Categoria Opinião  Noticia Atualizada em 25-06-2012

UM RECUO ESTRATÉGICO
“O conceito de estratégia, em grego strateegia, em latim strategi, em francês stratégie... Os senhores estão anotando?", Capitão Nascimento.
UM RECUO ESTRATÉGICO

Um milhão de pessoas já usou o crack no país. E a notícia de que traficantes resolveram proibir a venda da droga em algumas favelas do Rio de Janeiro não deveria deixar as autoridades de cabelo em pé. Na realidade, o problema nunca é visto de cima para baixo e sim nas ruas. No submundo. Pergunte aos policiais que fazem ronda nas "cracolândias" espalhadas por todo o canto que eles vão dizer o motivo. Óbvio. Ninguém quer ser perturbado 24 horas por dia. Nem o vendedor de entorpecentes.

Parar com a venda de crack, segundo o colunista Ancelmo Góis, é o mesmo que suspender o comércio de remédios tarja preta. Tem razão. O viciado em medicamento para dormir ficaria louco de insônia. É mais ou menos por aí.

O criminoso, nos últimos tempos estava perdendo lucro para uma droga relativamente barata. É bem mais lucrativo e discreto o usuário comprar R$ 50,00 (cinquenta reais) em cocaína e não voltar mais à noite na Boca de Fumo do que vender cinco pedras de crack para um dependente que, com certeza, não irá ficar só naquela quantidade.

O crime volta a se organizar e tirar de circulação aqueles que chamavam a atenção da polícia para o seu ponto de venda. Onde há crack também há sempre pessoas circulando, roubando, pedindo em volta do traficante. Na cabeça do meliante, mais vale perder uns trocados do que ver a "casa cair" e parar na cadeia por causa de um bando de dependentes desesperados.

A atuação de repressão e as campanhas de combate ao crack podem ter ajudado na decisão que cedo ou tarde acabaria acontecendo. Lembrem-se que essa nova (velha) droga (o crack é uma nova forma de usar a cocaína) demorou anos para entrar no circuito Rio x Espírito Santo. Muito antes o estado de São Paulo estava praticamente dominado pela ‘pedra’, como é popularmente chamada.

De acordo com o blog do jornalista Luis Nassif, que reuniu alguns especialistas para abordarem o assunto, Luiz Eduardo Soares, que acabou de lançar "Tudo ou Nada" (Editora Nova Fronteira) - onde conta a história de um traficante internacional de drogas - afirmou que o anúncio da proibição de venda do crack pelos próprios criminosos é reflexo das transformações que vêm ocorrendo no tráfico do Rio em consequência também do projeto de pacificação de favelas.

Soares lembra que "os protagonistas da economia do tráfico são capazes de avaliações e certamente chegaram à conclusão de que o negócio com o crack tem alto risco e baixa lucratividade".

Os traficantes sabem que o crack liquida em pouco o tempo o consumidor. Persistir nesse negócio é como matar a galinha dos ovos de ouro. Outro especialista diz que o quadro de repressão ao crack com certeza é um dos fatores. Assim é uma decisão racional deixar esse produto. Isso evitar a chamar a atenção para o negócio das drogas mais lucrativas.

Se para alguns é o tráfico que dita as ordens, para outros podem considerar uma pequena vitória da sociedade que, com as "armas" que têm, fez facção recuar. Isso em minha opinião é positivo e operante.

Resta saber se outros locais de venda vão aderir ao recuo dos traficantes. Hoje, em Cachoeiro de Itapemirim-ES e adjacências, não há droga mais comercializada do que o crack e o custo, dependendo da cidade, chega a variar por pedra do mesmo tamanho entre R$ 5,00 à R$ 20,00.

Fonte: Redação Maratimba.com
 
Por:  Roney Moraes    |      Imprimir