Categoria Geral  Noticia Atualizada em 29-07-2012

Dignidade reciclada
O projeto teve in�cio em 2007, quando conseguiu celebrar conv�nio com a Petrobr�s, atrav�s do programa Ciranda Capixaba.
Dignidade reciclada
Foto: http://www.aquies.com.br

"Trabalho com o pr�prio car�ter". Com essas palavras Valdemir Ares da Silva, de 61 anos, apresentou a dignidade conquistada a partir do momento em que se tornou associado do projeto Catadores de Esperan�a, em Marata�zes. Atualmente, s�o 38 integrantes, sendo que chegam a receber R$ 1,3 mil, por m�s, da venda de materiais recicl�veis.

O projeto teve in�cio em 2007, quando conseguiu celebrar conv�nio com a Petrobr�s, atrav�s do programa Ciranda Capixaba. A Pastoral da Ecologia local, que coordena o projeto, administrou os recursos que foram da ordem de R$ 120 mil.

Com a verba, foi poss�vel construir a estrutura para o dep�sito dos materiais reciclados recolhidos, oito carrinhos para a coleta, uma prensa, uma balan�a, uniformes, materiais para divulga��o e equipamentos de seguran�a.

Para que o projeto n�o fosse asfixiado pela falta de recursos, a pastoral costurou parcerias e conquistou o apoio da prefeitura de Marata�zes, da comunidade, escolas e da C�ritas. Hoje, o Catadores de Esperan�a recolhe 35 toneladas, por m�s, de materiais que poderiam ter um despejo inadequado, degradando o meio ambiente.

De acordo com a coordenadora do projeto Wanderleia Carvalho Campos, os principais compradores s�o de Vila Velha e Minas Gerais. "Dentre os materiais, temos papel, papel�o e todo o tipo de pl�stico. No momento da venda, quando o caminh�o vem para levar a mercadoria, � vendida uma m�dia de 10 a 15 toneladas", contou.

Associa��o garante benef�cios

Com o crescimento do trabalho, foi criada a Associa��o dos Catadores de Materiais Recicl�veis de Marata�zes, que leva o nome Catadores de Esperan�a. Wanderleia explicou que atrav�s da associa��o foram poss�veis in�meros benef�cios em favor das fam�lias associadas.

"Todos os 38 associados foram capacitados, com cursos sobre o meio ambiente, seguran�a, sa�de, cooperativismo, associativismo, legisla��o, entre outros temas", disse. A forma de recebimento dos catadores foi definida por eles mesmos.

"H� associa��es que preferem dividir igualmente o lucro. Mas, �s vezes, pode ocorrer de um trabalhar mais do que o outro e ter a mesma renda no fim do m�s. Aqui, eles acharam mais justo que cada catador receba por produ��o".

Ao chegar com o carrinho cheio de materiais recicl�veis no galp�o, chega o momento da triagem: os res�duos s�lidos s�o separados, pesados e as informa��es s�o anotadas na ficha. Do total, 10% s�o destinados para os prensadores e os profissionais da organiza��o. "Isso acontece porque s�o pessoas que deixaram de ir �s ruas recolher materiais para se dedicarem ao servi�o interno", esclareceu Wanderleia.

"� s� ter coragem"

Valdemir Ares da Silva est� h� quatro anos trabalhando na coleta de res�duos s�lidos. Antes, ele contou que labutava como motorista em empresa particular. Mas, adiantou que n�o sente saudades desse tempo.
"Nem sempre somos respeitados. Na hora do meu almo�o, o patr�o gritou que queria que eu realizasse um servi�o. Hoje est� muito melhor que antes. Trabalho com meu pr�prio car�ter, ningu�m ir� chamar a minha aten��o, por n�o haver necessidade", disse Valdemir.

Um ano depois que estava no projeto Catadores de Esperan�a, ele convidou sua esposa Josefa do Nascimento Henrique, de 58 anos, para se associar. Josefa est� at� hoje no projeto e contribui para a renda familiar. "D� para se manter, � s� ter coragem", refor�ou.

"Na segunda, tenho um lugar certo"

Outro casal que tamb�m trabalha no projeto � Francisco Jos� Bueno Gomes, de 59 anos, e Maria Madalena Ferreira Secchim, de 57. O ingresso dos dois no Catadores de Esperan�a teve processo inverso comparado ao de Valdemir.

"Eu estou h� tr�s anos no projeto e depois chamei meu marido. Ele fez a experi�ncia e ficou", contou Maria Madalena, que atua na organiza��o do galp�o. Francisco fez coro com Valdemir e afirmou que a situa��o financeira hoje � incompar�vel com a de antes.

"Trabalhava como empreiteiro em fazendas. Tinha patr�o e, por vezes, perdia dinheiro na empreitada", revelou. "Agora, na segunda-feira, tenho um lugar certo para ir trabalhar e ganho de acordo com o que trabalho".

Francisco Jos� tamb�m destacou o fato de ter compradores certos do projeto, o que assegura a renda mensal de todos. Ele tamb�m sublinhou que os moradores de Marata�zes t�m respeito ao trabalho dos catadores e que muitos j� deixam o lixo separado, o que facilita o trabalho de coleta.

Prefeitura garante apoio ao projeto

A coordenadora geral Wanderleia falou que a prefeitura participa com apoio importante. O terreno onde foi constru�do o galp�o que estoca os materiais recicl�veis foi concedido pela administra��o municipal atrav�s de comodato.

"Al�m disso, a prefeitura colabora com o custeio de algumas despesas fixas. S�o medidas que contribuem com as fam�lias associadas e tamb�m com a manuten��o do meio ambiente", avaliou a coordenadora.

Em recente evento em Marata�zes, o prefeito Jander Vidal anunciou que estuda a legisla��o para saber como poder� contribuir mais com o Catadores de Esperan�a. Segundo ele, o objetivo � providenciar melhorias na estrutura do galp�o.
Sab�o em pedra e l�quido

Conforme Wanderlei, em 2011, foram associados e atendidos 32 catadores, al�m do grupo Guardi�s da Vida e o Grupo Verde Vida, que, juntos recolheram mais de 360 toneladas de materiais recicl�veis, tais como garrafa pet, papel�o e todo o tipo de pl�stico.

Al�m disso, foram recolhidos tamb�m 4.210 litros de �leo e gorduras de frituras. Destes, 450 litros foram transformados em sab�o em pedra e l�quido e vendidos para a fabrica��o de biocombust�vel.
Com o recurso, segundo a coordenadora, foi conferido apoio ao 1� Curso de Agricultura Org�nica para os agricultores de Marata�zes e adquiridos materiais para oficinas de bonecas com tampas de garrafas pl�sticas, bolsas de garrafa pet e de pano de sombrinha.

    Fonte: http://www.aquies.com.br/site/conteudo.asp?codigo=2716
 
Por:  Maratimba.com    |      Imprimir