Categoria Policia  Noticia Atualizada em 02-05-2013

"Não sou ladrão", diz ex-comandante da PM do DF afastado por capas
Ele disse que documento foi assinado por outra pessoa, mas assumiu culpa. Coronel não detalhou cotação que estimou compra por R$ 5,3 milhões.

Foto: g1.globo.com

Afastado do cargo por causa do anúncio da aquisição de capas de chuva por R$ 5,3 milhões, o ex-comandante da Polícia Militar coronel Suamy Santana afirmou em coletiva nesta quinta-feira (2) que houve um erro administrativo no encaminhamento da compra como itens relacionados à Copa das Confederações. "Não sou ladrão, não sou corrupto, tenho 30 anos de serviço e ficha imaculada", disse.

"Burro eu não sou, e seria incapaz de comprar 17 mil capas de chuva para serem usadas no período de seca no Distrito Federal na Copa do Mundo. Seria o cúmulo da idiotice", falou, durante a coletiva.

O coronel afirmou que a compra das capas era necessária, porque as atuais estão velhas, e que elas são diferentes das convencionais. Segundo Santana, elas são refletoras, para serem enxergadas à distância, e dão mobilidade para os policiais. O militar não deu, no entanto, detalhes sobre a cotação dos itens. O orçamento previsto era de R$ 5,3 milhões.

Suamy disse ainda que não assinou o documento, mas que tinha conhecimento da situação e que não poderia responsabilizar um subordinado. "A culpa foi minha", afirmou.

Nesta quinta, a secretária de Transparência e Controle do Distrito Federal, Vânia Lúcia
Vieira, abriu auditoria para apurar a aquisitação dos itens, para uso da Polícia Militar durante a Copa das Confederações. A compra foi cancelada pelo governador Agnelo Queiroz nesta quarta, que a considerou um "ato desmedido".

"Chama a atenção a quantidade [quase 17 mil capas, quando a PM tem 15 mil membros], o preço e também a questão de especificação. A gente precisa analisar qual é a diferença de uma capa normal para essa, o que justificaria um eventual preço maior da capa de um policial para a que um cidadão comum usa", disse.

De acordo com a secretária, dois auditores estão voltados exclusivamente para o exame do processo. Vânia disse que, a princípio, a apuração vai se concentrar na compra das capas de chuva, mas futuramente deve se estender a todos os itens envolvidos na licitação. Ela também afirmou que ainda não é possível dar mais detalhes sobre as investigações porque os documentos ainda não chegaram à pasta.

A secretária disse também que ainda não é possível pensar em uma provável punição.

"Precisaria haver indícios de que houve má fé. Eu, particularmente, acho que foi falha mesmo. E é um processo mais simples, a princípio, porque ele foi suspenso antes de que houvesse a licitação, antes de dano ao erário. A partir de agora, com a análise da auditoria, poderemos recomendar adequações, sugerir uma nova cotação, por exemplo."

Vânia disse que pretende concluir as investigações, determinadas pelo governador, até o final da próxima semana. Segundo a Lei de Acesso à Informação, o tempo estimado de resposta é de até 20 dias corridos, que podem ser prorrogados dependendo do caso.

Após o anúncio da troca de comando, a PM adiou a entrega de 15 bases comunitárias móveis, que devem agilizar o atendimento às ocorrências. De acordo com a assessoria de imprensa da corporação, a nova data só será definida depois da posse do novo comandante, Jooziel de Melo Freire. A entidade disse que não vai se pronunciar sobre o assunto até a cerimônia.

O ex-comandante da PM coronel Suamy Santana foi afastado do cargo nesta quarta-feira (1º) pelo governador Agnelo Queiroz, um dia depois de a corporação anunciar a compra de até 17 mil capas de chuva por R$ 5,3 milhões, para uso durante as copas das Confederações e do Mundo.

Em nota, o GDF diz que "o governador Agnelo Queiroz decidiu trocar o comando da Polícia Militar do Distrito Federal por considerar um ato desmedido a inclusão da compra de 17 mil capas de chuva na licitação de aquisição de equipamentos policiais para as copas das Confederações e do Mundo."

O anúncio da compra do material causou embaraço ao governo porque na época da realização dos eventos – junho e julho – os níveis históricos de chuva em Brasília são baixos.

Também, o custo com as capas equivale a cinco vezes o previsto para a compra de armamento e ao dobro com a montagem de delegacias móveis, por exemplo.

O investimento com as capas estava previsto entre os projetos da Secretaria de Segurança do DF para a Copa do Mundo de 2014, que somam ao todo R$ 60 milhões. O preço final de cada capa dependeria do resultado do pregão eletrônico. Segundo o GDF, os R$ 5,3 milhões previstos para aquisição deveria ser suficiente para a compra de até 17 mil unidades – e não 20 mil, como havia anunciado a PM nesta terça-feira.

A assessoria do governador havia informado nesta quarta que a compra das capas de chuva não era prioritária para o evento e que, apesar de ser uma necessidade da PM, deveria ter sido colocada em outra licitação.

Suamy Santana estava no cargo havia pouco mais de um ano – ele tomou posse em 13 de abril do ano passado. O substituto de Santana será o coronel Joziel de Melo Freire, qe ocupava a secretaria-adjunta de Segurança Pública.

Fonte: g1.globo.com
 
Por:  Maratimba.com    |      Imprimir