Categoria Politica  Noticia Atualizada em 21-05-2012

Egito escolhe novo presidente após revolta que derrubou ditador
Treze candidatos disputam cargo 15 meses após queda de Hosni Mubarak. Principal força política, Irmandade Muçulmana enfrenta as urnas dividida.
Egito escolhe novo presidente após revolta que derrubou ditador
Foto: AFP

Mais populosa nação do mundo árabe, o Egito vai às urnas nas próximas quarta e quinta-feira (dias 23 e 24) para escolher um novo presidente 15 meses após a queda de Hosni Mubarak. A queda do ditador, que comandou o país por 30 anos, depois de 18 dias de intensos protestos na Praça Tahrir, tornou-se o evento máximo da chamada Primavera Árabe, movimento por mudanças que começou na Tunísia e se espalhou pela Líbia e pela Síria.

Treze candidatos disputam o cargo máximo do país, governado desde então por uma junta militar. Há duas semanas, os dois candidatos que lideram as pesquisas, Amr Moussa - ex-chanceler do governo Mubarak - e Abdel Aboul Fotouh, se enfrentaram no primeiro debate eleitoral realizado no país.

Dissidente da Irmandade Muçulmana, a principal força política do país, Fotouh protagonizou um dos principais revezes do grupo ao lançar sua candidatura independente. Além de perder o apoio, o Partido Liberdade e Justiça, ligado à Irmandade, ainda teve que substituir seu candidato inicial, Jairat al Shater, afastado da eleição por uma condenação antiga.

No lugar dele, concorre Mohammed Morsi, um engenheiro de 60 anos que ganhou o apelido de "estepe" entre seus críticos, por ter entrado na corrida de improviso.

Inicialmente, os islamitas, que venceram com folga as eleições legislativas em abril, prometeram inclusive não apresentar um candidato à presidência. A mudança de opinião contrariou muitos deles.

O jogo alternativo de conivência e de enfrentamento com os militares que dirigem o país desde a queda de Mubarak, em fevereiro de 2011, também não fez bem à imagem do partido islamita. A Irmandade Muçulmana "criou por si só as condições para ficar em dificuldades", diz Michael Wahid Hanna, do centro americano de estudos The Century Foundation.

Mesmo assim, a Irmandade colocou em ação sua poderosa engrenagem de militantes e apresenta-se como "a defesa da revolução", segundo eles colocada em risco por figuras que fizeram parte do regime de Mubarak, como Amr Moussa e Ahmed Shafiq, seu último primeiro-ministro.

Tensão
Dezenas de milhares de egípcios se reuniram novamente na Praça Tahrir em 25 de janeiro deste ano para marcar o primeiro aniversário do início dos protestos. O espírito de união contra o regime do levante do ano passado deu lugar a novas tensões entre as facções políticas do país e os militares, que permanecem no poder desde a queda de Mubarak, e pelo temor sobre a ascensão dos partidos islâmicos.

O Conselho Supremo das Forças Armadas (CSFA), que controla o país, prometeu eleições "100% honestas e transparentes", além de ter ressaltado o compromisso de devolver o poder aos civis, após confrontos que deixaram ao menos dois mortos e quase 300 feridos. Outras 179 pessoas foram colocadas em prisão preventiva de 15 dias.

Soma-se ao tumulto uma aguda crise financeira, que pode minar a transição política do Egito. Com dívidas de montagem, crescimento econômico pífio e diminuição das reservas estrangeiras, o novo presidente e Parlamento terão pela frente desafios como uma desvalorização quase inevitável da moeda, que pode causar uma alta nos preços dos alimentos e outros bens essenciais.

Fonte: g1.globo.com
 
Por:  Maratimba.com    |      Imprimir