Categoria Geral  Noticia Atualizada em 13-07-2012

Kofi Annan pede que Conselho de Segurança pressione regime sírio
Governo sírio desacatou resoluções da ONU, disse diplomata. Para entidade, massacre em Treimsa é "escalada escandalosa" no conflito.
Kofi Annan pede que Conselho de Segurança pressione regime sírio
Foto: g1.globo.com

O governo da Síria desacatou as resoluções da ONU ao efetuar uma nova matança na localidade de Treimsa, afirmou nesta sexta-feira (13) o enviado da ONU e da Liga Árabe à crise síria, Kofi Annan.

Em uma nota endereçada ao Conselho de Segurança da ONU, cuja cópia foi obtida pela France Presse, Annan afirma ser "imperativo" que o Conselho faça pressão para que seu plano de paz seja aplicado, e que "envie uma mensagem a todos, advertindo que haverá consequências pelo desrespeito" deste plano.

Em uma carta que acompanhava a nota, o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, afirma que este massacre representa "uma escalada escandalosa" do conflito sírio.

Os 15 Estados membros do Conselho retomaram nesta sexta-feira as discussões sobre um projeto de resolução sobre a Síria, com dois textos divergentes. Um deles, elaborado pelos ocidentais, ameaça Damasco de sanções caso as armas pesadas não sejam retiradas das cidades, enquanto o outro, assinado pela Rússia, não evoca essa possibilidade.

Entre 150 e 200 pessoas, em sua maioria civis, foram mortas na quinta-feira em Treimsa, segundo relatos da oposição síria.

Mais cedo, em comunicado público, Annan acusou as tropas sírias de usarem armas pesadas contra o vilarejo de Treimsa.

Annan demonstrou indignação com os "combates intensos, número significativo de mortes, e o uso confirmado de armas pesadas como artilharia, tanques e helicópteros".

Observadores da ONU na Síria estão prontos para ir à localidade para verificar os fatos in loco "se e quando as circunstâncias permitirem", mas precisam da garantia de liberdade de movimentação para fazer o seu trabalho, disse ele.

A oposição apelou para que o Conselho de Segurança da ONU adote uma resolução vinculante contra o regime do contestado presidente Bashar al Assad por conta do incidente.

Por sua vez, a Irmandade Muçulmana da Síria acusou Annan, assim como o Irã e a Rússia, dois aliados do regime de Assad, de serem os "responsáveis", devido a sua falta de ação em relação à crise política síria.

"Deter esta loucura assassina que ameaça a instituição da Síria, a paz e a segurança na região e no mundo, requer uma solução urgente e forte do Conselho de Segurança sob o capítulo VII (da Carta da ONU) que proteja o povo sírio", indica o Conselho Nacional Sírio (CNS), a principal coalizão opositora.

O capítulo VII da Carta das Nações Unidas prevê medidas coercitivas no caso de uma ameaça contra a paz, que podem ir de sanções econômicas até o uso da força militar.

"Consideramos que os países membros do Conselho de Segurança têm a responsabilidade total da proteção dos sírios indefesos e do fim destes crimes odiosos", acrescenta o CNS, afirmando que o massacre é "o mais infame dos genocídios cometidos pelo regime sírio".

"Grupos terroristas"

As autoridades sírias atribuíram o massacre em Treimsa a "grupos terroristas", assim como aos "meios de comunicação sedentos de sangue", segundo a agência oficial Sana.

"Os meios de comunicação sedentos de sangue em cooperação com os grupos terroristas armados cometeram um massacre entre os habitantes da aldeia de Treimsa, na região de Hama, para tentar mobilizar a opinião pública contra a Síria e seu povo e provocar uma intervenção estrangeira na véspera da reunião do Conselho de Segurança" da ONU, afirma a Sana.

Os meios de comunicação "estavam em pé de guerra em Istambul, Paris, Londres, Bruxelas e Berlim, e em outros locais para esta campanha de incitação contra a Síria e para jogar com o sangue sírio", acrescentou a Sana.

As autoridades sírias criticam regularmente os canais via satélite árabes Al-Jazeera e Al-Arabiya, acusando-os de fazer o jogo de países do Golfo, como Qatar e Arábia Saudita, opostos ao regime.

"Cessar-fogo"

Os observadores da ONU estão dispostos a ir à localidade de Treimsa, se houver um cessar-fogo, disse o chefe da missão, o general Robert Mood.

"Se houver um verdadeiro cessar-fogo, a missão está disposta a ir lá e verificar os fatos", disse o general em um comunicado em Damasco.

"Como vocês sabem, a missão suspendeu suas operações devido ao nível inaceitável de violência no local (...) No entanto, os observadores permanecem mobilizados nas diferentes províncias, podem ir ver o que ocorre nos arredores e estão em contato com as partes", disse.

Fonte: g1.globo.com
 
Por:  Caroline Costa    |      Imprimir