Categoria Opinião  Noticia Atualizada em 21-03-2013

Inclusão do “problema”
"O indivíduo é social não como resultado de circunstâncias externas, mas em virtude de uma necessidade interna", Henri Wallon.
Inclusão do “problema”

Imaginem todos na escola. É o que desejam todos os pais e pessoas de bem. É esforço dos governantes incentivar a adesão escolar e ampliar o acesso para todos. Mas será que as instituições e os professores estão preparados para a demanda? No pacote, além dos chamados especiais, há os problemáticos... Aqueles que em outras circunstâncias não estariam na sala de aula. Estão lá para que os pais recebam bolsa família e outros auxílios assistencialistas.

Lidar com a situação já não era fácil desde o fim do século XX. Mas, com a ajuda de outros profissionais, como os psicoterapeutas, a escola teria capacidade de absorver a demanda e ainda melhorar o desempenho dos alunos, bem como atender a comunidade.

Os encontros entre educação e psicanálise não se restringem às iniciativas isoladas. A ação analítica na escola está presente até a atualidade mediante a incorporação de novas problemáticas e diferentes modelos de intervenção. Esses modelos, do campo analítico, estão implícitos na Psicologia Educacional, Pedagogia, Neuropsicolinguística e Psicopedagogia.

Na teoria, educação no Brasil busca a inclusão e também se preocupa com o acesso de todos na escola. Mas a prática é o problema. Não há estrutura para receber todos os alunos. Os professores, muito menos a escola, não estão preparados para a nova geração de rebeldes inclusos no pacote da inclusão.

Uma solução para a questão é a implantação em cada região sócio escolar de uma equipe multidisciplinar para amparar as instituições e os professores também. Outra é buscar, nas ferramentas já existentes a adequação necessária para abrigar a problemática. Os Centros de Referência e Assistência Social (Cras) podem, se estiverem capacitados com profissionais ligados à educação, cumprir esse papel.

Se alguns vão dizer que é utopia tentar melhorar o acolhimento da comunidade e dos alunos, esses são pessimistas que prefiro deixa-los onde estão. Por fora como arco de barril. O que proponho é a utilização de mecanismos já existentes para que, de fato, haja uma perspectiva positiva para a inclusão. Não só dos alunos especiais, mas dos que não querem ir à escola e vão obrigados pelos pais que recebem ajuda de custo do governo.

Estes também são especiais, pois trazem consigo uma bagagem negativa que influencia toda a estrutura da escola. Antes, os mais rebeldes eram apenas "bagunceiros". Hoje aqueles que não estudavam por escolha própria ou por qualquer motivo estão na escola. E eles devem ter um olhar especial para serem conquistados e acompanhados de perto por profissionais que saibam identificar seus problemas.

Só há inclusão de verdade se toda a estrutura política ou assistencial da região sócio escolar, como saúde, policiamento, assistência e outros, estiver junta com a escola. Além disso, em decorrência da realidade periférica, nunca é demais incluir terapeutas na escola, porque ensinar é uma coisa e cuidar é outra.

Fonte: Redação Maratimba.com
 
Por:  Roney Moraes    |      Imprimir