Categoria Geral  Noticia Atualizada em 13-04-2013

Mais de 30 mil dominicanas foram traficadas para prostituição em 30 anos
Estudos apontam que entre 30 mil e 70 mil dominicanas foram vítimas das redes de tráfico de pessoas e da exploração sexual em 30 anos.
Mais de 30 mil dominicanas foram traficadas para prostituição em 30 anos
Foto: noticias.terra.com.br

Chantagens, humilhações e diversos tipos de violência marcam a vida de milhares de dominicanas que, forçadas pela miséria em seu país, decidem se aventurar em viagens incertas articuladas por redes de tráfico de pessoas, das quais, na maioria das vezes, só conseguem sair mortas.

Embora não haja números exatos, diferentes estudos assinalam que entre 30 mil e 70 mil dominicanas foram vítimas das redes de tráfico de pessoas e da exploração sexual nas últimas três décadas, um fato que faz da República Dominicana, com dez milhões de habitantes, ser o quarto fornecedor de mulheres para esta atividade no mundo, ficando atrás somente da Tailândia, Filipinas e Brasil.

A dramática situação das dominicanas vítimas de exploração sexual e comercial se mostra "complexa" porque elas não dependem apenas de suas vontades, mas acabam sendo forçadas por causa da pobreza em seu país e de outros fatores mais globais, como as informações que chegam do exterior e a facilidade com a qual atuam essas redes.

Assim explicou à agência EFE a socióloga Cristina Sánchez, cuja organização, "Você, Mulher" (Tú, Mujer), acaba de apresentar junto ao Fundo de População da ONU (Unfpa) o estudo "O Tráfico Ilícito e o Trafico de Mulheres Dominicanas no Exterior".

De acordo com a publicação, que inclui relatos desoladores de 25 vítimas, as dominicanas estão envolvidas no comércio sexual em pelo menos 66 países e territórios do mundo, alguns próximos à nação caribenha, como os vizinhos Haiti e Porto Rico, e outros bem distantes, como a Austrália e o Líbano. No entanto, segundo a coordenadora do estudo, a Europa continua sendo "o principal destino delas".

Estas mulheres viajam iludidas "com a percepção de que terão chances de alcançar algum êxito, que vão conseguir enviar dinheiro às famílias" e, por isso, seus parentes se envolvem na negociação, quase sempre para cobrir os custos da viagem, seja hipotecando casas, vendendo propriedades e buscando dinheiro emprestado, relatou Cristina.

"Uma vez no exterior, as dominicanas são obrigadas a entregarem tanto o dinheiro arrecado como seus passaportes. A partir daí, elas dão início a um verdadeiro calvário, que inclui todo tipo de humilhações e, inclusive, assassinatos", completou a socióloga.

Na publicação, uma das vítimas narra como uma amiga foi assassinada após fugir do lugar onde estavam presas e ser achada por responsáveis de outro estabelecimento também dedicado à exploração sexual.

"Eles agarraram ela, deram muitos golpes e introduziram uma madeira em sua vagina. Depois de a amarrarem, os agentes nos disseram: Estão vendo isso? É o que fazemos com quem tenta escapar", relatou a mulher, que possui sua identidade preservada no documento. "Ela morreu. Mataram ela com golpes e também lhe puseram uma mordaça para que seus gritos não fossem escutados. A mataram com pauladas", acrescentou.

Outra, que também não aparece identificada, deixou seu marido, seus filhos e, até mesmo, seu trabalho para realizar uma suposta viagem à Espanha, já que foi convencida por "um homem" que lá "poderia receber muito bem".

"Minha família me ajudou a arrecadar US$ 3 mil, mas pegamos muito dinheiro emprestado e minha mãe chegou a hipotecar sua casa. Deixaram-me em Port of Spain (Trinidad e Tobago), onde uma pessoa me pegou e me levou para um clube de sexo (...) Fiquei presa e agora estou aqui sem trabalho, mas tenho que voltar antes que minha mãe perca sua casa", afirmou a vítima. Além disso, ela dis que todas as mulheres acabam sendo expostas a drogas, álcool e riscos de doenças sexualmente transmissíveis, entre outras.

As poucas dominicanas que conseguiram fugir, muitas vezes com ajuda de clientes, não conseguiram se reinserir à sociedade em sua chegada ao país e, segundo o estudo, "a única renda com que contam é aquela que vem dos seus núcleos familiares e, inclusive, algumas ainda tem dívidas que contraíram para poder migrar".

Por isso, os responsáveis pela pesquisa pediram ao governo dominicano para destinar recursos a fim de impulsionar o plano nacional de combate ao trafico ilícito de emigrantes 2009-2014. O tráfico humano "é uma vergonha para a humanidade, já que essas redes costumam ter muito poder e, inclusive, atravessar instâncias publicas e fronteiras", finalizou Cristina.

Fonte: noticias.terra.com.br
 
Por:  Maratimba.com    |      Imprimir