Arquivo Nacional Britânico divulga documentos que mostram discussão no governo sobre participação no Mundial por conta da Guerra nas Ilhas Malvinas.
Foto: g1.globo.com O Arquivo Nacional do Reino Unido liberou o acesso a documentos datados de 1982, sobre a Guerra pelas Ilhas Malvinas, envolvendo Inglaterra e Argentina, iniciada em 2 de abril do mesmo ano. Em meio a aproximadamente seis mil textos, alguns mostram que o esporte acabou envolvido na confusão e deixam claro que, se dependesse de uma ala do governo, a Inglaterra não participaria da Copa do Mundo que seria realizada na Espanha, em junho. No entanto, a então primeira-ministra Margaret Thatcher e as federações de futebol optaram por seguirem no torneio, que marcou o tricampeonato da Itália.
- Eu peço para não praticarmos esportes de contato com representantes da Argentina, nem mesmo entre clubes ou individual, em solo britânico. Essa política se aplica igualmente a todos os esportes na Argentina – diz uma diretiva do Ministério Britânico dos Esportes, assinada pelo então ministro Neil Macfarlane.
Apesar da vontade do responsável pela pasta, a decisão final não caberia ao setor público, uma vez que a Fifa proíbe a interferência direta do governo nas Federações de Futebol ligadas a ela. Ainda assim, o ministro dos esportes afirmou sentir que os próprios atletas não gostariam de participar da competição e compartilhou seu temor em um possível confronto com a Argentina, em carta à Margaret Thatcher
- Há uma semana ou dez dias eu recebi a notícia de que as Autoridades do Futebol devem decidir sobre sua participação. No entanto, a perda de vidas britânicas no HMS Sheffield e Sea Harriers teve efeito em alguns jogadores e administradores. Eles sentem repulsa de jogar em um mesmo torneio que a Argentina em tempos como estes.
Saída é interpretada com sinal de fraqueza
Apesar da tentativa de boicote ao evento, que não seria novidade para a época – nas olimpíadas de Moscou 1980 os Estados Unidos não participaram das competições e nos Jogos seguintes, em Los Angeles 1984, os países ligados a União Soviética também ficaram de fora –, parte do governo britânico percebeu um isolamento político neste assunto e que poderia ser interpretado como uma demonstração de fraqueza e desunião interna.
- Neste caso, nenhum outro país nos seguiria se retirando da Copa do Mundo. A Argentina veria a saída britânica não como uma pressão sobre eles, mas sim como uma oportunidade para fazer propaganda: O Reino Unido, não a Argentina, seria o país separado – escreveu o então secretário de gabinete Robert Armstrong, para a primeira-ministra.
Depois da extensa discussão, Inglaterra, Irlanda do Norte e Escócia (países que fazem parte do Reino Unido) participaram da Copa do Mundo da Espanha, mas nenhum dos times encontrou com a Argentina em campo. Os escoceses foram eliminados na primeira fase. Já os irlandeses e ingleses ficaram pelo caminho na segunda, assim como os argentinos.
Fonte: g1.globo.com
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