Categoria Geral  Noticia Atualizada em 14-06-2013

Bala que atingiu repórter da "Folha" foi disparada para o chão, diz PM
Comandante afirmou que tiro "ricocheteou" e atingiu Giuliana Vallone. Em rede social, jornalista relatou ter visto mira de policial militar.
Bala que atingiu repórter da
Foto: g1.globo.com

O comandante da Polícia Militar (PM) de São Paulo, Benedito Meira, disse nesta sexta-feira (14) que a bala de borracha que atingiu a repórter Giuliana Vallone, do jornal "Folha de S. Paulo", não foi disparada na direção da jornalista, e sim para o chão. A jovem foi ferida no rosto durante a manifestação contra a alta da tarifa do transporte público, no Centro da capital paulista. O protesto ocorrido na quinta-feira (13) deixou feridos e mais de 200 detidos.

Desde que teve conhecimento das imagens da jornalista ferida, Meira disse ter solicitado que uma equipe fosse ao local onde o disparo teria sido efetuado. De acordo com o comandante, Giuliana informou inicialmente que o disparo havia sido feito por um PM da Rota, mas a tropa de elite da PM, segundo Meira, estava distribuída nas regiões de Higienópolis, Jardins e Moema no momento da ação, para combater roubos a restaurantes.

Ainda de acordo com o comandante, Giuliana estava em um estacionamento durante o incidente. "Realmente tinha um ônibus da Tropa de Choque naquele local, naquele cruzamento. Os policiais estavam embarcando no ônibus quando alguns manifestantes arremessaram pedras. Houve um disparo de elastômero [bala de borracha] que não foi em direção à jornalista, mas foi em direção ao solo. Esse disparo ricocheteou e essa bala de elastômero atingiu a garota dentro do estacionamento", detalhou.

Em uma publicação feita nesta manhã em sua página do Facebook, Giuliana contou que estava em um estacionamento na Rua Augusta quando foi atingida. "Não vi nenhuma manifestação violenta ao meu redor, não me manifestei de nenhuma forma contra os policiais, estava usando a identificação da "Folha" e nem sequer estava gravando a cena. Vi o policial mirar em mim e no querido colega Leandro Machado e atirar. Tomei um tiro na cara", escreveu.

Repórter já consegue enxergar

Ainda em sua página na rede social, a jornalista contou detalhes sobre a avaliação médica pela qual passou. Na postagem, a jornalista informou que após exames clínicos nenhuma fratura ou dano neurológico foi constatado. Giuliana afirmou ainda que já consegue enxergar com o olho atingido. Ela passou a noite em observação no Hospital Sírio-Libanês.

Confira a postagem da jornalista Giuliana Vallone na íntegra:
Queridos,
Em primeiro lugar, gostaria de agradecer a todas as manifestações de carinho e preocupação recebidas dos amigos e também de pessoas que não tive a oportunidade de conhecer. Vocês são incríveis.

Agora, o boletim médico: passei a noite no hospital em observação. A tomografia mostrou que não há fraturas nem danos neurológicos. A maior preocupação era o comprometimento do meu olho, que sofreu uma hemorragia por causa da pancada. Felizmente, meu globo ocular não aparenta nenhum dano. E agora, ao acordar, percebi a coisa mais incrível: já consigo enxergar com o olho afetado, o que não acontecia quando cheguei aqui. Fora isso, estou muito inchada e tomei alguns pontos na pálpebra.

Sobre o aconteceu: já tinha saído da zona de conflito principal --na Consolação, em que já havia sido ameaçada por um policial por estar filmando a violência-- quando fui atingida. Estava na Augusta com pouquíssimos manifestantes na rua. Tentei ajudar uma mulher perdida no meio do caos e coloquei ela dentro de um estacionamento. O Choque havia voltado ao caminhão que os transportava. Fui checar se tinham ido embora quando eles desceram de novo. Não vi nenhuma manifestação violenta ao meu redor, não me manifestei de nenhuma forma contra os policiais, estava usando a identificação da Folha e nem sequer estava gravando a cena. Vi o policial mirar em mim e no querido colega Leandro Machado e atirar.

Tomei um tiro na cara. O médico disse que os meus óculos possivelmente salvaram meu olho.

Cobri os dois protestos nesta semana. Não me arrependo nem um pouco de participar desta cobertura (embora minha família vá pirar com essa afirmação). Acho que o que aconteceu comigo, outros jornalistas e manifestantes, mostra que existem, sim, um lado certo e um errado nessa história. De que lado você samba?

Fonte: g1.globo.com
 
Por:  Maratimba.com    |      Imprimir