Categoria Opinião  Noticia Atualizada em 17-04-2013

Um pranto de adeus
Davi, embora ungido rei, se tornou um guerreiro a servi�o de Saul. A vit�ria sobre o gigante Golias lhe deu o direito de casar-se com a filha mais velha do rei.
 Um pranto de adeus

Entretanto, vindo a �poca do casamento, a prometida simplesmente foi dada a outro. Por outro lado, a filha mais nova � Mical - se encantou pelo jovem guerreiro e Saul, sabendo disso, guiado pela inveja e pelo �dio, oferece a Davi a filha em troca da vida de cem inimigos. Davi aceitou o desafio e com o seu grupo, liquidou n�o apenas cem, mas duzentos filisteus.

A essa altura, Jeov� j� havia manifestado o seu descontentamento para com Saul. O �dio de Saul pelo guerreiro aumentava cada vez mais. Era preciso acabar de vez com o genro, evitando assim que ele viesse a ficar com o reino. O plano sinistro, ent�o, era matar Davi em sua pr�pria casa.

Mas a esposa descobriu o plano e evitou o assassinato, ajudando o marido a fugir. Quando os homens de Saul foram busc�-lo, ele j� estava longe. E assim, por muito tempo, viveu distante da esposa para salvar a pr�pria pele. E Mical, enfrentando a f�ria do pai, foi imposta como esposa a um certo Paltiel.

Com o tempo Saul veio a falecer e, Is-Bosete, um dos filhos de Saul, usurpou o trono. Procurou imediatamente atacar a Davi e a seus homens, mas foi derrotado na primeira batalha. Depois desta primeira derrota, o general de Is-Bosete, desentendendo-se com o seu comandante o leva a fazer uma alian�a com Davi. O futuro rei, aceitou a alian�a com uma condi��o: "Quero a minha mulher de volta"

O filho de Saul aceitou essa proposta, o que para ele era muito simples: Era apenas o trabalho de ir � casa de Paltiel e dizer: "Estamos precisando de Mical e vamos lev�-la." Simples assim. Os soldados chegaram com ordem expressa de levar a mulher. De nada adiantou ao marido discutir.

Eis aqui, a meu ver, uma das cenas mais pat�ticas da B�blia: Os soldados de Is-Bosete levando Mical e o marido Paltiel indo atr�s da comitiva "caminhando e chorando" at� chegar � cidade vizinha.

Esse comovente pranto de adeus nos leva a tr�s considera��es. Em primeiro lugar Paltiel chorava por uma companheira que ele sabia que nunca foi totalmente sua. Mical era mulher do Rei e naturalmente quando ele a conheceu, j� sabia da sua hist�ria.

J� paramos para pensar que os nossos c�njuges, bem como os nossos filhos, n�o s�o totalmente nossos? O amor que nos une e demais sentimentos envolvidos na conviv�ncia familiar deveriam ser vistos com uma compreens�o mais elevada. Conviver pode ser entendido como prepara��o para uma inevit�vel separa��o. Sempre aceitei a ideia de que criar filhos � fabricar juntos, como D�dalo e seu filho �caro (Da mitologia grega), asas para a conquista da liberdade.

A segunda considera��o � a forte e ineg�vel identifica��o de Mical com o Rei Davi. Houve uma hist�rica prova de amor. Quando lhe foi exigido um pre�o para ter Mical, Davi pagou em dobro. Felizes s�o os c�njuges que j� fizeram a descoberta espiritual de que foram resgatados por um alto pre�o "da nossa v� maneira de viver". Essa consci�ncia transcende a rela��o humana e transforma a vida num hino de gratid�o permanente. Felizes s�o os c�njuges que t�m consci�ncia de que acima do seu esposo ou da sua esposa existe uma rela��o de perten�a com o Rei Jesus. Por amor ao Rei, o c�njuge ama, perdoa e faz tudo o que estiver ao seu alcance para ter uma vida de paz e harmonia dentro do lar.

A terceira e �ltima considera��o � amplia��o do que j� foi mencionado. Paltiel chorava por Mical embora soubesse que esse dia da separa��o poderia acontecer a qualquer hora. Seu pranto de adeus estava carregado de saudades, de gratid�o, de reconhecimento por aquele per�odo de conviv�ncia t�o curto mas t�o intenso. Ela jamais voltaria para ele. Perdeu! Mas deve ter valido a pena. Feliz � o c�njuge que tem plena consci�ncia desse fato. Envelhecer juntos � uma probabilidade. Apenas isso. A vida vai se desdobrando em surpresas a cada dia, a cada momento. O importante � que sejamos s�bios para viver n�o apenas com os nossos olhos firmados nas coisas terrenas, mas acima de tudo, nas coisas celestiais.

Do ponto de vista crist�o, a minha postura como c�njuge deve ser guiada pelo seguinte par�metro: minhas experi�ncias aqui - positivas ou negativas - n�o devem me impressionar tanto: ESTOU ESPERANDO O MEU REDENTOR ME BUSCAR. E quando isso acontecer, que o pranto de adeus de quem fica seja de saudades, de gratid�o e nunca de remorsos...

Fonte: Reda��o Maratimba.com
 
Por:  Silvio Gomes Silva    |      Imprimir