Categoria Geral  Noticia Atualizada em 18-07-2013

Nova manifestação no Leblon pede a saída de Sérgio Cabral
Confronto terminou em choque e depredações. Prédio da Globo foi atacado.
Nova manifestação no Leblon pede a saída de Sérgio Cabral
Foto: www.jb.com.br

Cerca de 1000 pessoas protestaram na Rua Aristides Espínola, no Leblon, Zona Sul do Rio, onde mora o governador Sérgio Cabral, na noite desta quarta-feira (17). Desde o início da noite, o local estava protegido por um forte aparato policial. Dois PMs chegaram a aparecer à frente da barreira montada portando fuzis. Contudo, isso não impediu que o protesto terminasse em depredações e confronto.

Por volta das 22h, manifestantes que fizeram um protesto na Rocinha contra o desaparecimento de um morador, seguiram em passeata até o Leblon e se juntaram às pessoas que protestavam em frente à casa de Cabral. Após deixarem a porta do edifício do governador, o grupo saiu em passeata pelas ruas do Leblon. No caminho, apedrejaram um prédio administrativo da Rede Globo. Coquetéis molotov foram lançados e a porta do prédio foi arrombada. Seguranças lançaram água de extintores no grupo que tentava forçar a entrada no local. Um carro do SBT foi pichado.

Além dos danos no prédio da Globo e em um veículo do SBT, ônibus foram pichados com a inscrição "Fora Cabral". Uma placa da Jornada Mundial da Juventude (JMJ) foi incendiada na Rua Mario Ribeiro, na Gávea.

A polícia não acompanhava o grupo e não houve qualquer repressão ao princípio de confusão. Por volta das 22h45, começou um confronto. Manifestantes montavam barricada e atacavam policiais militares na rua de Cabral e na Avenida General San Martin com pedras e morteiros. A PM revidava com bombas de gás, mas se mantinha apenas na rua de Cabral, sem avançar.

Bancos também foram depredados, na Avenida Ataulfo de Paiva. A Tropa de Choque foi chamada. Pelo menos quatro policiais ficaram feridos após terem sido atingidos por pedras.

Cabral divulga nota
O governador Sérgio Cabral, por meio da assessoria, divulgou nota sobre a manifestação. "A oposição busca antecipar o calendário eleitoral criando constrangimentos à governabilidade. O governador, legitimamente eleito por 67% dos votos no primeiro turno, nas últimas eleições, reitera o seu compromisso de continuar a manter o Rio de Janeiro na rota do desenvolvimento social e econômico".

Início pacífico

A Rua Aristides Espínola foi fechada ao trânsito para o quarto protesto em menos de 20 dias no local. Por volta das 19h, as duas faixas da Avenida Delfim Moreira foram fechadas. Assim como na última vez, os manifestantes não levaram barracas para acampar.

O grande alvo dos manifestantes era o governador Sérgio Cabral. Mas o protesto também suscitou gritos contra Eduardo Paes, Eike Batista e o Papa, em lembrança aos altos gastos públicos para a realização da Jornada Mundial da Juventude. Um boneco de Judas representando Cabral foi queimado no poste da esquina da Delfim Moreira com Aristides Espínola. Diferente do que vinha ocorrendo, poucos eram os policiais sem identificação na farda. Essa reivindicação, inclusive, foi tema da primeira tentativa de "diálogo" entre manifestantes e policiais. Os presentes foram até o limite da barreira montada argumentando que os PMs também são vítimas do governo e gritando pelo "nome na farda".

Além dos policiais com fuzis, três caveirões, e um carro-pipa faziam parte do esquema de segurança montado para evitar que alguém se aproximasse do edifício de Cabral, que está protegido por grades. Atrás, uma extensa barreira de PMs. Os manifestantes gritavam, em coro: "Não é mole, não. Pedi transporte público e mandaram caveirão", em referência ao veículo blindado da polícia.

Apenas a passagem de moradores era permitida, mas transeuntes estavam revoltados com toda essa parafernália e reclamaram que são impedidos de transitar livremente pela via. No início do protesto, um deles, mais exaltado, gritou com os policiais, dizendo que as barreiras são inconstitucionais. Um PM retrucou dizendo que se tratava de um direito da polícia. Para o gaúcho Sérgio, o uso da força policial era totalmente desproporcional:

"Essa barreira infringe o direito constitucional do cidadão. Hoje, o diálogo entre o governo e a sociedade está cerceado, porque eles só agem através da repressão. Politicamente, os protestos já estão esvaziados, porém eles continuam crescendo em reação à violência do Estado. Esses policiais também deveriam se conscientizar que eles podem não obedecer o comando autoritário. Essa luta também é deles." defendeu o manifestante que já mora no Rio há sete anos.

Manifestantes pedem CPI da Delta, da Copa e do helicóptero
No Facebook, onde o ato foi convocado, os manifestantes pediam as CPIs da Delta, da Copa e do helicóptero, e a desmilitarização da Polícia, além da saída do governador e do vice, Luiz Fernando "Pezão". Para a moradora de Ipanema, Luddi Abreu, do grupo "Basta", o protesto virou questão de honra, para que "tirem esse cara daqui", como ela definiu.

Os manifestantes também gritavam contra a privatização do Maracanã, o fim da antiga sede do Museu do Índio, no Maracanã, a remoção dos índios da antiga sede do Museu do Índio, as remoções compulsórias e privatizações por conta da Copa. Em um dado momento, os presentes se sentaram para que índios que estavam protestando realizassem um ritual de dança em alusão à resistência da Aldeia Maracanã.

Forte aparato policial causa indignação
Muitos dos que passavam em frente ao local, alguns que nem pretendiam participar do protesto, se indignavam com o forte aparato policial destinado à segurança da residência do governador, enquanto muitos lugares da cidade sofrem com a falta de policiamento. Para o administrador Brunier, o sentimento é de revolta:"No centro não havia tanto policial assim. Eu chego a ter pena dos policiais, porque eles enfrentam uma jornada de trabalho desumana, para defender um bandido.", afirma o manifestante. Na mesma linha, a média Angela Tenório reclama que a "segurança é só para os belezas, enquanto o povo sofre".

Por volta das 18:40h, um princípio de confusão se armou, quando policiais circulavam no meio da manifestação e muitas pessoas os seguiam gritando palavras como "fascista" e "vergonha". Segundo pessoas próximas, tudo começou quando um policial tirou um capacete da mão de uma moça, fazendo com que manifestantes se revoltassem, até que estes PMs voltaram à barreira.

Protestos com criatividade
Muitos também usavam da criatividade para protestar. Imagens com frases contra Sérgio Cabral eram projetadas na fachada de um prédio da esquina da Aristides Espínola. Já o grupo de mulheres "Por Isso Não Provoque", confeccionou uma faixa rosa-choque e a colocou em frente às grades, simbolizando um pedido de humanização da polícia. Cláudia Rodrigues, uma das membras, explicou que cerca de 60 mulheres se uniram durante os protestos para colocar um pouco de "estrogênio nesse monte de testosterona", brincou. As principais reivindicações dela são a desmilitarização da polícia e a derrubada da PEC 99, que pretende dar poderes à associações religiosas de propor ações de constitucionalidade e inconstitucionalidade para decisões tomadas pelo STF.

Fonte: www.jb.com.br
 
Por:  Maratimba.com    |      Imprimir