Categoria Opinião  Noticia Atualizada em 16-05-2013

POR QUE LEMBRAR, REPETIR E ELABORAR?
“Agente transformador em transformação Elio Gonçalves!”
POR QUE LEMBRAR, REPETIR E ELABORAR?

Experiência vivênciada.

LEMBRAR

Quando eu cursava o ensino fundamental, isto é, o primário numa escola pública do Estado de São Paulo. A professora era uma educadora muito rígida, autoritária, severa e descontrolada emocionalmente, pois costumava agredir, espancar os alunos com bofetadas, reguada e jogava o apagador na cabeça dos mesmos quando estes conversavam na sala de aula. Ficava mais violenta nos dias em que entrava na sala de aula com tiques nervosos (Tipo: tentativa de morder a orelha).

E, nesse dia, ela me escolheu para ir à lousa. Ao me interrogar a tabuada de matemática como não tinha estudado, respondi evidentemente utilizando o chutômetro. Para minha infelicidade, a cada resposta errada sofria corretivos na base de bofetadas, puxões de orelhas e o rótulo de burro, num tom de voz alto, sonoro e estridente. A dor e a humilhação dessa violência física e moral foram insuportáveis e traumáticas na época.

Achei que tinha superado essa experiência dolorosa de infância. No entanto, ao prestar meu exame para comunicação social (jornalismo), durante 4 anos, percebi que não havia superado aquele trauma.

REPETIR

Esta banca de examinadores era constituída por uma psiquiatra e três psicólogos. A psiquiatra era a coordenadora da mesa e foi a que começou fazendo perguntas. Já no início, antes de ser sabatinado, notei que ela tinha uma postura autoritária e expressão severa. Comecei a ficar inseguro e nervoso. Quando ela me fez as perguntas, me deu um branco, estava totalmente fora de mim, tremendo e nervoso. Ela percebendo o meu descontrole, me perguntou como eu estava sentindo naquele momento em frente à lousa. Eu lhe respondi que estava nervoso. Ela me perguntou o motivo desse nervosismo? Disse-lhe que não estava me sentindo à vontade, pois me sentia intimidado com sua personalidade autoritária e isso me incomodava. Então, ela me perguntou se estava sendo autoritária comigo. Disse-lhe que não, mas o seu jeitão é que me incomodava me inibia. Então, ela me disse: "Você notou que seus olhos estão arregalados. Sua expressão é de choro e seus ombros estão encolhidos e tensos? Que idade emocionalmente falando você está se sentindo nesse momento?"

Diante dessa pergunta, pude perceber que estava agindo e me sentindo como uma criança, talvez com 7 anos de idade. Na verdade, estava regredido, houve uma regressão espontânea. Em seguida, ela me perguntou se o jeitão dela me fazia lembrar alguém do meu passado. Foi aí que me veio subitamente à imagem da minha antiga professora.

Eu estava lembrando, isto é, relembrando através do jeitão autoritário dessa avaliadora, a professora do primário. Da mesma forma que fui castigado, punido por não saber a tabuada, temia que seria reprovado pela coordenadora da banca. Então, eu estava repetindo, isto é, reproduzindo os mesmos padrões de comportamentos e sentimentos do passado.

Disse-lhe que o seu jeitão autoritário me lembrava a minha antiga professora do primário que me agrediu física e moralmente por não responder corretamente suas perguntas. Então, sabiamente ela me perguntou: Olhe bem para mim. Eu sou essa professora? Foi aí que caiu a ficha. Realmente ela não era a minha professora. Ela não estava sendo autoritária comigo, estava apenas perguntando, fazendo seu papel de examinadora. Portanto, não fazia sentido temê-la. Subitamente sai da hipnose, da ilusão mental que me encontrava. Ela percebendo minha expressão de alívio, fez uma brincadeira: Vamos voltar o filme. Veio me cumprimentar novamente, me deu um bom dia e me fez as perguntas iniciais. Só que desta vez eu respondi as perguntas dela e dos outros membros da banca, com segurança e desenvoltura. Felizmente fui aprovado, apesar desse pequeno escorregão de regredir ao meu passado.

ELABORAR

Então, por meio desta lembrança, passamos a elaborar, isto é, compreender a causa verdadeira do problema, não mais repetindo os mesmos comportamentos e sentimentos neuróticos do passado.

A partir dessa elaboração, compreendi porque tinha dificuldades de me relacionar com outras figuras de autoridade como chefes e pessoas autoritárias. Sentia-me inseguro, amedrontado no relacionamento com essas pessoas. Percebi também porque só atraia na minha vida namoradas autoritárias, mandonas e chefes severos, intolerantes e até perseguidores.

Na verdade, após aquela experiência traumática, criei uma crença de que não sou capaz, não sou uma pessoa valorosa, digna de respeito. Fui cultivando um sentimento de desvalorização. E como nós expressamos essa desvalorização em nossa sua vida? Com certeza é atraindo pessoas tóxicas, críticas, autoritárias, condenadoras e desvalorizantes que costumam distratar os outros. Compreendi então que as pessoas, o meio onde você vive, os problemas, as dificuldades com as quais convivemos, são delimitadas por nossas crenças.

CONCLUINDO

As experiências que possuímos são registradas na mente em diferentes níveis de intensidade. As variáveis com grau de tensão positiva ou negativa que as experiências possuem, as mais dolorosas e prazerosas como as cadeias de pensamentos que tiveram mais ansiedade, tensão apreensão ou prazer são registradas com mais intensidade. No entanto as experiências de alto comprometimento emocional como elogio, ofensa pública, derrota, fracasso, essas têm registro privilegiado, influenciando a nossa maneira de ser e de reagir ao mundo conforme apela o apóstolo Paulo, em sua carta aos Romanos: " E não sedes conformados com este mundo, mas sede transformados pela renovação do vosso entendimento, para que experimenteis qual seja a boa, agradável, e perfeita vontade de Deus". (Romanos 12.2)!

"Agente transformador em transformação Elio Gonçalves!"

Fonte: Redação Maratimba.com
 
Por:  Elio Gonçalves    |      Imprimir