Categoria Geral  Noticia Atualizada em 03-08-2012

"Categoria estava passando fome", diz professor após fim da greve na Bahia
Grevistas tiveram salários cortados durante paralisação que durou 115 dias. Categoria anunciou retorno das aulas para segunda-feira (6).

Foto: g1.globo.com

O professor de Língua Portuguesa, Paulo Francisco, foi um dos grevistas da rede estadual de ensino público da Bahia que votou em assembleia realizada na manhã desta sexta-feira (3), em Salvador, pela suspensão da greve da categoria, que já durava 115 dias. Segundo ele, os professores que tiveram os salários cortados pelo Governo do Estado estavam passando por dificuldade financeira. "A categoria estava passando fome. Foi uma atitude coerente [o fim da greve]. Os professores estão obrigados a voltar às aulas porque não têm mais dinheiro", afirma.

Paulo Francisco conta que durante o período em que esteve longe das salas de aula em razão da greve ele adquiriu uma série de dívidas. "Estou devendo cartão, gasolina. Não tenho lazer", relata. Esta é a mesma situação do também professor de Língua Portuguesa, Gilma Magister, 43 anos. "Crio meu filho de 9 anos e fiquei um mês e meio comendo cuscuz no almoço e no jantar. Fiquei uma semana sem gás, cortaram a energia elétrica", afirma. Após o fim da assembleia, os professores saíram em passeata do Colégio Central, no bairro de Nazaré, à Praça Castro Alves. Segundo a Transalvador, o trânsito ficou congestionado na região, mas foi normalizado no início da tarde desta sexta-feira.

Reposição das aulas
A ex-professora e aposentada Ana Lúcia Mota diz que tem uma sobrinha que estuda na rede estadual que ficou sem aulas durante o período de greve. Segundo ela, mesmo com o fim da greve e o início das aulas anunciado pelos professores para segunda-feira (6), não há mais tempo para repor os dias sem aulas que foram perdidos com a paralisação do movimento. "Não vai adiantar mais nada. Sou da área e sei que não tem condições de repor as aulas", Ana Lúcia Mota, aposentada. Sua sobrinha, Jeane Mota, é estudante.

O coordenador-geral do Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Estado (APLB-BA), Rui Oliveira, informou após a decisão pela suspensão da greve, que os professores só vão repor as aulas quando receberem os salários cortados pelo Governo da Bahia. "Temos compromisso com a reposição, mas é preciso que o governo devolva o dinheiro dos professores e depois o da entidade", pontuou.

O governo diz que as secretarias de Educação e Administração vão elaborar uma folha de pagamento extra para saldar os salários dos professores em greve assim que o plano de reposição de aulas for aprovado. O governo diz que as secretarias de Educação e Administração vão elaborar uma folha de pagamento extra para saldar os salários dos professores em greve assim que o plano de reposição de aulas for aprovado.

Pedido dos professores
As cinco cláusulas da categoria foram apresentadas na quarta-feira (1º) e pedem a readmissão dos professores demitidos e a retirada de processos administrativos contra professores em estágio probatório; o cancelamento dos processos judiciais contra o sindicato; o pagamento imediato dos salários cortados; o repasse do dinheiro da contribuição sindical e o retorno das negociações.

Na quinta-feira (2), o governo da Bahia respondeu à proposta apresentada pela APLB-BA acatando as solicitações referentes às demissões, processos administrativos, corte dos salários dos professores e repasses das contribuições sindicais. O governo incluiu ainda a parte financeira, que não foi citada na proposta dos professores. "O governo absorve as posições expressas pela categoria, mas precisamos de um retorno sobre a parte econômica para que haja um acordo. A parte financeira da proposta é a mesma do termo de acordo entregue pelo MP", disse o secretário de Comunicação Robinson Almeida.

A proposta salarial do governo mantém o reajuste cedido este ano com variação entre 6,5% e 11,5%, além de conceder aos professores licenciados da carreira de Magistério, por meio de curso de atualização, promoções com ganho de 7% em novembro deste ano e 7% em março de 2013.

Sobre a questão salarial, Rui Oliveira se limitou a dizer que a questão econômica não está em discussão nesse momento. "Ela já foi rejeitada, não vou assinar", ressaltou.

Fonte: g1.globo.com
 
Por:  Adriano Costa Pereira    |      Imprimir