Categoria Geral  Noticia Atualizada em 18-06-2013

Ex-procurador Cláudio Fonteles deixa a Comissão da Verdade
Ele negou divergências e disse que renunciou porque encerrou "um ciclo". Comissão da Verdade apura violações aos direitos humanos na ditadura.
Ex-procurador Cláudio Fonteles deixa a Comissão da Verdade
Foto: g1.globo.com

O ex-procurador-geral da República Cláudio Fonteles afirmou nesta terça (18) que deixou a Comissão Nacional da Verdade, que desde o ano passado apura casos de violação de direitos humanos entre 1946 e 1988, período que inclui a ditadura militar.
Ele negou divergências com o governo ou com membros da comissão e disse que renunciou porque completou "um ciclo". Segundo Fonteles, a decisão é "irrevogável".
Criada em maio de 2012, a Comissão da Verdade tem sete conselheiros. A assessoria do Palácio do Planalto disse que não tinha informações sobre a renúncia de Fonteles.
Fonteles falou sobre a renúncia, antecipada pelo site do jornal "O Globo", depois de participar nesta terça, em Brasília, de debate sobre a Proposta de Emenda Constitucional 37, a chamada PEC 37, que limita o poder de investigação do Ministério Público. O debate foi promovido pela Procuradoria Geral da República.
Ele disse que a saída é motivada por questões "absolutamente pessoais". "Considerei que meu trabalho na Comissão da Verdade cumpriu-se, chegou ao fim. Então, entendi, por razões absolutamente pessoais, que era o tempo de encerrar. [...] Eu fiz um trabalho, sem ter viés pessoal, participei de vários debates, produzi textos, tem mais de 150 textos escritos por mim. Tudo na vida tem seu tempo, acho que foi meu tempo", declarou.

O ex-procurador-geral negou divergências com o governo ou internas dentro da comissão. Ele citou a divergência sobre divulgação dos trabalhos. Fonteles defendia que a divulgação deveria ocorrer durante a execução dos trabalhos. Parte dos demais conselheiros considerava que era melhor aguardar a conclusão final. A corrente de Fonteles acabou vitoriosa.
"Quanto ao governo, de maneira alguma [houve divergência]. Quanto ao que foi noticiado pela imprensa [divergência sobre divulgação], isso foi sanado. Aqueles que não tinham essa ideia se convenceram de que era muito fundamental para o país que a comissão fosse instrumento da cidadania"
Fonteles disse acreditar que sua saída não prejudicará a comissão. "Eu acho que não [prejudicará]. Não há ser humano insubstituível. Outras pessoas virão e continuarão, isso faz parte do sistema democrático."
O ex-procurador afirmou que a decisão dele é "irreversível" e que a manifestação sobre a saída da comissão foi entregue à presidente Dilma Rousseff pela atual coordenadora da comissão, Rosa Cardoso.
Fonteles coordenou a comissão entre setembro de 2012 e fevereiro de 2013, segundo a assessoria do órgão. A atual coordenadora, Rosa Cardoso, lamentou a renúncia.
De acordo com o site da comissão, Fonteles informou os demais membros sobre a saída durante a reunião desta segunda (17).
"Pretendo ficar na comissão até o final dos trabalhos da CNV. Lamento, profundamente, a saída de Claudio e enfatizo que ele não teve, não tem e não terá nenhuma divergência comigo. Gostaria muito que ele continuasse conosco", afirmou Rosa Cardoso, em declaração reproduzida pelo site do órgão.

Fonte: g1.globo.com
 
Por:  Maratimba.com    |      Imprimir