não perdeu o bebê e passa bem. Os demais tiveram luxações, escoriações e outros ferimentos leves.

Falha em sistema de automação

Segundo o secretário-geral do Sindicato dos Metroviários, Paulo Pasin, houve um choque entre duas composições devido a uma falha no sistema de automação do Metrô. O sindicalista, que estava em reunião com dirigentes do Metrô para discussão de propostas salariais na hora do acidente, diz ter recebido informações de que o sistema automático que faz um trem parar quando outro está à frente não funcionou.

"Não pode ter havido falha humana porque esse sistema é automático", disse Pasin. "Em 20 anos de Metrô, eu nunca vi nada disso acontecer", acrescentou. Em entrevista por telefone à TV Globo, o presidente do Metrô, Peter Walker, confirmou que a principal suspeita é de uma falha no sistema de atuomação.







Fonte: g1.globo.com
 
Por:  Caroline Costa    |      Imprimir