Categoria Economia  Noticia Atualizada em 14-01-2013

Energia e PIB pressionam Dilma em ano crucial para o Brasil
Em um de seus �ltimos compromissos oficiais de 2012, a presidente Dilma Rousseff deixou de lado sua postura s�ria por um instante para fazer a bola rolar com um animado chute inaugural no campo do Castel�o, em Fortaleza.
Energia e PIB pressionam Dilma em ano crucial para o Brasil
Foto: www.bbc.co.uk

A abertura dos dois primeiros est�dios da Copa de 2014, em dezembro, na cidade nordestina e em Belo Horizonte, foi um ponto alto na agenda da presidente antes de suas f�rias na Bahia.

Em 2013, o Brasil come�a a ter que mostrar ao mundo sua capacidade de sediar os megaeventos esportivos enfileirados at� 2016, com a Copa das Confedera��es, em junho.

Mas dores de cabe�a com o ano que come�a tiraram o sossego da presidente, que voltou de f�rias na �ltima ter�a-feira e ter� uma semana cheia pela frente.

Dilma inicia a segunda metade de seu mandato com dois grandes desafios: retomar o crescimento econ�mico e evitar uma crise no setor energ�tico que, para analistas, poderia arranhar sua imagem de boa gerente.

Embora o governo Dilma tenha registrado uma aprova��o recorde para um presidente em seus dois anos de mandato � sendo considerada "boa ou excelente" por 62% da popula��o" � o crescimento do pa�s em 2012 ficou bem abaixo da expectativa do pr�prio governo e de investidores.

Efeito "devastador"
Com uma expans�o do PIB de apenas 1% no ano passado, o Brasil teve a pior performance entre os pa�ses do Bric, ficando atr�s da R�ssia, da �ndia e da China � e esfriando o clima de euforia gerado por um crescimento de 7,5% dois anos atr�s.

Analistas dizem que 2013 ser� um ano crucial para o Brasil e para o governo.

"Um novo "pibinho" ser� devastador para Dilma e para a imagem do pa�s", diz o historiador Jos� Murilo de Carvalho, professor em�rito da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

"Mais uma vez se frustrar� o sonho de grande pot�ncia, que persegue os brasileiros desde a Independ�ncia."

"Se a econ�mica n�o se recuperar em 2013, isso pode afetar sua popularidade (de Dilma) e aprova��o", diz David Fleischer, professor em�rito da Universidade de Bras�lia (UnB).

A metade do mandato da presidente coincide com os dez anos da chegada do PT ao poder, com a posse de Luiz In�cio Lula da Silva em 2003.

Durante a d�cada, a expans�o de programas de transfer�ncia de renda contribuiu para reduzir uma parcela da extrema desigualdade do pa�s.

Para Jos� Murilo de Carvalho, este � um dos fatores para a alta popularidade da presidente, mas ele diz acreditar que Dilma tamb�m esteja ganhando apoio da classe m�dia que se expande no pa�s, com cidad�os mais atentos a seus interesses como contribuintes.

"Essas pessoas s�o mais preocupadas com o bom governo no sentido de governo eficiente, honesto e transparente, promessa de Dilma. Mas para manter a popularidade ela ter� que realizar a promessa de crescimento, sem abrir m�o da disciplina monet�ria", diz.
Dilma compensou pela falta do carisma e do talento para discursos do ex-presidente Lula desenvolvendo a imagem de uma "gerentona", s�ria e eficaz.

A amea�a de crise no setor el�trico, por�m � com os reservat�rios do pa�s em n�veis t�o ou mais baixos que na �poca do racionamento el�trico, em 2001 � atinge o calcanhar de Aquiles de Dilma, ex-ministra de Minas e Energia no governo Lula.

A presidente vem buscando assegurar que n�o h� risco de apag�o nem necessidade de racionamento, mas tem realizado reuni�es emergenciais sobre o assunto com sua equipe.

Sorte ou azar
Carvalho afirma que, "com um pouco de sorte", Dilma conseguir� sair bem da crise, mas ser� for�ada a cancelar a redu��o nas tarifas el�tricas que prometeu no ano passado ou a usar recursos p�blicos para cobrir o rombo. "Ser� um desgaste, embora administr�vel."

"Se n�o tiver sorte, se ocorrer um apag�o, sua imagem de boa gerente ser� inevitavelmente afetada", diz o historiador.

"Ela transformou o apag�o de 2001 em cavalo de batalha contra o governo anterior. Tendo sido respons�vel pelo setor el�trico desde o primeiro governo Lula, nada a irrita mais que a sugest�o da repeti��o do fen�meno em seu governo."

Na hip�tese de a crise no setor el�trico se concretizar, diz Carvalho, a oposi��o ter� uma arma poderosa durante a campanha de 2014. "N�o s� a oposi��o ganhar� forte argumento, como saudosistas de Lula dentro do PT tamb�m poder�o pressionar por uma volta do ex-presidente."

H� dez anos longe do poder, o PSDB j� est� se articulando para as pr�ximas elei��es, com o nome do senador A�cio Neves projetado como prov�vel candidato. O partido pretende desconstruir a imagem de "boa gerente" de Dilma.

Crise externa x entraves internos
O governo atribui a desacelera��o na economia ao cen�rio mais amplo de crise no exterior, que continua a atingir os Estados Unidos e a Europa.

Mas analistas dizem que os problemas tamb�m s�o internos.

"A situa��o internacional deteriorou e isso exp�e os nossos gargalos", diz o cientista pol�tico Fernando Lattman-Weltman, da Funda��o Get�lio Vargas (FGV).

"H� uma tend�ncia natural a se voltar para o mercado interno, mas o setor produtivo e de servi�os n�o consegue responder a essa demanda porque enfrenta problemas de infraestrutura, qualifica��o de m�o de obra e um problema tribut�rio muito s�rio."

O governo parece estar tentando atacar esses problemas, diz Luciano Rostagno, estrategista-chefe do WestLB Bank. "Mas a melhora nesses aspectos s� vai acontecer no m�dio prazo."

Rostagno prev� um crescimento de 3,5% para este ano, enquanto a estimativa de governo, que se mostrou demasiado otimista em 2012, � de 4%.

Avan�os com o mensal�o
O PIB n�o deve ser a �nica medida de sucesso do pa�s, ressalta o cientista pol�tico Eduardo Raposo, da PUC-Rio.

Ele aponta para o julgamento do mensal�o como o maior exemplo de que o pa�s est� atravessando "um bom momento", marcado pelo fortalecimento de suas institui��es.

"Estamos vivendo o maior tempo de democracia que j� tivemos em nossa Rep�blica, desde o fim da ditadura (em 1985). Isso traz uma estabilidade institucional que nunca vimos antes", diz.

Para o ano pela frente, por�m, o sucesso do governo Dilma parece depender sobretudo de seu desempenho econ�mico.

Antes do Natal, ela afirmou que 2013 seria o ano de "colher os frutos" das medidas tomadas em 2012 � como o lan�amento de uma s�rie de pacotes para estimular investimentos em infraestrutura e a redu��o das taxas de juros.

Dilma disse a rep�rteres desejar um "PIB�o grand�o" para este ano, o �ltimo antes que o pa�s mergulhe em mais uma campanha presidencial.

A presidente pode torcer tamb�m por um empurr�o esportivo. Presidir o pa�s durante uma eventual uma vit�ria do Brasil na Copa do Mundo e das Confedera��es em casa certamente n�o lhe far� mal.


Presidente na inaugura��o do Castel�o; pa�s come�a preparativos para megaeventos. (Foto: BBC)




Fonte: www.bbc.co.uk
 
Por:  Maratimba.com    |      Imprimir