Categoria Geral  Noticia Atualizada em 18-04-2013

Júri do Carandiru pode ser retomado nesta quinta com interrogatório de PMs
Julgamento foi interrompido nesta quarta-feira após um jurado passar mal e precisar passar o dia no ambulatório do Fórum.
Júri do Carandiru pode ser retomado nesta quinta com interrogatório de PMs
Foto: noticias.terra.com.br

O julgamento de 26 policiais militares acusados de participação no episódio que ficou conhecido como massacre do Carandiru - ocorrido em 1992, quando 111 presos da Casa de Detenção de São Paulo foram mortos - , deve ser retomado na manhã desta quinta-feira, no Fórum Criminal da Barra Funda, dando início ao interrogatório de quatro réus. Nesta quarta-feira, os trabalhos foram suspensos logo pela manhã, depois que um dos sete jurados passou mal e precisou ficar o dia em repouso, no ambulatório do Fórum.

De acordo com o juiz José Augusto Nardy Marzagão (Vara do Júri do Fórum de Santana), que preside o júri, o jurado manifestou ontem que pretende continuar em plenário, mas sua liberação depende do aval de uma equipe médica, que irá reavaliá-lo hoje pela manhã. Caso ele não tenha se recuperado, o conselho de sentença será dissolvido e o julgamento terá de ser adiado novamente, para outra data.

Esta foi a segunda vez que um jurado apresentou problemas de saúde durante o julgamento do massacre do Carandiru. Na semana passada, quando começaria o júri (marcado inicialmente para o dia 8 de abril), uma jurada também passou mal, mas não se recuperou e o conselho de sentença foi desfeito antes mesmo do início dos trabalhos. Na ocasião, haviam sido selecionados como jurados cinco mulheres e dois homens. Já na última segunda-feira, foram selecionados, por meio de sorteio, seis homens e uma mulher para decidir se absolvem ou condenam os réus.

De acordo com o juiz, o estado de saúde do jurado não é grave, mas o magistrado não deu detalhes sobre o que ocorreu. Ele está sendo supervisionado e medicado. Todas as famílias foram comunicadas para acalmá-las. Conversei com ele, não apresentava nenhum sintoma aparente", explicou o juiz, em entrevista concedida ontem à tarde imprensa.

"A prioridade é a saúde do jurado. O julgamento está em andamento, mas está suspenso. Se houver o cancelamento do julgamento, volta à estaca zero. Todo o trabalho é perdido", afirmou.

A sessão está aberta para ser retomada às 9h. Caso o júri continue, a expectativa é que ele seja concluído ainda nesta semana.

Júri de 26 PMs
A expectativa é que sejam ouvidos hoje quatro dos 26 réus acusados de participação no episódio, escolhidos pela defesa para apresentar a versão do grupo para os fatos. Devido ao tamanho do processo, o julgamento do caso foi dividido em etapas: neste júri, são julgados os 26 policiais militares que atuavam no 1º Batalhão de Policiamento de Choque, e que são apontados como responsáveis por 15 mortes ocorridas no 1º andar do pavilhão 9 - cenário do massacre.

Pelo menos outros três júris devem ocorrer até o fim do ano, já que outros 53 PMs são apontados como responsáveis pelos demais assassinatos, registrados nos outros pavimentos. Até hoje, o único condenado pelo caso foi o coronel da PM Ubiratan Guimarães, que comandava a operação e pegou 632 anos de prisão em 2001. Em 2006, entretanto, a Justiça decidiu absolvê-lo em novo julgamento. Ele morreu assassinado naquele mesmo ano.

Nos dois primeiros dias de júri, 11 testemunhas - cinco de acusação e seis de defesa - foram ouvidas, entre elas o então governador Luiz Antonio Fleury Filho (PMDB) e o ex-secretário de Segurança Pública Pedro Franco de Campos, que afirmaram que a entrada da PM no Carandiru era "necessária", devido à situação no pavilhão. De acordo com a denúncia, uma briga entre dois presos de facções rivais motivou o tumulto no presídio, o que provocou a invasão por parte dos policiais.

Também foram ouvidos como testemunhas três sobreviventes (dois ex-detentos e um presidiário), que negaram haver uma rebelião generalizada e acusaram os PMs de atirar aleatoriamente; um dos diretores da Casa de Detenção, que também criticou a operação policial e considerou ter havido uma "execução"; três juízes que participaram das negociações antes da invasão; além do perito criminal responsável pela análise da cena do crime, que acusou a PM de tentar prejudicar a investigação.

Fonte: noticias.terra.com.br
 
Por:  Maratimba.com    |      Imprimir