Categoria Politica  Noticia Atualizada em 02-07-2012

Pai de Cachoeira diz que filho "nunca mexeu com jogo do bicho"
"Fazem dele um monstro. Ele � mais do que v�tima", afirma o pai. Ti�o Cachoeira, 88, conta que ele pr�prio trabalhou com jogo por 20 anos.
Pai de Cachoeira diz que filho
Foto: g1.globo.com

Sebasti�o de Almeida Ramos, conhecido como Ti�o Cachoeira e pai do contraventor Carlinhos Cachoeira, afirmou, em entrevista ao G1, que seu filho "nunca mexeu como o jogo do bicho". Ti�o Cachoeira diz que Carlinhos, como � conhecido o filho, s� ajudou donos de m�quinas ca�a-n�queis e que o sustento vinha de um laborat�rio farmac�utico em An�polis (GO).

Carlinhos Cachoeira est� preso desde o fim de fevereiro acusado de utilizar uma rede formada por agentes p�blicos e privados para explorar o jogo ilegal. As rela��es dele s�o investigadas em uma CPI mista no Congresso Nacional.

"O que acabou com o Carlinhos foi a m�dia. Ele nunca mexeu com o jogo do bicho. Fazem dele um mostro. Da forma como est�o tratando ele, cada dia ele � uma pessoa pior. Ele � mais do que v�tima. Ele � mais do que honesto", afirmou Ti�o Cachoeira.

Ti�o Cachoeira, atualmente com 88 anos, disse que ele pr�prio atuou com jogo do bicho por cerca de 20 anos. Contou que come�ou ainda jovem, na d�cada de 60, logo que chegou a An�polis, depois de ajudar na constru��o de Bras�lia na d�cada de 50.

"Eu me associei com um amigo meu a� e comecei a trabalhar em diversas coisas, primeiro com com�rcio. Tem at� rua com o nome dele a�, Rua Gedeon. Agora o que eles falam, o jornal traz uma reportagem, que, em 1953, ele [Carlinhos Cachoeira] pegava jogo do bicho de bicicleta para eu fazer. Dez anos antes de ele nascer?", questionou Ti�o, ao afirmar que o filho nasceu em 1963.

Ti�o Cachoeira contou que afastava Carlinhos Cachoeira de suas atividades. "Os filhos sabiam [que vendia jogo do bicho]. Eu nem deixava ele [Carlinhos Cachoeira] chegar na porta."

O pai de Cachoeira disse tamb�m que o filho auxiliava os moradores da cidade a conseguir empregos em m�quinas ca�a-n�queis. "Ca�a-n�quel mais foi para ajudar os outros. Foi para ajudar a dar emprego para os outros e eu vou te explicar. Para ajudar os outros que tinham m�quina e para ajudar os outros, dar emprego, essas coisas. Jogo do bicho ele n�o tem. Ele nunca mexeu com jogo do bicho."

Para Ti�o Cachoeira, que afirmou viver hoje de rendas de aposentadoria, � preciso legalizar o jogo no pa�s. "No Brasil inteiro n�o tem cidade nenhuma que n�o tenha ca�a-n�queis. O irm�o do Lula foi preso num ca�a-n�quel. Nunca falaram, falaram do Carlinhos Cachoeira", disse Ti�o Cachoeira, em refer�ncia a Genival In�cio da Silva, o Vav�, irm�o do ex-presidente Luiz In�cio da Silva investigado em opera��o da Pol�cia Federal sobre jogos de azar.

Ti�o Cachoeira afirmou que, desde a pris�o do filho, tem recebido, em An�polis, pedidos de pessoas que afirmam ter ficado sem fonte de renda. "A cidade acabou uns 80% com esta pris�o do Carlinhos. N�o est�o nem conseguindo pagar aluguel, desempregadas. Elas tinham essas maquininhas. Com a pris�o dele, pegaram todas [as m�quinas] e acabaram com eles [moradores].".


A mulher de Cachoeira, Andressa Mendon�a, e Ti�o Cachoeira ao deixarem o TJ-DF, que julgava um pedido de liberdade para Cachoeira. A liberdade foi negada




A origem
Ti�o Cachoeira levou do interior de Minas Gerais o apelido pelo qual a fam�lia � conhecida. Seu pai, Antonio, era dono de uma fazenda chamada Cachoeira na cidade mineira de Arax�. Desde ent�o, toda a fam�lia passou a ser chamada de Cachoeira.

"Fazenda do papai chamava Cachoeira. O povo de Arax� chamava ele de Antonio Cachoeira. Eu era Cachoeirinha e virou tudo Cachoeira."

Pris�o
Ti�o Cachoeira relatou que visitou o filho no pres�dio da Papuda, em Bras�lia, uma �nica vez.

"Fui uma vez [visitar Cachoeira]. Para mim foi a coisa pior da minha vida. Ver uma pessoa que n�o merece estar preso. Entrei chorando e sa� chorando. Tu v� um filho que s� pode pegar nove bananas e um saquinho de bolacha que pode levar para ele. Foi isso que eu levei l� quando eu fui. E a mulher dele que vai l� toda a semana leva a mesma coisa, nove bananas e um saquinho de bolacha. Esta semana ele devolveu at�. Ele n�o quis", contou o pai do contraventor.

Ele disse esperar que o filho seja solto at� 16 de setembro, quando completa 89 anos. "Espero que ele saia antes. Se ele sair logo, a� eu vou at� os 100 anos."

O pai de Cachoeira lamentou ainda a aus�ncia do filho no enterro da m�e, que morreu em maio. Maria Jos� de Almeida Ramos, de 79 anos, conhecida como dona Zez�, estava internada em An�polis.

"Minha esposa ficou na UTI. E n�o deixaram ele [Carlinhos Cachoeira] vir v�-la. Deixar eles deixaram, mas vir algemado e acompanhado de policiais na terra dele, onde todo mundo � amigo. Para ele, era imposs�vel", disse Ti�o.

Na �ltima semana, Cachoeira se desentendeu na pris�o com um agente e pode responder por desacato.. Segundo Ti�o Cachoeira, o filho est� muito "agitado", e tem recebido visita frequente de um m�dico da pris�o. "Ele est� muito agitado, doente, o m�dico at� foi ver ele ontem [quinta-feira]", disse.

Dem�stenes
Sobre a amizade de Carlinhos Cachoeira com o senador Dem�stenes Torres (sem partido-GO), Ti�o Cachoeira afirmou que o filho nunca pediu ao pol�tico favores irregulares. Dem�stenes teve o pedido de cassa��o do mandato aprovado pelo Conselho de �tica do Senado por suspeita de ter utilizado o mandato parlamentar para beneficiar o bicheiro. A Comiss�o de Constitui��o e Justi�a (CCJ) do Senado vota o pedido de cassa��o do senador nesta quarta-feira (4).

"Amigos eles eram [Cachoeira e Dem�stenes]. Para te falar a verdade, tu via �s vezes ele pedir para o Dem�stenes fazer, mas nada de crime. Nada do que ele pediu para o Dem�stenes era crime, e o Dem�stenes nunca ajudou, nunca fez nada para ele", contou o pai do contraventor.

Fonte: g1.globo.com
 
Por:  Maratimba.com    |      Imprimir