Categoria Geral  Noticia Atualizada em 05-06-2013

Rússia critica relatório da ONU sobre atrocidades cometidas na guerra civil síria
Um novo relatório da ONU sobre as recorrentes violações dos direitos humanos e o possível uso de armas químicas na Síria atraiu críticas da Rússia na terça-feira, 4.
Rússia critica relatório da ONU sobre atrocidades cometidas na guerra civil síria
Foto: www.panoramabrasil.com.br

Em um comunicado publicado no site do Ministério dos Negócios Estrangeiros, o representante permanente de Moscou junto às Nações Unidas em Genebra, Alexei Borodavkin, pediu à comissão de inquérito do organismo mais objetividade na hora de investigar as violações ocorridas no país árabe, em guerra civil há mais de dois anos.

O diplomata russo afirmou que, embora o relatório detalhe com justiça os crimes de guerra cometidos por grupos armados antigovernamentais, coloca uma sobrecarga de culpa nas forças leais ao Presidente sírio, Bashar al-Assad, pela continuação do conflito. Neste sentido, ele questionou a medida em que a comissão da ONU fez esforços imparciais para contatar testemunhas de cada um dos lados do confronto.

A versão não editada e antecipada do relatório foi publicada na terça-feira, 4. O documento cobre o período de 15 de janeiro a 15 de maio e destaca que baseia suas conclusões em depoimentos de pessoas na Síria e nos países vizinhos afetados da região.

O texto afirma ainda que "crimes de guerra e crimes contra a humanidade tornaram-se uma realidade diária" no país. Uma das principais conclusões do relatório, de fato, é que existem "motivos razoáveis" para acreditar que armas químicas foram usadas no conflito "por ambas as partes". Porém, deixa claro que a maior preocupação exposta pelos relatos das testemunhas se deve ao suposto emprego de substâncias tóxicas por parte do regime de Assad.

Especificamente, o texto faz menção a quatro incidentes ocorridos entre 19 de março e 29 de abril em Aleppo, Damasco e Idlib. Segundo os investigadores, "existem motivos razoáveis para acreditar que foram usadas quantidades limitadas de produtos químicos tóxicos" nessas cidades. Entretanto, admite-se que "não foi possível, segundo as evidências disponíveis, determinar precisamente os agentes químicos utilizados, nem seus sistemas de entrega ou mesmo seus perpetradores".

A Síria não é signatária da Convenção sobre Armas Químicas e não ratificou a Convenção sobre Armas Biológicas e Tóxicas. Muitas suspeitas já foram levantadas de que o país possa ter em seus estoques gás mostarda e sarin, um agente nervoso extremamente nocivo.

O relatório da ONU, entretanto, abrange uma gama mais ampla de violações dos direitos humanos no país árabe. Desde o bombardeio indiscriminado de áreas civis a execuções extrajudiciais, passando por punições coletivas, tortura, violência sexual contra homens e mulheres e uso de crianças como soldados, a lista de atrocidades é quase interminável.

As forças do governo e suas milícias afiliadas, bem como os grupos armados da oposição são ambos acusados da maioria dos tipos relatados de abuso, mas apenas as forças armadas contra Assad são suspeitas de usar "crianças para participação ativa nas hostilidades".

O documento destaca que os níveis de brutalidade estão aumentando, em todos os lados, e sublinha o "custo humano" provocado pelo "impasse político que tem caracterizado a resposta da comunidade internacional à guerra na Síria".

Além disso, expressa preocupação com a ameaça de desestabilização regional e com o envolvimento de atores externos no conflito, com o Hezbollah lutando ao lado das forças do governo, e o grupo rebelde Jabhat al-Nusra jurando lealdade à Al-Qaeda.

O país é palco de uma guerra civil cada vez mais sangrenta desde que as primeiras manifestações contra o regime de Assad irromperam, em março de 2011. De acordo com estimativas das Nações Unidas, aproximadamente 80 mil pessoas foram mortas desde então. Além disso, 4,2 milhões foram deslocadas internamente, e 1,6 milhão tornaram-se refugiadas em países vizinhos.

Fonte: www.diariodarussia.com.br
 
Por:  Maratimba.com    |      Imprimir