Categoria Policia  Noticia Atualizada em 12-06-2013

Professores, estudantes e jornalistas estão entre manifestantes presos
Dos 20 detidos, 13 continuavam presos por danos e formação de quadrilha. Terceiro protesto em um semana foi marcado por vandalismo em SP.
Professores, estudantes e jornalistas estão entre manifestantes presos
Foto: g1.globo.com

Três professores, três estudantes e dois jornalistas estão entre as 13 pessoas que continuavam presas nesta quarta-feira (12) suspeitas de depredações e vandalismo durante manifestação contra o aumento de tarifas ocorrida nesta terça-feira (11) na região central de São Paulo. Eles irão responder por crimes como dano ao patrimônio e formação de quadrilha. No total, a Polícia Militar deteve 20 pessoas durante o protesto.

Sete detidos, incluindo dois adolescentes, foram liberados pela Polícia Civil nesta madrugada e vão responder em liberdade por pichação, lesão corporal, desacato à autoridade e obstrução de transporte. Oito policiais ficaram feridos durante o protesto que terminou em confronto entre PMs e manifestantes. Em menos de uma semana, foi o terceiro protesto contra os reajustes do transporte público na cidade. O ato foi organizado pela internet pelo Movimento Passe Livre (MPL). Cerca de 5 mil manifestantes, segundo a PM, participaram do protesto. Para o movimento, foram 20 mil.

No grupo de 13 presos, há ainda um publicitário, um metalúrgico, um autônomo, uma desempregada, um editor e um artista – os dois últimos não tiveram seus nomes divulgados. A única mulher detida é a desempregada Stephanie Fenselau, de 25 anos. Ela deverá ser levada para a carceragem feminina do 89º Distrito Policial, no Portal do Morumbi, na Zona Sul.

Dez dos presos, incluindo Stephanie, irão responder por dano ao patrimônio e formação de quadrilha. Como esses crimes, somados, superam os quatro anos de pena de prisão, a polícia não pode arbitrar fiança, apenas a Justiça. Eles aguardam uma vaga em Centros de Detenção Provisória (CDPs). Os homens devem esperar pela transferência no 2º DP, Bom Retiro.

O jornalista Raphael Sanz Casseb, de 26 anos, irá responder por dano ao patrimônio porque, segundo o boletim de ocorrência registrado no 78º DP, nos Jardins, ajudou vândalos a "danificar uma guarita elevada da Polícia Militar, que derrubou em companhia de outros, bem como passou a rolar a mesma pela via pública, resultando em sua total destruição" na Avenida Paulista.

Ainda de acordo com o registro policial, Casseb "parecia ser o mais agressivo dos manifestantes", sendo necessário o "uso de força física" para contê-lo. Junto com ele foi apreendida uma máscara usada para proteção contra gás.

Como o crime que Casseb cometeu pode ter a fiança arbitrada pela polícia, o delegado Severino Pereira de Vasconcelos estipulou a quantia de R$ 20 mil para que ele responda em liberdade. Segundo o policial, o jornalista também participou da depredação à Estação Trianon Masp do Metrô. Por esse motivo, esse valor da fiança foi estipulado levando em conta o prejuízo provocado. Um funcionário do Metrô disse que os danos, só para recolocar os vidros nesta estação, chegam a R$ 15 mil.

Quando era transferido do 78º DP para o 2º DP, Casseb foi questionado pelos jornalistas sobre o que tinha a dizer a respeito das acusações. Em resposta, afirmou: "Me respeitem". Em seguida, tentou chutar a câmera de um fotógrafo enquanto era colocado num veículo da Polícia Civil juntamente com outros dois presos: o metalúrgico Willian Borges Euzebio, de 20 anos, e o estudante Julio Henrique Cardial Camargo, de 21 anos. Os dois preferiram ficar em silêncio quando foram indagados pelos jornalistas.

Entre os presos que foram para o 78º DP, está o estudante Rafael Pereira Medeiros, de 20 anos. Em entrevista ao G1, o pai dele, o empresário do ramo de turismo Ricardo Gimenes Medeiros, afirmou que o filho foi preso por engano pela PM e que não usa transporte público. "Ele tem moto", disse.

Três dos presos têm 20 anos de idade, outros três possuem 26 anos. Os demais têm idades entre 19 e 43 anos. Quatro detidos moram em São Paulo, nos bairros: Ipiranga, Brooklin (Zona Sul), Pirituba (Zona Norte), Perdizes (Zona Oeste), e República (Centro). Também há três detidos que são de Diadema, no ABC, e outros de Santana de Parnaíba e Poá, na Grande São Paulo. Stephanie informou à polícia que mora em Rio Claro.

Durante a manhã, nenhum advogado dos presos esteve no 78º DP. Procurado pela equipe de reportagem, o pai do estudante André Marcos Martins, Aquiles da Trindade Martins, disse que não sabe o que aconteceu e que não teve contato com o filho. A família procurou um advogado para tentar conseguir a liberdade de André, mas até 12h desta quarta-feira (12) ele não tinha mais informações.

Segundo um parente de Pedro Ribeiro Nogueira, o jornalista esteve na manifestação, mas estava trabalhando na cobertura do ato. Ele é repórter do "Portal Aprendiz". O familiar de Nogueira disse que o jornalista estava voltando para casa, acompanhado pela namorada e umas amigas, quando policiais militares tentaram agredir uma das mulheres com cassetetes. Ele disse que Pedro tentou intervir e, por isso, foi preso. "Bateram nele, indiciaram e colocaram ele no mesmo saco que todos os outros. Ele apanhou muito, estava molhado e com frio. E ele não fez nada." Em nota publicada no site, o Portal Aprendiz confirmou que Pedro Ribeiro estava trabalhando no protesto. A nota informou ainda que duas representantes do portal estiveram no 78º DP, mas não foram recebidas pelo delegado.

O G1 tentou entrar em contato com as famílias e representantes de Bruno Lourenço, Clodoaldo Almeida da Silva, Ildefonso Hipólito Penteado, Júlio Henrique Cardial Camargo, Willian Borges Euzébio, Stephanie Fenselau, Rodrigo Cassiano dos Santos e Rafael Pereira Medeiros, que também foram indiciados, mas eles não foram encontrados ou não quiseram falar sobre o caso.

Segundo a polícia, nenhum dos 13 presos que ainda continuavam na delegacia tinha passagens anteriores pela polícia.
Segundo o boletim registrado contra os presos, o grupo é acusado de danificar três guaritas da PM: duas na Rua São Carlos do Pinhal e outra no cruzamento da Avenida Paulista com a Avenida Brigadeiro Luiz Antônio. Além disso, são suspeitos de danificar um carro da PM na esquina da Rua Pamplona com a Avenida Paulista. Eles são acusados também de atacar uma estação do Metrô e uma agência bancária do Itaú e de quebraro floreiras e lixeiras, entre a Avenida Paulista e a Rua Teixeira da Silva.

Os suspeitos foram presos, segundo a PM, dentro do Hospital Santa Catarina, na Paulista, para onde fugiram e tentaramo se esconder dos policiais se passando por pacientes.

Fonte: g1.globo.com
 
Por:  Maratimba.com    |      Imprimir