Categoria Agricultura  Noticia Atualizada em 24-02-2006

Cruzamento Errado
O cruzamento de vacas leiteiras com touros de corte tem preocupado os técnicos do Incaper que trabalham com a pecuária de leite
Cruzamento Errado
Maratimba.com

O cruzamento de vacas leiteiras com touros de corte tem preocupado os técnicos do Incaper que trabalham com a pecuária de leite nos municípios de Itapemirim, Marataízes e Presidente Kennedy. Essa prática tem por objetivo reduzir os custos de produção, mas agindo dessa forma, o produtor estará colocando em risco o seu rebanho.

O rebanho leiteiro nacional é composto de 6% de vacas especializadas (produção média de 4.500 kg/lactação), 74% de vacas mestiças (holandês x zebu – entre 1/4 e 7/8, com produção média de 1.100 kg/lactação), sendo os 20% restantes de vacas sem qualquer especialização, com composição genética de até 1/4 de Holandês e 3/4 de Zebu não leiteiro (produção média de 600 kg/lactação).

Com a produção leiteira no Brasil de 23,5 bilhões de litros no ano 2005 (FAO, 2005), tem-se que o rebanho especializado foi responsável por 1,4 bilhões de litros. O segundo grupo, animais mestiços especializados produziu 17,4 bilhões de litros de leite. No terceiro grupo estariam as demais vacas, sendo responsáveis por 4,7 bilhões do leite produzido no ano de 2005.

Os técnicos que trabalham com a atividade admitem uma perda média em produção de leite de 50% nas filhas de vacas especializadas, quando cruzadas com touros de corte. No rebanho mestiço, predominante no Brasil, essa perda pode chegar a 25%, quando o cruzamento não é direcionado para a produção de leite. Em relação aos 20% do rebanho nacional, sem nenhuma aptidão para leite, o cruzamento com touros de corte não chega a registrar diferença.

Os acasalamentos ou as inseminações sem o critério de preservar a genética dos animais podem representar prejuízos para todo setor produtivo, isso quer dizer, do produtor de leite até as industrias de processamento (Cooperativas de laticínios).

Simulações realizadas pela Embrapa Gado de Leite, indicam que no caso do cruzamento de todas as vacas dos rebanhos especializados e dos rebanhos mestiços com touros de corte, por uma geração, após cinco anos (prazo para o encerramento da lactação do produto do cruzamento do gado atual com touros de corte) a perda será de 28%, se a taxa de reposição for de 20% ao ano. Isso equivale a uma redução na produção de leite de mais de 6,0 bilhões de litros – prejuízo médio de R$ 2,4 bilhões, em cinco anos, ou R$ 487,44 milhões anuais, com o litro de leite sendo vendido no valor de R$ 0,40 o litro. Apesar disso, tem-se ainda outro problema que é a recuperação do potencial genético da raça.

Dependendo da população original, resgatar a genética do rebanho pode levar de cinco a vinte anos, mantendo-se a mesma taxa de reposição (20%). Daí a importância dos produtores de leite, reverem certos conceitos, principalmente no caso de redução dos custos de produção, através da prática de cruzamento de vacas de leite com touros de corte.


    Fonte: Edson Lucas Hautequestt & Marlon Dutra Degli Esposti
 
Por:  José Rubens Brumana    |      Imprimir