Categoria Politica  Noticia Atualizada em 27-06-2012

Partido que governou o Paraguai por 60 anos articula volta ao poder
Horacio Canes foi acusado por Lugo de ser mentor do impeachment. Favorito do Partido Colorado a elei��o, ele conta com apoio de �brasiguaios�.
Partido que governou o Paraguai por 60 anos articula volta ao poder
Foto: g1.globo.com

Um cavalo atravessa os port�es do clube da associa��o atl�tica dos banc�rios, na regi�o onde est�o instaladas muitas das embaixadas da capital paraguaia, Assun��o. Carregando uma bandeira vermelha, o cavaleiro grita, sob aplausos, "Viva o Partido Colorado!"

Atr�s dele, tr�s caminhonetes estilo SUV pretas estacionam na entrada principal. Do carro do meio, cercado de seguran�as, desce Horacio Cartes, principal lideran�a e pr�-candidato � Presid�ncia do partido �partido que governou o Paraguai de 1947 at� a elei��o de Fernando Lugo, em 2008.

Cartes � a presen�a mais aguardada do evento �oficialmente, o anivers�rio do tamb�m candidato a deputado Jos� Maria Iba�ez. O rosto dos dois, no caso de Castes bem mais rejuvenescido, est� num grande banner no centro do sal�o, todo decorado com bal�es vermelhos.

O empres�rio e pecuarista foi apontado pelo pr�prio Lugo com o poss�vel mentor do processo que terminou com o impeachment do ex-presidente, na sexta, e � o favorito �s prim�rias da sigla, previstas para agosto.


Festa do Partido Colorado nesta ter�a-feira (26) em Assun��o, capital do Paraguai, com cartaz de Castes e Iba�ez




Cartes diz que outros dois colegas de partido tomaram a iniciativa do julgamento pol�tico. "O movimento ao qual eu perten�o na verdade foi o terceiro dentro do partido a acompanhar [a ades�o ao impeachment]", diz em um portugu�s com apenas algumas palavras em espanhol.

Ele afirma que chegou a defender a perman�ncia de Lugo no cargo, "mesmo com todos os erros que vinha cometendo", mas, ao final, "vimos que est�vamos decidindo entre a vida e a morte". "Preferimos perder chances eleitorais, mas optar pela vida."

Ele se refere ao confronto entre policiais e sem-terra que deixou 17 mortos em Curuguaty, na fronteira com o Brasil, principal acusa��o dos parlamentares para destituir Lugo por "maus desempenho de suas fun��es".

Nome favorito do conservador Partido Colorado, ele conta com a simpatia dos produtores de terra, entre os quais os chamados brasiguaios, para chegar � Presid�ncia em 2013.

"O que � que eu vou falar hoje se os pr�prios produtores est�o pedindo que a paz volte para eles? O nosso grande compromisso � cuidar deles, eles n�o vieram ontem, tem gente com 30 e 35 anos [no pa�s] que j� tem fam�lia, filhos paraguaios, n�o fazem outra coisa que n�o trabalhar direito", defende.

Para o l�der colorado, foi Lugo quem atentou contra o pr�prio governo, ao n�o dar seguran�a aos produtores rurais. "Eu acho que o julgamento social a ele come�ou h� muito tempo. Eu n�o vou falar dessas brigas todas, dos filhos que ele n�o reconheceu, mas a inseguran�a no pa�s, ser� que sou eu que falo?", questiona.

"O Paraguai quer trabalhar, quer viver em paz. Aqui n�o saiu uma pessoa, saiu um modelo que evidentemente a popula��o n�o aceitou", discursa.

Entre os produtores, sua figura j� � conhecida. "Conhecemos bastante o trabalho dele, j� o encontramos, escutei o seu relato, do seu projeto [para o pa�s]", diz o agricultor Egon Genser, paraguaio descente de alem�es, para quem Lugo "queria ser um sucessor de Ch�vez no Paraguai".


Cartaz de Horacio Cartes na festa colorada




Corrida
Para ocupar retornar � cadeira que foi por d�cadas do partido, no entanto, Cartes enfrentar� ainda outros dois candidatos � indica��o colorada: Zacarias Ir�n e Lilian Samaniego � que � a presidente da legenda. Pelo Partido Liberal, de Federico Franco, devem estar na disputa o empres�rio Bl�s Llano e Efraim Alegre. O general Lino Oviedo concorre pelo dissidente colorado Unace (Uni�o Nacional de Cidad�os �ticos).

Questionado se o impeachment de Lugo ajuda sua candidatura e uma poss�vel volta dos colorados ao poder, Cartes desconversa.

"Isso seria uma arrog�ncia, n�o vamos cair nisso. Acho que ainda falta muito, cada um tem que trabalhar, e tudo que esperamos � que em abril do ano que vem a gente tenha elei��es transparentes, tranquilas, democr�ticas e, se Deus permitir, acho que v�o ser", diz antes de entrar no sal�o onde o locutor anuncia "o pr�ximo presidente do Paraguai".

Crise no Paraguai
Federico Franco assumiu o governo do Paraguai na sexta-feira (22), ap�s o impeachment de Fernando Lugo. O processo contra Lugo foi iniciado por conta do conflito agr�rio que terminou com 17 mortos no interior do pa�s.

A oposi��o acusou Lugo de ter agido mal no caso e de estar governando de maneira "impr�pria, negligente e irrespons�vel".

Ele tamb�m foi acusado por outros incidentes ocorridos durante o seu governo, como ter apoiado um motim de jovens socialistas em um complexo das For�as Armadas e n�o ter atuado de forma decisiva no combate ao pequeno grupo armado Ex�rcito do Povo Paraguaio, respons�vel por assassinatos e sequestros durante a �ltima d�cada, a maior partes deles antes mesmo de Lugo tomar posse.

O processo de impeachment aconteceu rapidamente, depois que o Partido Liberal Radical Aut�ntico, do ent�o vice-presidente Franco, retirou seu apoio � coaliz�o do presidente socialista.

A vota��o, na C�mara, aconteceu no dia 21 de junho, resultando na aprova��o por 76 votos a 1 � at� mesmo parlamentares que integravam partidos da coaliz�o do governo votaram contra Lugo. No mesmo dia, � tarde, o Senado definiu as regras do processo.

Na sexta, o Senado do Paraguai afastou Fernando Lugo da presid�ncia. O placar pela condena��o e pelo impeachment do socialista foi de 39 senadores contra 4, com 2 absten��es. Federico Franco assumiu a presid�ncia pouco mais de uma hora e meia depois do impeachment de Lugo.

Em discurso ap�s o impeachment, Lugo afirmou que aceitava a decis�o do Senado.

Mas, neste domingo, Lugo voltou atr�s, aumentou o tom disse que n�o reconhece o governo de Federico Franco e que n�o deve, portanto, aceitar o pedido do novo presidente para ajud�-lo na tarefa de explicar a mudan�a de governo a pa�ses vizinhos.

Isolamento
O novo governo de um dos pa�ses mais pobres da Am�rica do Sul est� isolado regionalmente, depois que Argentina, Brasil, Chile, Col�mbia, Equador, Venezuela, Peru e Uruguai retiraram ou chamaram para consultas seus embaixadores em Assun��o.

A press�o da regi�o � bastante perigosa para a pobre economia do Paraguai, que depende dos portos de seus vizinhos Argentina, Brasil e Uruguai para o transporte e o abastecimento, al�m das exporta��es.

O governo brasileiro disse que n�o tomar� medidas que "afetem o povo irm�o paraguaio".

O Uruguai tamb�m afirmou que n�o adotar� san��es econ�micas.

A Venezuela anunciou a interrup��o do envio de petr�leo ao Paraguai, mas o presidente da estatal paraguaia Petropar garantiu o abastecimento no pa�s, um importador.

O novo chanceler paraguaio, Jos� F�lix Fern�ndez Estigarribia, que tentou sem sucesso fazer contato com seus pares da regi�o, disse que nem sequer o diplomata respons�vel pela embaixada da Argentina em Assun��o o atendeu pelo telefone.

"Telefonei ao encarregado de neg�cios da Argentina e eles t�m ordens de ainda n�o atender ao telefone", disse.

A Alemanha afirmou que a Europa estava seguindo com preocupa��o os acontecimentos no Paraguai.

Os Estados Unidos, por sua vez, informaram que a sua secret�ria de Estado, Hillary Clinton, conversou com o chanceler brasileiro, Antonio Patriota, no fim de semana sobre a situa��o.

"Estamos muito preocupados pela velocidade do processo utilizado para esse impeachment", disse em entrevista coletiva a porta-voz do Departamento de Estado, Victoria Nuland.

Fonte: g1.globo.com
 
Por:  Maratimba.com    |      Imprimir