Categoria Religião  Noticia Atualizada em 30-03-2013

Jovens voluntários que organizam a JMJ
O Globo Repórter bateu um papo sobre religião, sexo, pedofilia e homosexualidade com os jovens do Brasil e de outros países que organizam a Jornada Mundial da Juventude
Jovens voluntários que organizam a JMJ

Eles são a nova cara da igreja. O que será que esses jovens católicos pensam? O que eles buscam na religião? É que a gente quer descobrir e foi para isso que nós convidamos um grupo para um bate-papo.

Afinal, a igreja precisa se renovar?

"A tradição tem que ser mantida, você não pode mudar por todos os modismos que aparecerem", diz Renata de Mello, professora do ensino fundamental.

"Tudo muda, o mundo muda e a igreja do passado não pode ser a mesma dos dias de hoje, principalmente para nós, jovens", declara Rodrigo Monteiro, jornalista.

Todos já têm uma missão. Eles ocupam um andar inteiro em um prédio no Rio de Janeiro. Lá, jovens brasileiros e de outros países trabalham juntos para organizar o maior evento da Igreja Católica, a Jornada Mundial da Juventude. Um encontro de dois milhões de fiéis com o Papa em julho. É uma responsabilidade enorme, um trabalhão, e a maioria dessas pessoas é voluntária, não ganha nada por isso. Para elas, a recompensa é outra.

"Tem os amigos, tem a missa, tem as orações tem tudo isso. A gente acaba esquecendo, esquece até que tem conta pra pagar", diz Cláudia Regina da Silva, designer.
Pepe deixou o teatro na Espanha. Wictoria trancou a faculdade na Polônia.

"Já sou carioca da gema. Dizem ‘Você não é da gema, você é da clara’, porque sou branca, transparente", diz Wictoria Czekaj.

Junior também é um voluntário da Jornada Mundial da Juventude. Morador de uma comunidade pobre do Rio, perdeu a mãe e o pai muito cedo. Conheceu as drogas e chegou a se desiludir com a igreja.

"Era coordenada por pessoas velhas e que não davam atenção para a juventude, e tudo isso me tornou muito entristecido. E foi aí que eu me afastei", diz Waldir Jr., estudante de História.

Isso ficou no passado. "Hoje ela fala a minha língua porque eu sou a igreja", completa Junior.

A maioria dos nossos convidados concorda. E se posiciona livremente até sobre temas considerados polêmicos.

"Eu não concordo que, por exemplo, o sexo tem que exclusivamente, para ser divino, unir a questão do prazer à questão procriativa", diz Silvana Sá, jornalista.

"O seu desejo carnal de sexualidade sobrepõe ao desejo espiritual de estar com seu companheiro, de amar ele, é aí que entra o pecado", opina Gabriel Bastos, estudante de

Ciências da Computação.

"A igreja não é contra o homossexual. Ela é contra a prática homossexual", diz João Marcos Campos, estudante de Relações Internacionais.

Como é que vcs vêm isso?

" A pessoa num dado momento se sente excluída, então ela não é acolhida", declara Vítor Santos, assistente de RH.

E os casos de pedofilia?

"Essa pessoa tem que ser colocada de lado rapidamente, entregue ao poder público da sociedade para ser julgada, para ser averiguado até que ponto isso é verdade ou não", diz Antônia Sérgio Camões, publicitário.

Esses jovens querem ter voz, mas dispensam a fama de carola. "Não é por que nós temos fé, nós buscamos a Deus, que a gente vai deixar de sair para curtir", declara Rafaela Paiva, estudante de Nutrição.

Eles querem fazer a diferença. "A gente reza na igreja, mas a gente tem que por a mão na massa para mudar a sociedade", diz Junior.

E lá vai o Junior, fazer a sua parte.

Fonte: g1.globo.com
 
Por:  Maratimba.com    |      Imprimir