Categoria Politica  Noticia Atualizada em 27-06-2012

Defesa diz que Cachoeira está doente e não come; diretor nega
A advogada de Carlinhos Cachoeira, Dora Cavalcanti, afirmou nesta quarta-feira que a saúde do contraventor está deteriorada e ele não come há dias.
Defesa diz que Cachoeira está doente e não come; diretor nega
Foto: veja.abril.com.br

A advogada de Carlinhos Cachoeira, Dora Cavalcanti, afirmou nesta quarta-feira que a saúde do contraventor está deteriorada e ele não come há dias. Ela afirma que a situação de seu cliente se agravou desde que foi transferido da ala federal do Presídio da Papuda para o Centro de Detenção Provisória (CDP) do mesmo complexo penitenciário, como resultado da revogação do mandado de prisão da Operação Monte Carlo.

"Estamos preocupados com a integridade física dele, que passou por deterioração seríssima", disse. A advogada também afirmou que o empresário não recebe visitas da família há dias e está alojado em um ambiente sujo, o que colabora para a piora do quadro emocional.

O diretor do CDP, Nivaldo Oliveira da Silva, disse que já havia uma preocupação com a saúde de Cachoeira quando ele foi transferido para o local na última quinta-feira. No dia seguinte, o empresário teve uma consulta com o psiquiatra da família, que mudou a sua medicação. Cachoeira também passou por uma entrevista com o próprio Nivaldo, que alertou sobre cuidados que ele deveria tomar para preservar a saúde. "Se a gente não adotasse esses procedimentos, ele poderia ficar doente. Mas agora melhorou muito, está bem, saudável e comendo", disse.

O diretor também garante que o empresário está alojado em local adequado, embora divida uma cela pequena com mais sete presos. Cachoeira não teve direito a cela especial porque ainda não apresentou diploma de nível superior.

Assim como os outros presos, Nivaldo informa que Cachoeira também tem direito a dois banhos de sol diários de até duas horas, um pela manhã e outro à tarde, e que ele está se comunicando normalmente com os outros detentos.

Recurso

Os advogados acionaram o Supremo Tribunal de Justiça (STJ) duas vezes no início desta semana para tentar derrubar os dois mandados de prisão contra Cachoeira. O primeiro recurso, relativo à Operação Monte Carlo, é para que a Quinta Turma do STJ analise decisão do ministro Gilson Dipp que anulou liberdade concedida ao empresário pelo desembargador Fernando Tourinho Neto, do Tribunal Regional Federal da 1º Região (TRF1). A decisão do ministro atendeu a uma reclamação do Ministério Público.

Em relação à Operação Saint-Michel, os advogados recorreram ao STJ contra decisão unânime do Tribunal de Justiça do DF que negou liberdade a Cachoeira na última quinta-feira. "O processo da Saint-Michel é muito mais simples e menos grave que o da Monte Carlo. E da mesma forma que a Justiça já soltou os acusados da Saint-Michel, o Cachoeira também tem que ser solto", argumenta a advogada. O recurso está sob relatoria do ministro Dipp.

Carlinhos Cachoeira

Acusado de comandar a exploração do jogo ilegal em Goiás, Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, foi preso na Operação Monte Carlo, da Polícia Federal, em 29 de fevereiro de 2012, oito anos após a divulgação de um vídeo em que Waldomiro Diniz, assessor do então ministro da Casa Civil, José Dirceu, lhe pedia propina. O escândalo culminou na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Bingos e na revelação do suposto esquema de pagamento de parlamentares que ficou conhecido como mensalão.

Escutas telefônicas realizadas durante a investigação da PF apontaram contatos entre Cachoeira e o senador democrata Demóstenes Torres (GO). Ele reagiu dizendo que a violação do seu sigilo telefônico não havia obedecido a critérios legais.

Nos dias seguintes, reportagens dos jornais Folha de S.Paulo e O Globo afirmaram, respectivamente, que o grupo de Cachoeira forneceu telefones antigrampos para políticos, entre eles Demóstenes, e que o senador pediu ao empresário que lhe emprestasse R$ 3 mil em despesas com táxi-aéreo. Na conversa, o democrata ainda vazou informações sobre reuniões reservadas que manteve com representantes dos três Poderes.

Pressionado, Demóstenes pediu afastamento da liderança do DEM no Senado em 27 de março. No dia seguinte, o Psol representou contra o parlamentar no Conselho de Ética e, um dia depois, em 29 de março, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Ricardo Lewandowski autorizou a quebra de seu sigilo bancário.

O presidente do DEM, senador José Agripino Maia (RN), anunciou em 2 de abril que o partido havia decidido abrir um processo que poderia resultar na expulsão de Demóstenes, que, no dia seguinte, pediu a desfiliação da legenda, encerrando a investigação interna. Mas as denúncias só aumentaram e começaram a atingir outros políticos, agentes públicos e empresas.

Após a publicação de suspeitas de que a construtora Delta, maior recebedora de recursos do governo federal nos últimos três anos, faça parte do esquema de Cachoeira, a empresa anunciou a demissão de um funcionário e uma auditoria. O vazamento das conversas apontam encontros de Cachoeira também com os governadores Agnelo Queiroz (PT), do Distrito Federal, e Marconi Perillo (PSDB), de Goiás. Em 19 de abril, o Congresso criou a CPI mista do Cachoeira.

No dia 25 de junho, o Conselho de Ética e Decoro Parlamentar do Senado aprovou a cassação de Demóstenes. Em decisão unânime, por 15 votos a zero, o colegiado aprovou o relatório do senador Humberto Costa (PT-PE), que recomendou a perda do mandato do senador. O parecer do Conselho de Ética deverá ser examinado pela Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ) e, se aprovado, passará por nova votação no Senado, que poderá definir a cassação definitiva de Demóstenes.



Fonte: noticias.terra.com.br
 
Por:  Caroline Costa    |      Imprimir