Com o tema "Do prelúdio ao Baião", o Festival de Inverno de Domingos Martins, na região Sudoeste Serrana do Espírito Santo, promove mistura musical que vai do clássico ao popular.
Foto: g1.globo.com As oficinas musicais que acontecem durante o evento são uma prova disso. Na comunidade de Melgaço, a 32 quilômetros da sede do município, descendentes de pomeranos participam de aulas de acordeão e concertina e aprendem clássicos de Luiz Gonzaga, um dos homenageados no Festival deste ano.
A oficina tem 16 participantes e acontece na sede da Associação de Moradores da localidade. A americana Jamie Maschler, de 23 anos, é uma das oficineiras. Ela, que toca acordeão, visita o Brasil pela primeira vez e soube do evento por meio de um professor brasileiro. Apesar de não falar português, Jamie é fã do forró, choro e baião, ritmos tipicamente brasileiros. "Estou aprendendo a tocar Asa Branca, que é linda! Pretendo ensinar meus alunos em Seattle", revela.
A maioria dos oficineiros são agricultores da região. Eles levaram para o local de aprendizado outro instrumento, a concertina. A solução encontrada pelo professor Marcelo Caldi foi diversificar. "A princípio, a oficina era só de acordeão, e acabei encontrando tocadores de concertina. Isso tornou a turma bem heterogênea pelos diferentes aprendizados. Acho interessante essa valorização da cultura por meio da música", conta Marcelo.
O mais novo oficineiro é Joelson Orlando Wruck, de 13 anos. Ele convive nas aulas e fora delas com um mestre: Angelino Zaager, 61, que há três anos ensina concertina para comunidades pomeranas de Domingos Martins e Santa Maria de Jetibá, também na região Sudoeste Serrana do estado. Angelino conta que aprendeu a tocar o instrumento aos oito anos com vizinhos e não parou mais. "Tinha um professor antes, mas foi embora. Não sou profissional, o que sei passo para frente", conta o instrumentista.
Além de ensinar os segredos da concertina, ele é um dos únicos descendentes do Espírito Santo que mantém um local para consertar esse instrumento, que chegou à região há mais de 100 anos com os colonizadores pomeranos. "Não se fabrica mais concertina. Às vezes aproveito a sucata para montar novos instrumentos, que empresto para os alunos treinarem em casa", diz o mestre.
A oficina termina na sexta-feira, 27 de julho, mas deixa a troca de experiências e sonoridades vivenciadas pelos alunos. Sanfona e concertina juntas, combinando cultura pomerana e brasileira.
Conhecimento e tradições são passados de geração em geração.
Fonte: g1.globo.com
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