Categoria Geral  Noticia Atualizada em 22-05-2013

Encapuzados se tornam a face violenta dos protestos no Chile
Governo quer endurecer leis contra desordem e vandalismo para coibir a��o de grupos que agridem policiais e a m�dia em manifesta��es no pa�s.
Encapuzados se tornam a face violenta dos protestos no Chile
Foto: noticias.terra.com.br

Eles aparecem em quase todas as manifesta��o na capital chilena, Santiago, e jogam pedras, coquet�is molotov, e at� mesmo �cido, na pol�cia. Eles grafitam as paredes da cidade e atacam jornalistas que tentam filmar ou fotografar suas a��es. Eles s�o "os encapuzados", grupos de jovens que se tornaram figuras constantes nos protestos que t�m agitado a sociedade chilena nos �ltimos dois anos.

Nesse per�odo, estudantes realizaram dezenas de protestos em todo o pa�s. Ambientalistas, ativistas dos direitos dos homossexuais, mineiros, e membros de comunidades ind�genas do Chile tamb�m foram �s ruas para expressar suas queixas.

A grande maioria dos manifestantes se comporta de forma pac�fica, mas muitas vezes os protestos terminam em viol�ncia. Pequenos grupos de jovens encapuzados enfrentam os policiais, que respondem com g�s lacrimog�neo, cassetetes e canh�es de �gua. Milhares de pessoas foram presas e centenas foram feridas.

A m�dia tende a se concentrar mais na cobertura dos confrontos do que nas marchas pac�ficas que os precedem. Como resultado, as quest�es em jogo - o meio ambiente, a igualdade de g�nero, os direitos ind�genas e, sobretudo, a educa��o - muitas vezes s�o esquecidas, e o debate acaba se concentrando em t�ticas policiais e a lei e ordem.

Os l�deres do movimento estudantil est�o bem conscientes disso. As pesquisas de opini�o mostram que, apesar de muitos chilenos apoiarem as demandas dos manifestantes para a reforma da educa��o, eles desaprovam a viol�ncia e o vandalismo que acompanham as marchas.

"O importante para n�s � continuar falando sobre a educa��o", diz Andres Fielbaum, presidente da uni�o dos estudantes da Universidade do Chile. "Temos que lembrar que as pessoas que causam a viol�ncia s�o menos de 1% das pessoas que participam das marchas".

Isso � verdade, mas esse "menos de 1%" tem um impacto desproporcional na m�dia, e est� manchando a reputa��o de todo o movimento.

Luta direta contra o sistema
Quem s�o os encapuzados e o que eles querem? Gabriel Salazar, um historiador de esquerda e professor universit�rio que tem acompanhado os protestos dos �ltimos dois anos, identifica dois subgrupos dentro de suas fileiras.

"A grande maioria s�o de bairros pobres de Santiago e est�o na faculdade, muitos deles em escolas t�cnicas", diz ele. "Eles v�m de comunidades com uma longa tradi��o de protestos, desde a �poca da ditadura de Pinochet. Protesto violento � quase uma rotina para eles."

Mas Gabriel tamb�m identifica um segundo grupo, menor, que vem de uma classe social mais alta, e recentemente se converteu a t�ticas mais violentas. Ele diz que eles s�o anarquistas envolvidos em uma "luta direta contra o sistema". Bandeiras com as cores anarquistas preto e vermelho s�o vis�veis em muitas das marchas.

"O anarquismo tem crescido em muitas universidades chilenas, incluindo esta", diz Alberto Mayol, soci�logo da Universidade do Chile, se referindo � faculdade em que leciona, uma das duas universidades mais prestigiadas do Chile. Alberto v� uma linha de descend�ncia direta entre os manifestantes anti-Pinochet dos anos 1980 para os ativistas estudantis de hoje. "O que estamos vendo agora � o fim do fim da era p�s-ditadura", diz ele.

A viol�ncia n�o � restrita �s manifesta��es estudantis. A passeata do Dia do Trabalho terminou em violentos confrontos no centro de Santiago: 141 pessoas foram presas e 42 policiais feridos. A pol�cia n�o � o �nico alvo. Bancos, farm�cias e redes de fast food t�m sido atacados.

Os encapuzados tamb�m n�o veem com bons olhos a m�dia, considerada "burguesa". No Dia do Trabalho, eles atacaram a van do canal de televis�o chileno Canal 13, ferindo um motorista e um cinegrafista. Durante uma manifesta��o estudantil no dia 8 de maio, eles agrediram um jornalista da CNN.

Os objetivos dessa viol�ncia s�o dif�ceis de avaliar. Alguns parecem estar lutando pela revolu��o, enquanto outros parecem estar lutando apenas por divers�o. Soci�logos dizem que muitos s�o jovens revoltados marginalizados pela modelo econ�mico capitalista do Chile, que trouxe prosperidade, mas deixou alguns de seus cidad�os vulner�veis aos caprichos do mercado livre.

Repress�o Legal
Ent�o, o que pode ser feito para acabar com a viol�ncia? O governo diz que � necess�ria uma nova legisla��o. Um projeto de lei foi enviado ao Parlamento para endurecer penas a delitos de desordem p�blica. Se o projeto for aprovado, qualquer um considerado culpado de protesto violento ter� sua senten�a aumentada se tiver tamb�m coberto o rosto impedindo sua identifica��o pela pol�cia.

O projeto de lei � pol�mico e tem sido criticado por grupos de defesa de direitos humanos, incluindo a Anistia Internacional. Manifestantes pac�ficos dizem que muitas vezes s�o obrigadas a cobrir o rosto para se proteger do g�s lacrimog�neo da pol�cia. "O Estado n�o pode controlar o que as pessoas vestem ou usam durante as manifesta��es", diz Ana Piquer, diretora-executiva da Anistia Internacional no Chile. "Isso � liberdade de express�o."

Os alunos acusam a pol�cia de usar g�s lacrimog�neo e canh�es de �gua indiscriminadamente. Nos �ltimos confrontos, a pol�cia disparou tiros de tinta contra manifestantes para tentar identific�-los. V�rias pessoas foram atingidas no rosto e pelo menos um homem perdeu a vis�o em um olho como resultado.

No in�cio desse m�s, um juiz acusou a pol�cia de usar "m�todos semelhantes aos de uma ditadura" durante os protestos - palavras carregadas dada a hist�ria do Chile. O pol�tico da oposi��o Gabriel Silber tra�ou um paralelo entre as t�ticas empregadas pela pol�cia e as utilizadas durante a ditadura de Augusto Pinochet (1973-1990).

A cara da cidade mudou
Apesar disso, h� alguns sinais de que a coopera��o entre a pol�cia e o movimento estudantil est� melhorando. Depois da manifesta��o de 8 de maio, o chefe do governo regional de Santiago, Juan Antonio Peribonio, elogiou os esfor�os de estudantes para policiar sua pr�pria marcha.

Mas os violentos confrontos ainda assombram muitos moradores de Santiago. A cara da cidade mudou desde 2011. H� mais picha��es e muitas ruas j� n�o t�m mais placas. Elas foram arrancadas pelos manifestantes e atiradas contra a pol�cia.


Jovem encapuzado comanda protesto anarquista contra o Congresso chileno em Valpara�so, na ter�a-feira
Foto: AP



Manifestantes encapuzados s�o vistos durante confronto com a pol�cia na ter�a-feira, em Valpara�so
Foto: AP




Fonte: noticias.terra.com.br
 
Por:  Maratimba.com    |      Imprimir