Categoria Ciência e Saúde  Noticia Atualizada em 12-06-2012

Estado de saúde de Mubarak é estável, dizem médicos
Equipe médica diz que ex-presidente recebe líquidos por via intravenosa. Saúde do ex-ditador deteriorou desde que ele pegou prisão perpétua.
Estado de saúde de Mubarak é estável, dizem médicos
Foto: g1.globo.com

O estado de saúde de Hosni Mubarak se estabilizou nesta terça-feira (12), disseram autoridades médicas. Nesta segunda (11), foi anunciado que sua saúde estava se deteriorando.

Os relatos sobre a condição de Mubarak têm sido conflitantes desde que um tribunal o condenou-o em 2 de junho à prisão perpétua por não impedir as mortes de manifestantes no levante que derrubaram ele no ano passado.

Mubarak, 84, tem sofrido de pressão alta e problemas respiratórios e está em uma depressão profunda, de acordo com oficiais de segurança da prisão Torah, onde ele cumpre sua sentença. Na segunda-feira (11), os médicos no hospital da prisão usaram um desfibrilador nele duas vezes após sentirem pulsação.

Autoridades médicas disseram que oxigênio foi administrado a cada cinco minutos para auxiliar sua respiração desde a segunda-feira. Eles disseram que estão monitorando seu coração e pressão arterial e que ele está em tratamento intensivo. Os funcionários falaram sob condição de anonimato porque não foram autorizados a falar com a imprensa.

Autoridades disseram que Mubarak tem recebido líquidos por via intravenosa e que também perdeu a consciência várias vezes no domingo (10).

O advogado de Mubarak, Farid el-Deeb, disse a uma emissora de TV privada na segunda-feira que o hospital da prisão não foi bem equipado para lidar com a condição crítica de seu cliente, apesar de um investimento de US$ 1 milhão para acomodar o líder deposto. Ele disse à emissora CBC que em sua primeira noite no hospital da prisão, os médicos não conseguiam operar a máquina para administrar oxigênio para Mubarak.

"Isto não pode ser chamado de hospital. Eu vi com meus olhos," disse el-Deeb à emissora. "Mubarak não confia mais em ninguém. Ele ficou surpreso ao descobrir novos médicos cuidando dele, e não os que tratavam dele antes, e tem medo de tomar qualquer coisa de qualquer um. Ele não reconhece os rostos ao seu redor. Este é um grande problema para ele."

El-Deeb visitou Mubarak no sábado.

"O hospital é muito, muito humilde. Ele desmaiou três vezes em uma hora e meia. Algo grave está acontecendo."

El-Deeb disse que Mubarak contou a ele como se sente: "eles [os médicos] receberam ordens de me matar."

Estado crítico

O estado de saúde de Mubarak piorou muito, informou nesta segunda-feira uma fonte penitenciária que afirma que o ex-presidente sofreu paradas cardíacas e desmaios. A CNN afirmou que ele estaria em coma.

"O coração (de Mubarak) parou duas vezes. Os médicos tiveram que recorrer a um desfibrilador", informou uma fonte médica da prisão de Tora, ao sul do Cairo.

"Às vezes está consciente e outras, inconsciente, e nega-se a se alimentar", acrescentou a fonte que pediu para não ser identificada, dando a entender que seu estado de saúde havia se deteriorado bruscamente.

Anteriormente, um funcionário do Ministério do Interior havia afirmado que o estado de saúde de Mubarak era "crítico, mas estável".

As autoridades egípcias também indicaram que estudavam a possibilidade de transferir o ex-presidente a um hospital da capital.

A saúde do ex-chefe de Estado se deteriorou quando chegou ao estabelecimento carcerário, onde foi instalado em uma área sob controle médico. Fontes de segurança afirmam que sofre de depressão aguda, tem dificuldades respiratórias e hipertensão.

Sua família pediu sua transferência para um hospital, mas as autoridades divulgaram que ainda não tomaram uma decisão e que Mubarak seria "tratado como qualquer prisioneiro". Antes de sua condenação, Mubarak se encontrava em um hospital.

O ex-chefe de Estado foi condenado à prisão perpétua pela repressão da revolta contra seu regime no início de 2011, que deixou cerca de 850 mortos.

O tribunal não o acusou de ter uma responsabilidade direta, e sim de não ter tomado as iniciativas necessárias para impedir essas mortes. As acusações de corrupção contra ele e seus dois filhos Gamal e Alaa não foram consideradas.

Seis autoridades de alto escalão da segurança da época foram absolvidas, o que levou muitos egípcios a considerar que o processo foi muito clemente.

Na semana passada, as autoridades penitenciárias aceitaram que Gamal, também detido na prisão de Tora à espera de outro julgamento por corrupção, fosse transferido para ficar mais perto de seu pai. Mubarak teria solicitado que Alaa também ficasse perto dele.

Sua esposa Susana e suas duas noras receberam autorização para visitá-lo no domingo depois de rumores de que teria falecido, segundo meios de comunicação governamentais.

Um de seus advogados, Farib el-Dib, afirmou que "consideraria o Ministério do Interior e o procurador-geral responsáveis se Mubarak falecesse na prisão" sem receber atendimento médico adequado.

Mas as autoridades temem que uma eventual transferência a um hospital enfureça parte da população, quando o país atravessa um momento difícil.

As informações sobre a saúde de Mubarak desde sua renúncia, em fevereiro de 2011, foram muitas vezes parciais e contraditórias. Mubarak compareceu durante seu julgamento deitado em uma maca, mas muitos egípcios consideram que se tratava de uma estratégia para provocar compaixão.

Em março de 2010, Mubarak foi hospitalizado na Alemanha para uma retirada da vesícula biliar e de um pólipo no duodeno.



Fonte: g1.globo.com
 
Por:  Caroline Costa    |      Imprimir